tag:blogger.com,1999:blog-91552480790828481682024-02-20T17:25:19.975-08:00Blog do Edilson SilvaPolítica em forma bruta e elaborada, debate, mobilização, indignação, resistência, alternativas, inquietude...Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.comBlogger320125tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-24210428168128948252013-08-13T03:14:00.004-07:002013-08-13T03:14:51.879-07:00Sobre a esquerda, a direita e o neo-PT<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva</span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrTWu8-jp4ZRkigRP3PyLcES5ZkaQTJ-EcXcdANdaXYSNW5i5e4ldeVFa0hC9C9s1E7v9R5lR6Zyf6tTaE_BSMIsz4qxJQeYbGcy3RaYVjkxOE8zvLcCFsYSBIzdEw6G8R9lswp8CMgWc/s1600/Tucano+PT.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="202" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrTWu8-jp4ZRkigRP3PyLcES5ZkaQTJ-EcXcdANdaXYSNW5i5e4ldeVFa0hC9C9s1E7v9R5lR6Zyf6tTaE_BSMIsz4qxJQeYbGcy3RaYVjkxOE8zvLcCFsYSBIzdEw6G8R9lswp8CMgWc/s320/Tucano+PT.jpg" width="320" /></a><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Dia
desses o ex-presidente estadual do PT, Dilson Peixoto, figura de proa deste
partido, disse em entrevista a uma rádio local que o PSOL não era um partido de
esquerda, mas tão somente de oposição. Sustentou o delírio afirmando que o PSOL
sempre se somava à direita em votações nos parlamentos. O delírio se mostrou
profundo quando afirmou também que o PT é um partido genuinamente de esquerda. Talvez
fosse mais adequado chamá-lo de “genoinamente” de esquerda.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">As
direções do PT e seus satélites partidários que se intitulam de esquerda fazem
uma propaganda sistemática sobre uma suposta não natureza de esquerda do PSOL.
Os pseudocritérios utilizados pelos dirigentes petistas são de ordem meramente
retórica, um claro charlatanismo. Dividem o mundo da política em dois lados: os
que estão com eles – estejam onde estiver, nem que seja no banco dos réus do
Mensalão - são de esquerda; e os que estão do outro lado são de direita.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Misturam
malandramente – por ignorância ou apostando na ignorância alheia – o que é ser
de esquerda, anticapitalista, classista ou de oposição. Ora, um partido pode ser
de oposição a um governo e ao mesmo tempo ser embasado socialmente numa classe
empresarial ou na classe trabalhadora; defender economicamente o liberalismo ou
defender teses anticapitalistas. A condição de oposição ou situação, pura e
simplesmente, não define critérios de classe, tão pouco de esquerda ou direita.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A Esquerda
– que é um conceito meio fluido no senso comum - é uma categoria essencialmente
política e não necessariamente social. A burguesia era de esquerda e
revolucionária nas lutas que culminaram com a Revolução Francesa. O conceito de
esquerda e direita vem de lá, inclusive. Nos primeiros parlamentos que minavam
o poder da monarquia francesa, os que queriam mudar a sociedade, fazê-la
avançar contra os privilégios da nobreza e do clero, sentavam-se à esquerda do
Rei. Os que queriam conservar a sociedade com os privilégios para poucos,
sentavam-se à direita do Rei. Os de esquerda eram os progressistas e
revolucionários, contestadores do poder e do regime. Os de direita, os
conservadores e reacionários.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
PT no poder perdeu grandes chances de se posicionar a esquerda do “Rei”. Onde
está o PT na luta contra a imoral e ilegal dívida pública que enriquece ainda
mais os banqueiros em detrimento das demandas mais caras do povo, como saúde e
educação? À direita. Onde está o PT no poder no combate à máfia das empreiteiras
que sangram o orçamento público e do BNDES? À direita. Onde está no combate ao
latifúndio e em favor da reforma agrária que dê dignidade às populações
campesinas? À direita. Onde está na democratização das comunicações? À direita.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Mas
o PT no poder tem uma pauta ideológica de esquerda! E pra que serve ideologia
se não se confirma em programa e políticas públicas efetivas? Cria espaços de
promoção da cidadania LGBT, das mulheres, dos negros, dos direitos humanos, mas
faz acordo com o Vaticano para ensinar seus dogmas no serviço público de
educação e dá a comissão de Direitos Humanos da Câmara para os fundamentalistas
neopentecostais, enquanto os espaços de promoção de cidadania das populações
historicamente oprimidas não tem orçamento para trabalhar e servem mais para
