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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

“A Privataria tucana” e a “A Bravataria Petista”


Por Edilson Silva

E eu pensei que o conteúdo de “A Privataria Tucana”, livro lançado recentemente pelo jornalista Amaury Ribeiro Junior, trouxesse algo de novo, tamanha a repercussão, sobretudo nas redes sociais. Nada disso. O livro é uma apresentação requentada daquilo que sempre se soube. As privatizações neste país, passando por Collor, FHC e chegando a Lula, e agora com Dilma, foram e são atentados às leis e à nossa República.

Quem acompanha a política mais de perto viu o que foi a CPI do Banestado, base do livro em questão, e já naquela época a cúpula do PT fez com o governo de plantão o que o PSDB faz com o governo de hoje: leva as denúncias somente ao limite do desgaste eleitoral. A questão não é evitar o roubo ao erário, mas mudar as mãos de quem opera o crime.

O tal livro, portanto, não traz grandes novidades, mas apenas tem o dom de refrescar a memória da população, dar algum tipo de munição para a claque governista contra a oposição e mesclar a pauta sobre os governistas. Neste sentido, o objetivo já foi atingido. O ministro Pimentel, o pino da vez no boliche previsível que se tornou as denúncias de corrupção, divide as atenções no tema corrupção nestes dias com “A Privataria Tucana” e deve sobreviver a 2011, pelo menos.

Desde que a presidente Dilma assumiu, seu governo está com uma pauta negativa. Escândalos sobre escândalos, ministros caindo mês sim, mês não. A oposição direitista e sem moral para tanto, capitaneada pelo PSDB e DEM, parece ter achado um flanco frágil para concentrar suas baterias e obter gordos resultados. Os governistas, leia-se cúpula do PT, resolveram reagir afirmando o seguinte: “aqui no governo todo mundo foi corrupto, é corrupto e será corrupto, e agora é a nossa vez!”. Como diz a minha amiga Heloisa Helena, conjugam o verbo roubar em todos os tempos possíveis e até inimagináveis. O termo quadrilha, como qualificado no Código Penal, utilizado por um ministro do STF para se referir a parte do que tratamos aqui, não foi um exagero.

Seria bom mesmo que o senador petista Humberto Costa estivesse sendo sincero ao pedir da tribuna do Senado a investigação sobre as privatizações no período do governo do PSDB. Hoje o senador tem a maioria governista que não tinha à época. Quem sabe volte assim à pauta a privatização da Cia Vale do Rio Doce, a investigação conseqüente da origem dos negócios e da fortuna de Daniel Dantas, de Eike Batista, os incentivos descabidos do BNDES para grandes grupos empresariais – uma forma disfarçada de privatizar os recursos púbicos e agradar aos amigos do poder. Mas o final deste enredo é sabido. É só “A Bravataria Petista” para amainar o fogo adversário.

Presidente do PSOL-PE
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