Por Edilson Silva
Desde que Pernambuco foi colocado como possibilidade para a instalação de um complexo de usinas nucleares, o PSOL colocou com mais força esta questão em sua pauta política. Por conta disto, em nossa recente campanha ao governo do estado, nossa candidatura foi a única a fazer programas televisivos (nos poucos segundos que tínhamos) para denunciar a instalação silenciosa e ilegal destas usinas em nosso estado, oportunidade em que defendíamos, como ainda defendemos, uma consulta direta, via plebiscito ou referendo, para decidir de forma democrática esta tema.
Há poucas semanas, após a definição de Itacoruba, cidade pernambucana às margens do Rio São Francisco, como prioridade desta instalação, publicamos um artigo (http://edilsonpsol.blogspot.com/2011/02/usina-nuclear-em-pernambuco-estupidez.html) insistindo no assunto, chamando de estupidez instalar estas usinas num estado rico em fontes alternativas e renováveis como o nosso. No referido artigo, elencamos ainda outros fatores contrários a esta instalação, inclusive a sua inconstitucionalidade.
Com os tristes eventos que ocorrem no Japão, terremotos seguidos de tsunami e os gravíssimos incidentes nucleares – uma conseqüência trágica que desnudou os limites tecnológicos no trato da energia nuclear -, o uso deste combustível em larga escala, mesmo para fins pacíficos, recolocou com força a questão nuclear na pauta política do mundo. Países da Europa, onde esta fonte é largamente utilizada, estão rediscutindo o futuro das fontes nucleares para geração de energia elétrica. Jogo político ou não, o assunto saiu dos gabinetes.
Infelizmente, mas de forma muito previsível, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, mesmo com a agonia e a catástrofe nuclear que se anuncia no Japão, afirma que o Brasil não repensará seus planos nucleares. Segundo ele, acidentes acontecem em qualquer atividade. O problema é que as conseqüências de um acidente nuclear podem durar séculos, podem ser irreparáveis para as presentes e futuras gerações. Vale a pena realmente correr este risco¿ Esta resposta não deve ficar nas mãos de meia dúzia de políticos, empresários e jornalistas interesseiros.
Apesar da fala do ministro, o fato é que este debate internacional chegou ao Brasil. Melhor ainda: chegou a Pernambuco. O grito ensurdecedor da natureza inquietou, se não honestamente, pelo menos em discursos, vários parlamentares e incontáveis reportagens nos meios de comunicação. A opinião pública volta seus olhos para este grave tema.
Longe de acharmos que se trata de questão de fácil solução, colocamo-nos entre aqueles que não são, a priori e por princípio, contrários à produção de energia elétrica a partir de combustível nuclear. Contudo, reivindicamos a primorosa redação que está inserida em nossa Constituição Estadual. Este combustível só deve ser considerado em último caso, quando todas as outras alternativas estiverem absolutamente esgotadas.
Neste sentido, mas numa perspectiva socialista, portanto de primazia do planejamento estratégico subordinado à busca do desenvolvimento social – que é bastante distinto de crescimento econômico puro e simples, irresponsável, como pensa e pratica o governador Eduardo Campos até aqui -, temos insistido na hipótese de se repensar o processo linear e crescente de consumo e produção na atualidade.
Entendemos que a tese da inevitabilidade do aumento permanente da demanda por mais energia elétrica tem muito de artificialidade e interesses econômicos mesquinhos, mas poderosos, embutidos. Devemos e podemos, com a pressa necessária e possível, colocar na planilha da relação custo-benefício das opções econômicas a sustentabilidade sócio-ambiental, a capacidade de nosso planeta suportar tamanha devastação e, consequentemente, a capacidade da própria sociedade humana conseguir sobreviver em patamares razoáveis diante de tamanhas metamorfoses que o planeta já acusa.
Dizer não às usinas nucleares em Pernambuco é um primeiro passo importante nesta inflexão, um passo que está ao nosso alcance. É dizer sim à mudança da lógica perversa do mercado capitalista. É dizer sim à vida, sim às maiorias, sim ao equilíbrio homem-natureza.
O PSOL, com as honestas e honradas forças que tem, está lutando e fazendo a sua parte. Você que está lendo este artigo pode certamente contribuir. Mande e-mails, cobre de seu vereador, deputado, senador, fale com seu vizinho, amigo, colega de escola, coloque no seu blog, twitter, facebook, Orkut, ou outras redes, fale na rádio e outros veículos de comunicação que você tem acesso. Este debate não pode ficar circunscrito aos corredores do poder. O povo deve participar!
Presidente do PSOL-PE
Twitter www.twitter.com/EdilsonPSOL
Blog www.edilsonpsolblogspot.com
OLá Edilson!
ResponderExcluirConcordo com o seu ponto de vista. Temos uma diversidade incrível de recursos naturais e não podemos optar por uma alternativa nuclear. Essa não é uma decisão só nossa. Devemos pensar no legado que deixaremos para próximas gerações, tendo em vista que um acidente nuclear, como os que já aconteceram no Japão e na Europa, colocam em risco a saúde das pessoas durante décadas.
Gosto do seu posicionamento não só em relação a energia, mas também em relação a privatização descarada da saúde pública.
Acho que vc deveria colocar link do facebook aqui, para ter os seus textos mais divulgados.
abç!
Bruno
bcesars@hotmail.com