promover pessoalmente lideranças facilmente cooptadas. À direita, de novo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
PSOL e seus parlamentares então não podem votar a favor de um salário mínimo maior
que aquele encaminhado pelo governo do PT, só porque o DEM e o PSDB –
oportunistamente – apresentaram uma proposta de salário mínimo maior? Neste
caso, não é o PSOL que está à direita, mas o PT no poder que está mais à
direita que a direita clássica e assumida. Chega a ser constrangedor.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Na
semana passada, outro episódio marcou esta sina do PT de se achar o “Marco Zero”
da esquerda. Estudantes e populares que compõe a Frente de Luta pelo Transporte
Público acompanhavam uma audiência pública na Câmara de Vereadores do Recife,
convocada por um vereador “de direita”. Em meio à audiência, por conta da
truculência da polícia que estava do lado de fora reprimindo outros jovens,
decidiram ocupar a Câmara. Exigiam a abertura de uma CPI e a aprovação do Passe
Livre, além da soltura dos presos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
CPI precisava de 13 assinaturas para ser instalada. Os quatro vereadores da
oposição – de direita - prontificaram-se a assinar. Dos 5 vereadores do PT, Jurandir
Liberal, Luís Eustáquio, Jairo Brito, Henrique Leite e Osmar Ricardo, apenas
este último se dignou a ficar na Câmara com os ocupantes e disse que assinaria
o requerimento da CPI. Os demais desapareceram. O PSOL estava lá, inteiro, com
seus militantes e este que vos escreve, resistindo com a juventude. Onde estava
o PT, tão de esquerda?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
PT ainda tem tempo de assinar o requerimento e mostrar que não teme desagradar
as empresas de transporte coletivo que se favorecem da concessão do transporte
público em nossa cidade. Ainda tem tempo de mostrar que, ao menos no âmbito municipal,
não está tão à direita, pois o que separa esquerda de direita são critérios
programáticos e práticos e não meramente ideológicos e retóricos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente do PSOL-PE<o:p></o:p></span></b></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-71778112895694053342013-07-31T22:08:00.001-07:002013-07-31T22:08:47.967-07:00IV Congresso do PSOL - "Resignificar o socialismo e reconciliá-lo com a liberdade: tarefa inadiável do PSOL"<a href="mailto:Amig@s"><em>Amig@s</em></a><em>, iniciamos esta semana o IV Congresso Nacional do PSOL. Os congressos do PSOL são momentos de grande debate de ideias, onde são inscritas teses mais globais e contribuições mais pontuais. Um coletivo interno (Somos PSOL) e independentes inscreveram esta contribuição pontual abaixo. Aos que têm interesse em acompanhar os debates internos, eis aqui um pouco do que estamos nos propondo. Abaixo estão subscrevendo apenas os primeiros signatários dirigentes nacionais, mas há centenas de filiados de vários estados do país apoiando e subscrevendo também. Quem quiser subscrever, é só deixar os dados nos comentários que a gente absorve. Boa leitura!</em><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1QfXSAC_vb_PdYrLEA4jP7Z0SlpygLGmVarXxRK_qpa85Pf_v0q9v0Gi0vWTL-pFEE0fsPsaKNfOAlBXgvsHOYsmEA2Q0L-IogpmmEiUa9fVzhIPzH1_zu15g_Dwa-xip-kYuGhLhDmY/s1600/new+commons.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1QfXSAC_vb_PdYrLEA4jP7Z0SlpygLGmVarXxRK_qpa85Pf_v0q9v0Gi0vWTL-pFEE0fsPsaKNfOAlBXgvsHOYsmEA2Q0L-IogpmmEiUa9fVzhIPzH1_zu15g_Dwa-xip-kYuGhLhDmY/s400/new+commons.jpg" width="400" /></a></div>
Os que apresentamos esta contribuição ao IV CONPSOL são militantes do coletivo nacional “SOMOS PSOL” e também militantes independentes. Em sua grande maioria compomos nacionalmente também o esforço para a apresentação da tese “Unidade Socialista Por Um PSOL Popular”, mas entendemos ser muito importante pautar separadamente os aspectos que levantamos aqui, pois se trata de temas que devem extrapolar os limites da camisa de força que amarra nosso partido em disputas internas.<br /><br />A esquerda socialista, no Brasil e no mundo, vive uma longa crise de paradigmas. Esta crise remonta à década de 1960 pelo menos, quando o socialismo apresentava ao mundo de forma mais explícita uma face divorciada da liberdade e da democracia, gerando rupturas e busca de caminhos alternativos ou renovados, numa espécie de diáspora dos socialistas.