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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Por que Dilma Roussef correu do Nordeste?

Por Edilson Silva

Numa iniciativa inovadora e que atende aos melhores interesses dos eleitores, a TV Jornal de Pernambuco, em rede com o SBT, está promovendo um grande debate entre os presidenciáveis para discutir temas relacionados à região nordeste do país. O debate será transmitido por todas as afiliadas do SBT na região, abrangendo um público estimado em 40 milhões.


Plínio, Serra e Marina confirmaram presença. Dilma, não. Uma brutal contradição. Pois não é no nordeste que a candidata petista apresenta sua vitrine de um novo Brasil que se desenha sob o governo Lula? Não é em Pernambuco, estado onde ocorrerá o debate, que a candidata Dilma parece vir dia sim, dia não, para inaugurar supostas obras? Por que então não vir ao debate, para encurralar seus adversários?


A resposta passa por vários fatores. Um deles é a prática covarde e desrespeitosa com os eleitores por parte daqueles e daquelas que, em estando em situação mais confortável em pesquisas, viram as costas para o debate sério e cuidam única e exclusivamente do seu famigerado marketing, em que os eleitores são convidados a imbecilizarem-se, participando da eleição como um consumidor desinformado.


Mas não é só isso. Dilma perderia vindo ao debate, pois ela teria que se confrontar com o nordeste real. Como explicar a falta criminosa de saneamento básico na região? O Minha Casa Minha Vida que não sai do papel? O caos na saúde pública? Os índices alarmantes de homicídios? Como iria explicar a epidemia de crack que tomou conta do país e do nordeste em particular sob seu governo? A epidemia de dengue que voltou?


Como justificar que o estaleiro que tanto passa na televisão existe sobre a devastação dos nossos mangues e que os seus trabalhadores vivem sob condições de super-exploração, semelhantes aos padrões chineses? Como explicar que a SUDENE, que seu governo disse que reabriu, continua lacrada, uma mera peça de marketing? Como falar da refinaria cujas obras sequer passaram da terraplanagem?


Dilma teria que explicar mais. Como falar em privilegio da região nordeste em seu governo se as duas maiores obras do governo federal no nordeste, a Transposição e a Transnordestina, juntas, estão orçadas em cerca de R$ 10 bilhões, o que representa 1/4 dos investimentos numa única obra no sudeste, o Trem Bala, que está orçado próximo de R$ 40 bilhões?


Ainda sobre as principais obras, como ela explicaria que um contrato de R$ 5 bilhões foi feito sem licitação, para favorecer uma concessionária privada inadimplente com o Estado, para construir a ferrovia Transnordestina? E como explicar que as obras de transposição das águas do Rio São Francisco estão sendo feitas sem a realização das obras de revitalização do rio, um compromisso do governo diante do clamor da sociedade para manter o Velho Chico vivo?


É, pensando bem, Dilma tinha motivos para correr de um debate sério sobre o Nordeste. O Bolsa-família é bom, mas insuficiente quando se pretende discutir a construção de um presente e um futuro digno para o nosso povo.

Presidente do PSOL-PE e candidato ao governo de Pernambuco

3 comentários:

  1. Pare insistir nessa história de Encontrar com Eduardo no HR use o seu tempo para mostra algo de concreto, uma proposta coerente com a realidade

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  2. Parabéns candidato, vou confiar-lhe o meu voto. Assisti algumas entrevistas suas e pude avaliar sua capacidade de governar Pernambuco.

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  3. Você acha que com esse seu curriculum: militância como secundarista, presidindo o grêmio da Escola Técnica,ingressou na ex-RFFSA, na manutenção de locomotivas, dirigente sindical dos Ferroviários de Tubarão (SC), dos Ferroviários do Nordeste, da Federação Nacional da categoria e da CUT, Coordenador do MNU – Movimento Negro Unificado, etc. Alem de pular de galho em galhop PT, PSTU e agora P-SOL. Pq o senhor não tenta um cargo um pouco menor, vereador ou até Deputado Estadual? O senhor não seria um Candidato Laranja?

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