Por Edilson Silva
Já virou lugar comum falar-se nestes tempos de uma combinação de crises: econômica, ambiental, social, política, energética, ética. O filósofo e professor da USP Wladimir Safatle, em excelente texto escrito por estes dias em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, e que reproduzi em meu blog (http://edilsonpsol.blogspot.com/2011/11/verdadeira-crise.html ), nos traz mais uma visão ou dimensão (ou seria consequência?) das crises simultâneas que vivemos: a crise psicológica global. Safatle nos remete aos fenômenos do Renascimento e da Reforma Protestante para dar-nos uma melhor noção da potencial profundidade da crise pela qual estamos passando.
Sobre este momento histórico, está cada dia mais nítido que o componente econômico desta verdadeira crise civilizacional é um dos elementos propulsores centrais do fenômeno: da primavera árabe, passando pelos enfrentamentos sociais na Europa e chegando ao movimento “ocupar Wall Street”, nos Estados Unidos. A síntese mais concreta destas mobilizações populares, contudo, traz uma fusão, mesmo que ainda fluida, da crítica econômica com a crítica política: bem estar social e estabilidade econômica são incompatíveis com uma falsa democracia e falta de liberdade. A conclusão que vai se afirmando cada dia com mais força é que a supremacia do mercado capitalista não dá conta de equilibrar estes valores, abrindo então uma brutal crise de paradigmas. O “muro de Berlim” imaginário do capitalismo, que já balançava há décadas, parece mesmo ter ido ao chão.
É dentro desta moldura que no Brasil o ainda minoritário PSOL – Partido Socialismo e Liberdade -, vai se firmando como parte fundamental de uma construção alternativa às velhas formas de se fazer política. O PSOL é um partido jovem, com apenas seis anos de legalização, mas que já se apresenta para a sociedade como uma semente saudável plantada no terreno árido e perverso da política brasileira, buscando com coragem e coerência dialogar com a nova consciência social que vai se forjando gradativamente na sociedade globalizada que vivemos.
Certamente é por conta desta construção que recentemente os poucos e aguerridos parlamentares federais do PSOL foram destaque no prêmio concedido pelo Congresso em Foco. Imprensa especializada e público, através da internet, deram ao deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) a distinção de melhor deputado de 2011 – prêmio que ele já havia alcançado em 2010. Chico foi seguido de perto pelo também deputado fluminense Jean Wyllys (PSOL-RJ), que ficou em segundo lugar. Em quarto lugar veio o também psolista Ivan Valente (PSOL-SP). Detalhe: o PSOL só tem três deputados federais. No senado, o jovem senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) também ficou entre os melhores e mais atuantes.
Também recentemente o deputado estadual do PSOL-RJ, Marcelo Freixo, ganhou mais notoriedade nacional por sua luta contra as milícias que atuam no Rio de Janeiro. Presidente da CPI das Milícias na ALERJ (Assembleia Legislativa do RJ), seu trabalho levou dezenas de bandidos de farda e sem farda para a cadeia. Por conta de sua luta, está ameaçado de morte há muito tempo e vive 24 horas por dia cercado de seguranças. Como as ameaças intensificaram-se nas últimas semanas, está se transferindo temporariamente para a Europa, protegido pela Anistia Internacional, até que sua segurança e de sua família sejam reorganizadas.
Em maior ou menor escala de visibilidade, a militância do PSOL se faz presente no cotidiano da resistência do povo brasileiro. Seja no Congresso Nacional, seja em Assembleias Legislativas, como a deputada Janira Rocha no Rio de Janeiro, em Câmaras de Vereadores, como a aguerrida e incansável Heloisa Helena em Maceió, ou na luta popular de nossa gente, no movimento sindical, estudantil, junto à juventude, em defesa da educação, da saúde, do meio ambiente, contra a corrupção, em defesa de uma nova democracia. Onde tem alguma luta justa de nossa gente, pode ter certeza, ali está o PSOL, se não diretamente, mas prestando sua irrestrita solidariedade e apostando suas energias na construção de uma sociedade baseada nos valores e princípios socialistas.
É por isso que dizemos que o PSOL é um partido necessário na política brasileira, ao mesmo tempo em que afirmamos que as expectativas dos setores que se movimentam na sociedade em busca de alternativas para os graves problemas sociais e ambientais que vivemos, não serão supridas única e exclusivamente no universo da luta partidária e muito menos terão num único partido político seu leito natural. O desafio que está colocado nesta quadra histórica é a construção de frentes sociais e políticas baseadas em princípios e valores, como a ética, o humanismo, o planejamento solidário, liberdade, igualdade e democracia. O PSOL é um partido entusiasta de que podemos sim construir um futuro melhor que o presente.
Presidente do PSOL-PE e membro da sua Direção Executiva Nacional
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