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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Parada da diversidade e políticos fantasiados

Edilson na Parada da Diversidade 2010


Por Edilson Silva


Nossa candidatura esteve na Parada da Diversidade, na orla de Boa Viagem. Levamos alguns panfletos, nossas idéias e nossa coragem de dialogar cara a cara com a população. Fomos lá fazer campanha eleitoral sim, pedir votos para o projeto de organização social que defendemos.
No panfletinho monocromático que distribuímos, rodado numa máquina fotocopiadora, colocamos os nossos compromissos com quatro pontos que achamos fundamentais neste âmbito: a) defesa de um estado laico; b) apoio integral ao PNDH3 (Programa Nacional de Direitos Humanos); c) defesa da união civil entre pessoas do mesmo sexo; e d) criminalização da homofobia.
Estes quatro pontos giram em torno de algo que em nossa visão deve ser um princípio intocável: todos os cidadãos e cidadãs, de qualquer etnia, idade, região do país, gênero, orientação sexual, de qualquer religião ou outra característica particular que se apresente, deve ter seus direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais plenamente respeitados e o estado deve ser o guardião jurídico na defesa desses direitos.
Assim que chegamos à orla, no entanto, notamos uma imensidão de bandeiras de partidos e políticos, todos “apoiando” a Parada da Diversidade. Do alto de um enorme trio elétrico, um dos organizadores chamava a população a votar nos candidatos comprometidos com as reivindicações do movimento.
Tudo muito bom, não fosse o fato de muitos dos políticos e partidos que estavam ali “apoiando” a parada da diversidade tratarem a maior manifestação política da população LGBTT no estado como uma tarde de carnaval, um momento de fantasia, e mais uma oportunidade de amealhar votos. Somente.
Alguns poucos exemplos são suficientes para vermos as contradições. Estão contidos no PNDH3 (Programa Nacional de Direitos Humanos) importantes avanços em relação à população LGBTT, fruto inclusive da 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, realizada em 2008. Desde o final de 2009, há um decreto do governo federal que aguarda a adesão do governo Eduardo Campos a este programa e até agora nada. No entanto, havia farto material do governador-candidato na Parada da Diversidade defendendo a diversidade. Porque até agora não aderiu ao PNDH3, então?
Outra forte contradição: em 2008 o governo brasileiro celebrou acordo com o Vaticano, aprovado no Congresso Nacional, dando largos passos para trás na consolidação do Estado brasileiro como uma instituição laica. A partir deste acordo, dentre outros aspectos, o ensino dos dogmas católicos foram reinseridos formalmente na educação pública.
Para piorar o acordo, a bancada evangélica barganhou os mesmos direitos que a igreja católica, e tanto o governo quanto a sua bancada no Congresso Nacional cederam a favor deste absurdo. Um brutal retrocesso que pode ter incidência cultural de profundidade contra os direitos de milhões de brasileiros e brasileiras. Somente a bancada do PSOL no Congresso fechou questão contra este acordo.
Então, a população LGBTT, em tempos eleitorais, recebe a adesão de políticos que “vestem” a fantasia de apoio somente em dias de festa e na discussão de temas do varejo da política, porém, nos temas de grosso calibre, que estruturam um estado democrático de direito para todos os cidadãos e cidadãs, fazem alianças com o que existe de mais conservador na sociedade.


Presidente do PSOL-PE e candidato ao governo do Estado

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