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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

PSOL Surubim faz confraternização

No dia 19/12 o PSOL/Surubim, no agreste, organizou uma feijoada para concluir o ano de 2010. O presidente do PSOL/PE, Edilson Silva compareceu ao evento. Na foto, Edilson com Edier Sabino e Paulinho do Cartório, lideranças locais do PSOL.


PSOL em Porto de Galinhas

No último dia 18/12 o PSOL aportou com força em Porto de Galinhas. Capitaneados pela ambientalista Fabiana Honório e com a presença do presidente do PSOL/PE, Edilson Silva, e de Franquelino, deputado federal mais votado do PSOL em 2010, importantes lideranças e jovens reuniram-se para debater a organização do partido no município de Ipojuca. No próximo dia 22/01 está marcado curso de fomação política com a turma toda. 

NOTA DA EXECUTIVA ESTADUAL DO PSOL/PE SOBRE PARTICIPAÇÃO DO PV NO GOVERNO EDUARDO CAMPOS

Acompanhamos pela imprensa as movimentações envolvendo o Partido Verde e o novo governo estadual de Eduardo Campos. Diante da opção da direção do PV-PE de iniciar um processo de ingresso deste partido no secretariado do governo estadual, ponderamos o que segue:
1- O PV recebeu do povo pernambucano importantes votações para a presidência da República, com Marina Silva, para o governo do estado, com Sergio Xavier, e para o senado, com Renê Patriota. Na avaliação do PSOL, apesar das críticas naturais que temos, razão inclusive de nossa não aliança em 2010, o PV fez uma bonita campanha, debatendo idéias importantes, propagando a necessidade de mudanças no jeito de tratar a política e recebendo da população um importante respaldo;


2- Em nossa modesta avaliação, entendíamos que o PV, pela proposta apresentada por Marina Silva e Sergio Xavier, iria manter sua independência em relação aos governos Dilma Roussef e Eduardo Campos, em função destes governos já terem definido uma pauta ambiental distinta daquela que sabemos ser a mais adequada ao desenvolvimento sustentável defendido pelos ambientalistas honestos. Entendíamos, e ainda entendemos, que o PV e seus quadros tinham e têm papel importante a cumprir no âmbito da organização de uma fiscalização e oposição parlamentar, institucional e popular, ambiente onde devem encontrar-se o PSOL, lideranças partidárias independentes, movimentos sociais, ambientalistas, o Ministério Público, órgãos de fiscalização e outros atores que devem somar-se ao esforço para evitar que o crescimento econômica seja sinônimo de devastação ambiental;


3- Na medida em que o PV ingressa no governo estadual não há debate programático sendo feito, não há uma síntese de programas, mas o respaldo a um governo que já optou por um determinado modelo de crescimento e que busca em sua nova fase legitimar um de seus maiores passivos políticos: o ambiental. O ingresso do PV no governo dará coloração verde à não revitalização do Rio São Francisco, ao desmatamento dos manguezais de Suape, à instalação de uma usina nuclear às margens do Rio São Francisco. Em suma, o PV no governo Eduardo Campos cumprirá o mesmo papel de Marina Silva no governo Lula, ou seja, mesmo que honestamente, estarão respaldando projetos que poderiam ser barrados ou rediscutidos de forma estrutural se tivéssemos uma Marina Silva do lado de fora do governo, e não lá dentro;


4- Ponderamos ao PV, publicamente, que reflita sobre a sua posição e mantenha-se num campo independente, realizando uma oposição responsável, criativa, articulada com a sociedade civil e demais forças que devem unir-se do lado de fora do governo para fiscalizá-lo e cobrá-lo onde for deficiente, papel que o PSOL, com todas as suas conhecidas deficiências, buscará cumprir de maneira honesta e honrosa.


Recife, 29 de Dezembro de 2010


Executiva Estadual do PSOL/PE

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Economia e política na fila do caixa eletrônico

Por Edilson Silva

Neste final de ano reencontrei um companheiro, ex-dirigente sindical, conhecido de longa data, que há tempos não via. Encontramo-nos, por acaso, numa fila de caixa eletrônico num shopping. Como acontece quase sempre comigo, as pessoas puxam assuntos ligados à política. Após os cumprimentos, ele passou a criticar as opções da população no processo eleitoral, dizendo que o povo não tinha consciência do voto.