<br /><br />Com o advento da queda do Muro de Berlim e dos demais regimes do “socialismo real” no final dos anos 1980 e início dos 90, a crise do socialismo ganharia os ingredientes de sua aparente falência também enquanto possibilidade de organização econômica. Vamos adentrando, portanto, em quase três décadas ao menos em que os socialistas não fazem mais que oferecer uma heroica e indispensável resistência às brutalidades do capitalismo e sua crise estrutural e sempre reciclada.<br /><br />Mesmo as experiências políticas contra-hegemônicas exitosas neste século XXI, como na América do Sul, apresentam-se mais como enfrentamentos anti-imperialistas e de defesa das soberanias destas nações do que como formações econômicas e sociais de caráter socialista, no sentido do estabelecimento de relações sociais de produção que ao mesmo tempo satisfaçam as necessidades elementares de suas populações e também desencadeiem um tal desenvolvimento das suas forças produtivas que tornem seus povos libertos e estas nações em economias superiores em produtividade e qualidade em relação aos centros imperialistas. Em suma, mesmo nestes países, a economia de mercado é hegemônica e estes se mantêm num limitado espaço de autonomia que não deixa de ser ainda um cativeiro da economia capitalista global.<br /><br />A China, que alguns podem ver como nação fora do eixo imperialista e que desenvolve forças produtivas de forma mesmo a competir com o grande capital privado, parece nos remeter às primeiras críticas a um suposto socialismo sem liberdade, lá da metade do século passado. O que mudou foi a maior integração desta nação ao mercado mundial usando como um de seus diferenciais de competitividade exatamente a limitação da liberdade de seu povo, que garante uma exploração brutal de mais-valia, inclusive exportando para outros países este nefasto modus operandi.<br /><br />Frente ao que se observa empiricamente, os socialistas intelectualmente honestos estariam condenados a uma pregação ideológica de caráter meramente utópica - tanto mais radicalizada a pregação, quanto mais distante a perspectiva de poder real -, ou a uma ação anticapitalista de caráter meramente analgésica, que poderá nos levar inexoravelmente e unicamente a duas situações: uma desmoralização mais rápida ou mais lenta dos que governam em nome do socialismo, reanimando no imaginário popular e na propaganda pró-capitalista a vitaliciedade histórica do capitalismo e a necessária resignação da humanidade aos seus caprichos.<br /><br />É esta situação de falta de vigor teórico e de incertezas de caminhos para o socialismo que estamos nos propondo a pautar neste IV CONPSOL. E pautar este tema não significa querer exauri-lo neste congresso – tarefa impossível -, mas colocar o tema na pauta do partido, como problema de primeira magnitude a ser debatido, não apenas numa hermética perspectiva teórica, mas como base fundamental para a nossa atuação política. Qual o socialismo do PSOL? Sem responder a esta pergunta, como podemos falar em programa democrático e popular ou programa de transição para o Brasil? Transição para onde?<br /><br />O PSOL, em meio a todas as tarefas que temos no nosso cotidiano, não pode se deixar engolir por inteiro neste cotidiano, viver somente disputando congressos e hegemonias internas, eleições, passeatas, greves, lutas, etc., como que esperando que situações objetivas ejetassem as elites do poder para que alguns ungidos ocupem este espaço para governar com o povo e para o povo.<br /><br />Ou fazemos um esforço concreto e consciente para elevar este problema da atualização do socialismo ao patamar de problema também do nosso cotidiano militante, ou sequer vamos conseguir unidade interna para disputar até eleições em pequenos sindicatos, que é o que tem ocorrido. Sem fazer este esforço, nosso partido continuará sendo vertebrado no imaginário popular apenas a partir de suas figuras públicas, cada qual com seu socialismo particular, ou não, na cabeça. Sem este esforço, continuaremos sem exercitar um amplo processo interno de formação política de nossos quadros e jovens. Sem teorização revolucionária, não há prática revolucionária e muito menos partido transformador da realidade.<br /><br />Para além do diagnóstico da crise de paradigmas da esquerda socialista e das práticas insuficientes do nosso partido no sentido de atuar sobre esta demanda, sugerimos nesta contribuição caminhos metodológicos e hipóteses teóricas para iniciarmos no PSOL uma discussão sobre questões estratégicas do socialismo.