Por Edilson Silva
Quando Marina Silva saiu do PT e resolveu ingressar no PV, há cerca de dois anos, fui um dos que saudaram seu movimento como algo muito positivo na conjuntura política brasileira. Na condição de presidente do PSOL em Pernambuco, prestigiei sua primeira visita ao estado na condição de nova filiada ao PV, quando esta propagava a refundação da sigla verde.
Mais tarde, quando de sua pré-candidatura à presidência já definida, fui um dos maiores defensores, dentro do PSOL, de uma aproximação com sua candidatura, propondo estabelecer entre as legendas um debate político-programático. Como é do conhecimento geral, as negociações programáticas não avançaram e Marina saiu candidata sem aliança com o PSOL, que por sua vez lançou outra candidatura. Marina, com uma votação surpreendente, apresentou-se e foi interpretada pelo país como uma perspectiva do novo e da mudança.
Dois foram os fatores principais que não permitiram que as conversas com a candidatura de Marina fossem adiante. O primeiro, talvez o principal, foi a não disposição de se avançar no debate sobre a política econômica praticada em essência por FHC e Lula, que privilegia de forma absolutamente desproporcional o capital financeiro. O segundo fator foi o apego do PV, então partido de Marina, à velha política. A aliança de Gabeira, então candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PV, com o PSDB do então candidato à presidência José Serra, selou a simbologia das contradições que estavam colocadas para uma unidade naquele momento.
Se quando saiu do PT Marina agregou ao seu capital político a marca da coerência em relação ao seu compromisso com desenvolvimento sustentável, com a defesa do meio ambiente, e também com a ética, pois dos petistas históricos que ocuparam ministérios foi das únicas que não se envolveu em escândalos, agora sua saída do PV lhe confere mais um valor: a defesa de outra democracia contra a velha política. Com isso, Marina se desfaz de uma terrível contradição que lhe perseguia, pois o PV há tempos já havia se tornado um partido fisiológico, velho, alugado em vários estados, chafurdando no que de pior existe na política brasileira.
Com esta movimentação, saindo do PV, com o discurso que está fazendo, Marina coloca-se em harmonia com um sentimento popular que ultrapassa fronteiras contra o monopólio da política dos partidos e suas elites carcomidas, o movimento que ocupa praças e ruas no norte da África, na Europa, e também nas incontáveis passeatas pelo Brasil.
Ao tornar-se uma grande referência nacional na defesa de um outro padrão de desenvolvimento e crescimento econômico, ambientalmente sustentável - como o fez na luta do Código Florestal, e agora agregando a isto a luta contra o regime pseudo-democrático apodrecido das elites do país, Marina se aproxima muito de fechar uma triangulação programática inescapável para quaisquer forças políticas que queiram realmente mudar nosso país em favor das maiorias excluídas, das minorias oprimidas e em desa do meio ambiente.
Esta triangulação se fecha com conclusões mínimas a respeito de outra política economia. Outro padrão de crescimento e desenvolvimento, assim como outro regime político, participativo, ético, transparente, são incompatíveis com um orçamento público seqüestrado pelo capital financeiro especulativo, que leva por baixo, todos os anos, mais de 35% de todo o orçamento, cifras sempre superiores a R$ 350 Bilhões anuais.
São estes recursos que estão fazendo falta para se estabelecer 10% do PIB para a educação; para se aprovar a Emenda 29 que pretende ao menos duplicar os recursos para a saúde pública; para se constituir um piso nacional dos policiais militares (PEC 300); para habitação, saneamento, reforma agrária, cuidados com nossos biomas, etc. Enfim, são estes recursos que faltam para se iniciar uma virada real e estrutural no país.
Assim como Marina Silva concluiu que o governo do PT não lhe cabia, e depois concluiu rapidamente que o PV não lhe cabia, espero sinceramente que ela também conclua que não cabem desenvolvimento sustentável e um novo jeito de fazer política dentro de um modelo econômico que privilegia um punhado de especuladores, que assaltam os cofres públicos com ferocidade criminosa e o silêncio e a cumplicidade covardes dos governos de plantão.
Presidente do PSOL-PE e membro de sua Executiva Nacional
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Marina saiu do PT e “agregou ao seu capital político a marca da coerência em relação ao seu compromisso com desenvolvimento sustentável, com a defesa do meio ambiente”…
ResponderExcluirFoi para o PV e serviu aos demotucanos dividindo parte do eleitorado que acreditava nela, o que ficou evidente quando não tomou partido no 2º TURNO, mostrando que na verdade não passava de uma LARANJA VERDE!
E agora que a LARANJA VERDE apodreceu ela quer posar de “idealista bacaninha”.
Será que o dono da NATURA vai bancar a fundação de um partido?
E quantos polícos terão coragem de seguir um novo partido de quem não tem nem densidade no seu estado (ACRE)?
Por que não a convida para o PSOL? ah! esqueci, já tem uma Heloísa Helena…
Ela é a Bláblárina, como já foi muito bem adjetivada, fala, fala e não diz nada. Não sei se ela é uma “inocente útil” ou é já é uma vendida
Do ponto de vista ADMINISTRATIVO, todo aquele que se propõe a ser gestor tem que tomar decisões e diz-se que “é preferível errar por ação do que por omissão”.
Do ponto de vista RELIGIOSO, a Parábola dos Talentos exemplifica e tipifica a atitude de “neutralidade” da Marina como está citado em Mateus 25:18 – “Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor”.
Ou seja, aquele homem pensou que enterrando o talento recebido, ficaria neutro e não precisaria nem se desculpar em relação a seu senhor.
Ele entenderia sua preferência pela neutralidade e não cobraria dele o não uso do talento, afinal, era só um, e não faria falta a seu senhor.
Mas neutralidade, “murismo”, indecisão são coisas que estão fora do dicionário divino.
Quem assim procede, mais cedo ou mais tarde irá atrair para si a ira do Senhor.
E por último o ponto de vista POÉTICO, muito bem descrito na música Menino, de Milton Nascimento e muito bem interpretada por Elis Regina, em homenagem ao estudante Edson Luis assassinado em 1968 no restaurante Calabouço.
Para Marina, deixo parte dos versos da música:
“Quem cala sobre teu corpo
Consente na tua morte
Talhada a ferro e fogo
Nas profundezas do corte
Que a bala riscou no peito
Quem cala morre contigo
Mais morto que estás agora…”
FICA PRA SEMPRE EM CIMA DO MURO MARINA E VÊ SE NOS ESQUECE COVARDE!