Por Edilson Silva
As recentes greves de policiais militares na Bahia e Rio de Janeiro colocaram o PSOL em certa evidência como partido político que apóia as lutas desta categoria. Paralelo a isto, numa jogada midiática manjada, mas que sempre seduz desavisados, elites arcaicas insistem na tese da “politização” das greves, como se organizações partidárias não tivessem legitimidade para apoiar diretamente as mobilizações e como se as categorias não tivessem o direito de se organizar politicamente para alcançar suas reivindicações.
O PSOL apóia as mobilizações dos PMs, sobretudo, por entender que suas reivindicações, além de justas, extrapolam em muito uma questão meramente corporativa. Os PMs são os operadores da segurança pública e não podem estar submetidos a um regime de trabalho desumano e com salários aviltantes. Esta situação precária recai sobre o conjunto da sociedade. Como teremos uma polícia cidadã, bem formada, qualificada, respeitosa por princípio aos direitos humanos, para servir ao público, se recrutamos cidadãos para receber um salário baixíssimo e trabalhar em péssimas condições neste polícia¿
É por entender a gravidade e a profundidade da questão que o PSOL contribui na organização das demandas nacionais desta categoria. Nossos parlamentares federais e nos estados são entusiastas da PEC 300, uma proposta de emenda à Constituição que estabelece um piso nacional para os policiais militares e que já tramita em fase adiantada no Congresso, porém está parada por desinteresse dos governadores e do governo federal.
A categoria dos PMs, por sua vez, vem há anos mobilizando-se, com caravanas à Brasília, atos nos estados, pressão sobre os parlamentares, para ver esta sua reivindicação nacional atendida. Há uma bem organizada articulação nacional em torno da PEC 300. Portanto, nada mais falso e hipócrita tentar chocar a opinião pública com a “novidade” de que os PMs atuam de forma nacional, solidarizando-se em seus movimentos, apoiando-se mutuamente. É preferível e absolutamente saudável ver os policiais militares se organizando sindicalmente para melhorar suas condições salariais e de trabalho, do que vê-los buscando caminhos “liberais” de solução, como milícias, bicos de toda ordem ou associação com práticas delituosas. Quando vemos um policial em greve, pode apostar, ele pertence à grande maioria que quer viver dignamente com seu salário, ganho honestamente.
O governo, a grande mídia – que na verdade são grandes empresas -, querem criminalizar o movimento dos PMs – assim como o fazem com todos os que têm comportamento desviante da passividade mórbida que tanto lhes agrada -, associando-os a práticas de vandalismo. Os excessos que por ventura venham a ser praticados em momentos como estes devem sim ser investigados e tratados como tal, contudo, deve-se respeitar as garantias constitucionais democráticas e fundamentais que todos os cidadãos, indistintamente, têm asseguradas. Não é o que vemos nestes dias.
O PSOL tem lado certo quando o assunto é defender os justos interesses das maiorias. Estamos juntos com os PMs defendendo melhores salários, redução da jornada de trabalho, melhores condições de trabalho e liberdade para organização política e sindical.
*Secretário Geral Nacional do PSOL e presidente da legenda em Pernambuco
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