<br /><br />Do ponto de vista metodológico, sugerimos que o PSOL estabeleça uma Tribuna Permanente de debates sobre a atualidade do socialismo no século XXI, de forma que possamos construir uma dinâmica de acumulação teórica e de estudos coletivos e colaborativos sobre esta temática, que possa subsidiar nossas elaborações e análises de mais curto prazo.<br /><br />Sugerimos, ainda, que o partido envide esforços, sobretudo, no sentido da reflexão sobre as novas dinâmicas sociais a partir das redes sociais, buscando compreender e apreender coletivamente as alterações que daí podem advir ou estão advindo para o terreno da infraestrutura social, na estrutura econômica e na superestrutura social. <br /><br />Sugerimos também explorar num debate interno organizado a hipótese de que estamos vivendo um momento histórico de transição do capitalismo da Era Industrial, que foi baseada na geração de energia a partir de combustíveis fósseis, na economia de alto carbono, na fraude da financeirização da economia, num mundo sensorial analógico e refém de relações sociais hierárquicas verticalizadas. Estaríamos transitando objetivamente para uma outra Era, onde condições históricas estariam se conjugando e construindo uma sociedade pós-industrial: a Era da Informação.<br /><br />Nesta nova Era, que estaria em pleno desenvolvimento, a internet e sua arquitetura interna - em sua versão de uso 2.0 -, seria uma nova geografia, digitalizada, que permitiria aos seres humanos uma experiência sensorial intersubjetiva única e revolucionária na história da humanidade, não só pela desalienação social e política que pode estar gerando, com suas consequentes alterações na consciência social, mas também porque permitiria uma nova organização/divisão mundial da produção: horizontal, colaborativa e solidária, muito superior em qualidade e produtividade ao capitalismo. Ao invés de linhas de produção, redes de produção. Ao invés de verticalidade na divisão funcional do trabalho, horizontalidade na incorporação de trabalho humano na produção do bem mais valioso nesta nova Era: o conhecimento.<br /><br />O Capitalismo, especulamos, estaria em plena construção de sua nova faceta hegemonia: o Capitalismo Informacional, em que se pretenderia um novo e histórico ciclo de acumulação capitalista. Essa estratégia, no entanto, enfrentaria dois inconvenientes de difícil superação. O primeiro é a busca da desconexão da infraestrutura social analógico/presencial da nova infraestrutura social digital/virtual, no sentido de que as demandas da sociedade represadas na primeira não serão objeto de preocupação e construção de solução por parte da segunda. Esta estratégia descartaria completamente qualquer possibilidade de mínima democracia na realidade presencial neste século XXI.<br /><br />O outro inconveniente estaria nas regras a serem impostas nas relações sociais de produção na internet, que atingiu um ponto tal de desenvolvimento nas relações internas que tornou obsoleta, inconveniente e parasitária a presença de servidores/intermediários para a realização de contato entre os sujeitos que querem e precisam se conectar. <br />
Portanto, a liberdade e a privacidade alcançadas na Internet atentam contra os interesses do Capitalismo Informacional, que precisa de uma “indústria de intermediação” para manter a propriedade privada dos meios de produção e seguir seu plano de um novo ciclo de acumulação, como, por exemplo, nas pesquisas da área médica e de produção de tecnologias para uso da energia limpa e do hidrogênio, o que se choca com o resultado da produção do conhecimento como propriedade social e não privada, quando se trabalha em copyleft, open source, sem patentes, com conteúdos Commons. <br />
A Indústria da Intermediação precisaria do fim da liberdade e da privacidade na internet, pois disto dependeria a manutenção da propriedade privada dos meios de produção e a garantia de algum nível de alienação e de realização de trabalho abstrato neste novo mundo do trabalho, garantindo assim a manutenção do produto do trabalho coletivo como mercadorias com valor de troca num mercado ainda capitalista, ao invés de valor de uso individual e coletivo de uma propriedade colaborativamente produzida e colocada à disposição da sociedade como propriedade social.<br /><br />Não estaríamos, portanto, diante da hipótese de que existe uma luta anti-imperialista e anticapitalista de caráter quase definitivo diante de nós, em que temos que refletir se o sujeito da revolução, o proletariado do conhecimento, não está neste exato momento digladiando-se contra a CIA e outras agências de inteligência e espionagem e as grandes indústrias capitalistas da intermediação que tramam jogar para os países “emergentes” a sua sucata industrial, como grandes montadoras e outras plantas industriais que geram apenas uma mais-valia residual na atualidade, enquanto nós, socialistas, desatentos a estes fatos, estamos lutando apenas pelos escombros e pela sucata do velho capitalismo já descartado como perspectiva de futuro pela própria elite do capitalismo? <br />
