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sexta-feira, 5 de abril de 2013

PEC das domésticas: avança a luta feminista


 
Por Edilson Silva

Fiquei impressionado, mas não tão surpreso, com a repercussão da aprovação da nova legislação que disciplina o trabalho doméstico no Brasil. Uma classe média (é média mesmo?) apavorada demorou a sentir a ficha cair. Tínhamos no Brasil uma situação absolutamente descabida, duas categorias de trabalhadores. Com a isonomia alcançada pelos trabalhadores domésticos, em português claro, domésticas, faxineiras e babás, esta situação começa a ser resolvida.

A gritaria é porque as famílias não terão como se adaptar. Pois bem, até aqui quem teve que se adaptar foram as domésticas. “Ah, mas eu chego tarde em casa e meu filho vai ficar com quem?”. Sim, e o filho da doméstica, fica com quem? Cansei de ver sindicalistas lutarem muito por direitos de suas categorias, mas mantinham em suas casas trabalhadoras, não raro negras, em situação de extrema precariedade.

A nova legislação das domésticas trará, oxalá, uma nova percepção para a sociedade brasileira, para os milhões de trabalhadores que exploram em suas casas outros trabalhadores, a necessidade de se tratar de creches públicas, de lavanderias públicas e outros serviços antes obtidos da pior forma. O deleite liberal de “comprar” estes serviços num mercado praticamente informal sofreu num duro golpe.

A realidade que muitas famílias sofrerão a partir de agora é o drama diário de milhões de mães brasileiras, pobres, que tem que deixar seus filhos menores com os filhos maiores em casa, para poder trabalhar, fazer faxina. A luta destas mães pobres, por creches decentes para seus filhos, será também agora a luta das mães de classe média ou menos pobres. A emancipação plena da mulher não pode admitir que a emancipação de uma se dê pisoteando os direitos de outra.

A aprovação da PEC das domésticas foi uma segunda abolição da escravatura no Brasil.

Presidente do PSOL PE

 

 

 

 

 

 

 

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