Retruquei-o, sacando uma máxima marxista: é a existência que determina a consciência. Pedi a ele que observasse bem à sua volta, o shopping lotado, filas nos caixas eletrônicos, nas escadas rolantes, pessoas com sacolas, filas no estacionamento, o consumo em alta e a economia girando. Puxei-o para perceber que são estes fatores que determinam a consciência política resultante e hegemônica numa sociedade.


Lembrei a ele que durante a ditadura militar mais recente no Brasil, enquanto a economia encontrava-se estável, gerando empregos e adubando otimismo na população, a sua grande maioria não queria saber se tinha ou não democracia, se tinha ou não seres humanos sendo assassinados e brutalizados em rituais de tortura por agentes do estado.


A ditadura só começou a ser questionada com força transformadora quando a grave crise internacional do petróleo atingiu em cheio a economia e particularmente a indústria automobilística brasileira, localizada no ABC paulista. Aqueles operários metalúrgicos que enfrentaram o Estado armado e um regime que impedia greves não lutavam contra uma ditadura, mas pelos seus empregos e salários.


Isto não significa dizer que a luta contra a ditadura empreendida por Dom Helder, Gregório Bezerra, Mariguela, Lamarca e tantos outros como os democratas históricos oriundos do antigo MDB, foi em vão. Pelo contrário, foi a soma das duas resistências, combinada com outros fatores, que permitiu um salto de qualidade na organização da democracia que vivemos hoje.


Avancei um pouco e tracei para o meu companheiro um paralelo entre o que acontece hoje em Pernambuco, via Pólo de Suape, com o que aconteceu na Bahia a partir de 1978, via Pólo Petroquímico de Camaçari, na região metropolitana de Salvador. Aqueles investimentos, que como aqui também receberam ao longo do tempo um sistema de montagem de automóveis, a Ford, deram musculatura política nacional ao então governador baiano e, como aqui, mas via eleição indireta, deram-lhe também uma reeleição. O então governador baiano em 1978 chamava-se Antônio Carlos Magalhães, vulgo ACM, que dispensa maiores apresentações. Ironia do destino ou coerência estratégica do capital, tanto em 1978 quanto em 2010, a economia internacional vivia uma grave crise.


Então, se o pólo de Camaçari deu votos e um poder quase absoluto a um político truculento como ACM, criando na Bahia o fenômeno do “Carlismo”, permitindo-lhe inclusive sonhar com a presidência da República para o filho, Luis Eduardo - de triste fim-, porque Suape não daria reeleição, musculatura política nacional e outros poderes ao jovem governador Eduardo Campos, que, admitamos, é de longe mais simpático e palatável que ACM¿


Meu velho companheiro então insistiu: “mas temos o pior salário da educação pública do Brasil, a saúde pública um caos, transporte público uma vergonha, o aquecimento global já nos atinge... será que o povo não tá vendo isso¿” Insisti também, dizendo a ele que o capitalismo tem a magia de dialogar fundo com nosso individualismo e adormecer nossos instintos coletivos, que chamo particularmente de razão.


Na medida em que se tem sensação de mobilidade social, de capacidade de consumo individual, tem-se também a perspectiva de comprar os serviços e condições de vida que deveriam ser públicos e coletivos: o problema da educação pode-se resolver colocando os filhos em escola particular; sobre a saúde, pode-se fazer um plano de saúde privado; sobre os transportes, pode-se comprar um carro ou uma moto; sobre o aquecimento global, pode-se comprar ar-condicionado para a casa e o carro, etc.


Pronto, assim se resolveria o problema sob a ótica e lógica liberal-individualista do capital na consciência de grande parte das pessoas. É uma espécie de privatização que parte da intimidade das pessoas para o seu mundo exterior, de dentro para fora dos indivíduos.