Convidamos os filiados e filiadas a subscreverem conosco esta contribuição. Não necessariamente em concordância com as hipóteses aqui levantadas, mas por entenderem, como nós, que nosso partido precisa urgentemente fazer este debate, começar a tirar conclusões, colocar-se na vanguarda de uma batalha teórica, mobilizando nossa intelectualidade militante para além dos muros das universidades, formando nossos quadros para a defesa profunda do socialismo e da liberdade, fazendo refletir esta acumulação em nossa retórica, em nossos programas eleitorais, em nossa prática cotidiana para mobilizações populares não só anticapitalistas, mas pós-capitalistas e vigorosamente socialistas.<br />
<br />
Edilson Silva – Secretário Geral do PSOL / Presidente do PSOL PE<br />Ronaldo Santos – Executiva Nacional do PSOL / Sec. Geral PSOL BA<br />José Luis Fevereiro – Executiva Nacional do PSOL / Exec. Estadual PSOL RJ<br />Carlos Leen – Diretório Nacional do PSOL / Dir. Estadual PSOL MA<br />Tárcio Teixeira – Comissão Nac. Ética do PSOL / Exec. Estadual PSOL PB<br />Cleide Coutinho - 1ª Vice Pres. PSOL Bahia / Diretório Nacional PSOL<br />Augusto Romero- Executiva Estadual PSOL BA / Diretório Nacional PSOL<br />Albanise Pires – Direção Nacional do PSOL / Direção Estadual do PSOL PE<br />Zé Gomes – Direção Nacional do PSOL / Executiva Estadual do PSOL PEEdilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-82583354255945224392013-07-11T18:27:00.001-07:002013-07-11T18:27:30.368-07:00Entre Damásios, os mascarados são as vítimas<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Por Edilson Silva</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEwm5OtESvJ5tWhD3QE1H1MuhPb7NhFiFv7yHoSa53HCJalwflTS7kfYDu98Dk4Z-LTiYflgJdivFqC08ga9ZUjIktoCIW-VbWLstetl0grd88QTqYXHkXjoOzE1g0hqt8C0fTBJme_mk/s1600/V+de+Vingan%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEwm5OtESvJ5tWhD3QE1H1MuhPb7NhFiFv7yHoSa53HCJalwflTS7kfYDu98Dk4Z-LTiYflgJdivFqC08ga9ZUjIktoCIW-VbWLstetl0grd88QTqYXHkXjoOzE1g0hqt8C0fTBJme_mk/s320/V+de+Vingan%C3%A7a.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Estive nos últimos dias envolvido na tentativa de cobrar de algumas instituições uma atitude mais contundente contra a postura policialesca do governo do Estado, comandado pelo Sr. Eduardo Campos. Perseguição nos quarteis contra lideranças das associações de Praças e Oficiais; monitoramento político nas redes sociais de 87 lideranças e pessoas influentes no Estado; aparato policial intimidando lideranças da juventude pessoalmente; prisões arbitrárias, sem fundamento e com procedimentos estranhos à Lei nos seus encaminhamentos, como levar um jovem manifestante para a sede do GOE, uma jovem estudante para a colônia penal Bom Pastor e definição de fianças abusivas; proibição e constrangimento da atividade da advocacia nas dependências de delegacias. Sobram exemplos.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Causou-me estranheza a oposição na ALEPE não ter se levantado à altura contra tais expedientes. Antes de ir à ALEPE, no entanto, fomos à OAB-PE, e esperamos desta algum resultado, pois se trata do zelo pela ordem democrática e do Estado – ao menos liberal! – de Direito.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Hoje, ao dirigir-me à mais uma manifestação, com o rádio ligado numa estação que toca notícias, o secretário de Defesa Social, Wilson Damásio, perguntado sobre os cuidados da segurança pública em relação ao dia de luta, mostrou que as coisas por aqui estão mesmo ao gosto do coronelismo. Ao invés de falar sobre como a segurança pública agiria, dando uma satisfação à população de como o serviço público estava preparado para a situação, o secretário desandou-se a falar sobre a manifestação, valorando-a, e ainda mais, afirmando que já estava na hora destas manifestações acabarem, para que os políticos encaminhassem o que fosse necessário.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
