Por Edilson Silva
No início de seu segundo mandato, o governador Eduardo Campos surpreendeu muita gente ao anunciar a criação da secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Maior surpresa foi convidar o PV e, especificamente, o líder da legenda no Estado, Sergio Xavier, para assumir a pasta.
O PV aceitou o diálogo e impôs condições razoáveis para assumir a secretaria. Mais uma vez o governador surpreendeu muita gente e aceitou as condições apresentadas pelo PV, expressas em 15 pontos amplamente divulgados. Após isto, deve ter sido o PSOL que surpreendeu muita gente ao saudar o resultado do entendimento e, mesmo na condição inequívoca de oposição, dar um voto de confiança ao futuro secretário Sergio Xavier. As razões do PSOL foram expostas em nota da sua executiva estadual.
Até a presente data a nova secretaria ainda não deu o ar de sua graça. Deve ainda estar sendo formatada, pois será iniciada do zero, terá que se acomodar política e institucionalmente no organograma do conjunto do governo. O fato da secretaria ter sido criada de “sopetão”, ajuda a compreender a dinâmica. Creio também que o fato do novo-futuro secretário não querer assumir de qualquer jeito, pois deve saber o que está em jogo, justifica plenamente o ritmo das coisas.
Contudo, nesta semana o Diário Oficial do Estado publicou a manutenção da antiga diretoria da CPRH, órgão responsável pela concessão de licenças ambientais e, obviamente, ferramenta absolutamente indispensável para o futuro secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade desenvolver suas políticas em consonância com os compromissos públicos assumidos.
Respondendo a questionamento que fiz sobre esta publicação em meu twitter, o próprio futuro secretário, Sergio Xavier, informou que ainda não tinha assumido e que seria responsável pelo meio ambiente e sustentabilidade quando efetivamente estivesse no cargo. Razoável.
Portanto, em alguns dias Pernambuco poderá saber se o governo Eduardo Campos fez de fato, ou não, uma inflexão em sua política ambiental. O histórico do governador não fala bem de seus compromissos com as gerações futuras. Homem dos transgênicos, defensor de energia nuclear, entusiasta da transposição do São Francisco, aterrador contumaz de manguezais, ou seja, um imediatista descompromissado com o futuro e sem criatividade e coragem para combinar crescimento econômico com desenvolvimento e responsabilidade sócio-ambiental.
Homem de fé que sou, preciso acreditar na possibilidade de Eduardo Campos querer fazer uma média com o meio ambiente, não pensando nas presentes e futuras gerações, é claro, mas em seu próprio futuro político, pois o governador quer ser presidente da República. Não seria mal pra ele ter uma película verde em torno de sua imagem, ter uma fatia suculenta do discurso verde que só em Pernambuco deu à Marina Silva quase 1 milhão de votos nas últimas eleições.
Então, tomara que o governador não esteja blefando, jogando o poker canalha da velha e mofada política, e tentando uma rasteira baixa e pública contra o PV e contra Sergio Xavier. A rasteira não seria apenas nestes, mas na sociedade. O tiro poderá sair pela culatra. Ainda com fé, tomara que Sergio Xavier e o PV não se disponham a jogar este poker.
Presidente do PSOL-PE
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