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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Com o PSOL, na unidade pela luta socialista

Por Edilson Silva*
O PSOL é fruto de seu tempo e de suas circunstâncias. Tempos de inexatidão teórica e programática, de dúvidas, de incertezas, de crise de identidade da esquerda. Socialismo? Qual deles? Os franceses do NPA rearticularam-se sob a bandeira do anti-capitalismo. Sábios esses franceses!


Tenho dito para quem me pergunta sobre o futuro do PSOL que este partido é o vetor resultante, portanto possível, de um encontro não planejado. Uma espécie de pequeno barco construído em alto mar por aqueles que se atiraram heróica e corajosamente de um transatlântico chamado governo Lula. Ali, em alto mar, com pedaços soltos de idéias e raquítica musculatura militante, construímos este pequeno barco para dar suporte àqueles que não mais concordavam em seguir a viagem na nau lulo-petista.


Não tem sido fácil a convivência nesta nossa canoinha. O espaço interno é pequeno. Os fóruns para decidir a posição do leme são acalorados e polêmicos. Todos têm uma bússola melhor aferida, que não raro apontam o norte com diferença relevante. Nossa pequena embarcação tem remos, mas a depender da posição do leme, nem todos remam. Alguns só o fazem se for na direção que desejam. Duas alternativas: paciência ou prancha?! Até aqui optamos, acertadamente, sempre, pela paciência.


Apesar das dificuldades, temos conseguido ampliar nosso tamanho e construir uma cultura de convivência interna. Prova disso foi a última reunião da Executiva Nacional do PSOL. Em outros tempos a reunião não acabaria, e o barco ficaria parado em alto mar com um tiroteio interno infernal. Dirigentes do mais alto gabarito, como Plínio de Arruda, Heloisa Helena e Janira Rocha defendendo a neutralidade do PSOL e voto nulo no 2° turno. Outros dirigentes não menos gabaritados, como Ivan Valente, Chico Alencar, Milton Temer e Marcelo Freixo defendendo voto crítico na Dilma. Que fazer, diria Lênin?!


O PSOL não se dispôs a impor a nenhum de seus dirigentes e figuras públicas a camisa de força de uma resolução unilateral. Não se dispôs a não reconhecer as múltiplas realidades regionais de nosso país, as contradições presentes na conjuntura, as dinâmicas diferenciadas de construção do PSOL em cada estado.


Uma realidade tão contraditória exigia do PSOL uma resolução que apontasse um caminho que, com letras garrafais, não representasse a neutralidade, mas que da mesma forma representasse a independência de nosso partido em relação às duas candidaturas postas neste segundo turno.


Afirmar o veto à candidatura de Serra nos demarcou um campo absolutamente definido contra uma direita fundamentalista, elitista, que verbaliza suas posições mais claramente pela revista Veja e pelos editoriais e matérias indisfarçáveis dos jornalões do país.


Afirmar o voto nulo/branco como alternativa legítima do povo em protesto contra a falta de diferença substanciais entre as duas candidaturas, e a abertura de possibilidade de voto crítico em Dilma Roussef, para aqueles que, taticamente, querem acompanhar setores honestos da sociedade que ainda vêem elementos progressivos em relação à candidatura Serra, foi uma atitude de coragem e maturidade política. O PSOL, assim, preservou seu tecido interno e taticamente não fechou diálogo com importantes setores que se aproximaram de nosso projeto neste processo eleitoral.


Portanto, neste momento não há que se falar em disputa interna em base às resoluções da Executiva Nacional. Aqueles que apostam no acirramento das disputas internas, no clima de fracionamento, prestam um desserviço ao PSOL. O voto nulo está brilhantemente defendido em texto pela deputada estadual eleita do PSOL-RJ, Janira Rocha. O voto crítico em Dilma está bem defendido nos termos apresentados pelo deputado federal do PSOL-RJ, Chico Alencar, em entrevista dada logo após a reunião da Executiva Nacional. Este é o PSOL!


O PSOL tem muitas diferenças internas e estas não podem e não devem ser camufladas, até porque são parte do combustível da vida interna intensa que temos. Contudo, se não dosamos corretamente a intensidade da vida interna, podemos cair no equívoco de ver dentro do partido os principais adversários, quando estes estão lá fora.


Então, vamos todos juntos, no e com o PSOL, unidos na luta socialista!


Presidente do PSOL-PE e membro da Executiva Nacional do PSOL

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