Meu velho companheiro, meio desanimado, já pensava em desistir: “então este negócio de ética na política, socialismo, democracia e liberdade é uma grande balela¿!”. Já chegando na minha vez de ir ao caixa disse-lhe então que deveríamos ter fé na humanidade e no avanço do processo civilizatório, pois esta mesma humanidade que deixa exalar de si esta essência liberal-individualista em certos momentos contra a coletividade, é a mesma que fez a Revolução Francesa, que aboliu a escravidão, que fez a revolução Russa e Cubana e tantas outras, a mesma que derrotou o nazi-fascismo, a mesma que derrotou a ditadura no Brasil e é capaz de tantas coisas fantásticas, como a arte.

Afirmei-lhe, ainda, que sempre acreditei que a humanidade gosta da paz, do belo, da felicidade e da alegria, e não se harmonizará com a barbárie inevitável que o capitalismo selvagem reserva para a grande maioria dos seres humanos, e que com fé, esperança, princípios e perseverança, vamos avançar. Desejei-lhe um feliz 2011 e nos despedimos.¬


Presidente do PSOL-PE





Animus lucrandi descarado na política

Por Edilson Silva
Esta semana o Brasil foi solapado mais uma vez com a notícia vinda de Brasília sobre o aumento de 62% que os deputados deram a si mesmos. O aumento vai ladeira a baixo, por força de “gravidade”, passando pelas assembléias estaduais e chegando às câmaras municipais, pois estas têm nos salários do legislativo federal a referência legal. Alguma dúvida se esta referência será utilizada à risca?


O PSOL, através de seus parlamentares, posicionou-se claramente contra este aumento, por entender ser isto um despropósito. Nada de hipocrisia nisto. Poderia sim haver um reajuste recompondo a inflação do período da legislatura que se encerra, mas este aumento real é um escárnio. Trata-se, no entanto, de uma situação que vai se perpetuando, a meu ver, por conta principalmente de dois fatores que se combinam.


O primeiro fator é que os políticos da “manada”, ou seja, a grande maioria, estão realmente se lixando para a opinião pública. Eles sabem que já dominam a tecnologia de chegada até o poder pela via da representação, uma tecnologia que lhes permite “comprar” suas eleições. O verbo “comprar” chega também à “manada” da grande, média e pequena mídia, que em época de eleição entra pra valer no grande circo eleitoral, sem debater ou cobrar os responsáveis pelos graves problemas do país e pela crise ética que atravessamos.

O segundo fator é a expansão da idéia de que carreira política é uma carreira profissional empresarial, animada fundamentalmente pela busca do lucro material e pessoal. Quando falo expansão da idéia é porque este animus lucrandi sempre existiu, mas sempre foi meio contido, pois não é (ou não era, pelo menos) politicamente correto confundir a ética no trato com a coisa pública, portanto uma ética com um núcleo um tanto quanto sacerdotal, com uma outra ética, aquela empresarial, das relações mercantis, em que o lucro é não só lícito, como desejado e objetivo estratégico a ser alcançado.

É natural no mundo dos negócios privados admitir-se percentuais de corretagem sobre transações realizados, presentes de final de ano, brindes e outras artimanhas para azeitar os negócios. É a ética dos negócios privados. No setor público, nas funções públicas, que tratam com o dinheiro e o patrimônio públicos, não pode e não deve ser assim.


Quantas vezes já não ouvimos que tal prefeito administra um orçamento X e ganha menos que um executivo de uma empresa Y, com orçamento bem menor, e que, portanto, tal prefeito deveria ter um salário maior? São duas coisas distintas, mas que os políticos, em sua esmagadora maioria, querem tratar como iguais. Se querem ter salários de executivos do setor privado, se querem uma carreira profissional de tipo empresarial, não deveriam procurar o serviço público e os cargos eletivos do Estado.


Este aumento absurdo de salário dos políticos é apenas a ponta do iceberg que chega à superfície da sociedade. Por trás disto, no subterrâneo, está a consolidação gradual de uma ética mercantil que já preside, “por debaixo dos panos”, as relações no universo da política, nos debates e decisões sobre os orçamentos públicos, aquilo que o povão chama corriqueiramente de corrupção.

PS: Edilson Silva é presidente do PSOL-PE