De duas, uma. Ou o secretário falou mais do que devia, e então deve ser desautorizado publicamente pelo governador, ou então falou pelo governo e aí precisamos, a sociedade civil e todos os setores democráticos, exigir uma autocrítica do governo. E é o secretário de Segurança Pública que trata publicamente das questões da democracia e do direito à livre manifestação neste governo?</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Ainda impactado por tal fato desconcertante, deparei-me com um mal estar na concentração do ato, por conta da presença de pessoas usando máscaras ou cobrindo o rosto com camisetas. Tenho sérias observações a fazer sobre esta prática nos protestos, mas percebi claramente que muita gente da juventude está com medo e não quer ser “fichada” informalmente pela polícia do governador.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
No início da Avenida Conde da Boa Vista, durante a passeata, conseguimos perceber um “fotógrafo” despretensioso, sem identificação, fazendo registros dos rostos de vários jovens. Denunciamos e ele foi constrangido a se retirar. Sua saída resignada foi a certeza da sua função.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
A postura truculenta, antidemocrática e policialesca deste governo incentiva os jovens a cobrirem seus rostos. Há ideologia nisto, com certeza. Haveria rostos cobertos sem o incentivo estatal, mas aí então poderíamos tratar disto em outro patamar. Mas, com este governo, temos que entender que cobrir o rosto pode ser uma medida de segurança de quem praticamente nada tem para se defender de um Estado policial.</div>
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/17px "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 10px 0px 0px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
Presidente do PSOL-PE</div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-85982877902280776112013-06-16T10:15:00.000-07:002013-06-16T10:15:31.091-07:00Possibilidades pós-capitalistas na infraestrutura digital e quântica, ou como retomamos o socialismo científico pelo método dialético-histórico<span style="font-family: Calibri;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">Por Edilson Silva*</span></i></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIZpQ6jc5GNY2xYMgpJjePSTBxOy3sXiJtD_2feaIFr-tMwtG38lFE3Dh1vlzXZieTM4YsgnRhbPTbGqAtNYe0-WRo-7ciFg_joKn1apV7oo6Kb9wmS7nM7hGHIPoiBwGru0Fagfec8M0/s1600/new+commons.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIZpQ6jc5GNY2xYMgpJjePSTBxOy3sXiJtD_2feaIFr-tMwtG38lFE3Dh1vlzXZieTM4YsgnRhbPTbGqAtNYe0-WRo-7ciFg_joKn1apV7oo6Kb9wmS7nM7hGHIPoiBwGru0Fagfec8M0/s400/new+commons.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Calibri;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"></span></i><o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Introdução<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Este texto,
apesar do título pretensioso, é apenas uma contribuição ao debate sobre a
atualidade do socialismo como estratégia de sociedade, dialogando com os que se
veem sem respostas substantivas diante do que se convencionou chamar “crise do
socialismo”. Pretendemos circular esta contribuição prioritariamente entre os militantes
do PSOL que constroem o agrupamento interno “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos PSOL</i>”, mas também entre os que conosco militam e compartilham
sonhos de mudança na ordem econômica e social, buscando alternativas de longo
prazo, teóricas e programáticas. Trata-se de uma continuação, menos descuidada,
de um texto também produzido por nós já em 2011, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">As digitais de Marx nos vestígios de pós-capitalismo</i>”, em que já especulávamos
as hipóteses aqui apresentadas, da impossibilidade objetiva da superação da hegemonia
da economia de mercado no século XX e das possibilidades objetivas desta
superação a partir das conquistas tecnológicas que permitem a abstração do real
no virtual no século XXI e das perspectivas científicas e tecnológicas no
universo na física quântica.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Abrimos aqui,
como verão os que se dedicarem à leitura, muitas “janelas”. É na verdade uma
tempestade de ideias e como tal guarda certamente imprecisões, talvez precipitações,
inadequações de categorias, sobretudo pelos limites do autor desta tempestade,
que confessadamente não reúne as melhores condições para esta empreitada. Mas a
impaciência e a urgência de respostas, aliado às nossas responsabilidades de
dirigente e referência política, falaram mais alto, diante talvez de uma também
incapacidade nossa de perceber, na produção acadêmica formal, respostas satisfatórias
diante das demandas concretas colocadas para o movimento socialista neste
início de século. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Há, por
óbvio, produção, informação e conhecimentos neste sentido - e é onde tentamos
buscar as respostas -, mas parecem estar dispersos, não sistematizados como
pensamos ser o mais correto e não se convertendo, portanto, em possibilidade de
aplicação como uma teoria eficaz, para a compreensão do que ocorre na luta de
classes neste caldeirão pós-moderno e aparentemente pós-ideológico; nem numa
perspectiva sincera de gerar a unidade de ação da luta anticapitalista que
ainda se dá no plano analógico-macroscópico, com aquela que se desenvolve no
plano digital-microscópico. Dinâmicas que se dão, ainda, separadamente. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Logo, é uma extrema
ousadia de nossa parte, mas esperamos e estamos abertos à prática da construção
colaborativa para aferir o que há de sustentável a ser desenvolvido e o que
deve ser abstraído ou corrigido. É um convite à discussão. Fizemos um esforço
quase desumano para comprimir ao máximo o texto e garantir a leitura do máximo
de interessados em interagir. A ideia é que sirva para a militância concreta. Boa
leitura e vamos ao debate!<o:p></o:p></span></span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">I – A vitória da hegemonia
da economia de mercado no século XX. Um fato histórico. <o:p></o:p></span></span></i></b><br />
<br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Em “A ética
protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber afirma que as tentativas de
superação do capitalismo são coisas do jardim de infância da história cultural.
A crítica tem um endereço certo: as teses políticas de Marx e o movimento
socialista que se avolumava em sua época, sobretudo na Alemanha. Escrito em
1908, o texto de Weber já é um ancião, com seus 105 anos. A história deste
pouco mais de século que nos separa, deixou marcas sensíveis de consentimento
às palavras de Weber. O capitalismo, como ele o via, é realmente resistente, e
talvez mesmo insuperável.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Tento
explicar. Weber empresta ao seu capitalismo conceito distinto daquele dado por
Marx. O primeiro trata o capitalismo como um impulso humano natural em busca de
seus interesses – ação social racional em relação aos fins, ou interesses
capitalísticos, quando forem materiais -, presentes desde sempre na história da
cultura humana. O segundo trata o capitalismo como um modo de produção
historicamente determinado, localizado num encadeamento cronológico-histórico, lógico-dialético,
de transformação das formações econômicas e sociais. Visto com mais cuidado e sem
paixão ideológica, há a hipótese da convivência entre as ideias dos dois
gigantes do pensamento social. O capitalismo a que Marx se refere, um modo de
produção de caráter transitório segundo seu método, é aquele que encontrou na
ética protestante, segundo Weber, o seu espírito de organização racional numa
sociedade/mercado de homens livres, que comercializam sua força de trabalho neste
mercado, tornando-se, então, também mercadoria, e sofrendo, portanto, não só um
processo de exploração, mas também de alienação, com os respectivos
desdobramentos que vamos tratar mais a frente.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">O movimento
socialista bate-se hoje com os mesmos temas levantados lá naquele início de
século passado: o debate sobre as possibilidades de ultrapassagem do
capitalismo. Não se trata de debater a necessidade desta ultrapassagem, mas a
sua possibilidade. Debatemos hoje, porém, com uma grande desvantagem política:
no início do século XX a utopia socialista era uma força social viva e vibrante.
Vencido este século, tão intenso, este parece ter dedicado mais atenção ao que
aparecia na superfície do pensamento de Weber, com os socialistas nitidamente
na defensiva, a ponto de uma relevante articulação de organizações socialistas
francesas de caráter mais radical, de forte conteúdo trotskista, há poucos anos
ter fundado um novo partido que não se chamava socialista, mas tão somente
NPA-Novo Partido Anticapitalista. O que estava explícito e implícito no nome já
revelava suas certezas e suas incertezas. No Brasil, o fato do partido de maior
repercussão na reorganização da esquerda socialista recente - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Partido Socialismo e Liberdade - precisar
adjetivar seu socialismo com o nome liberdade, é também reflexo deste quadro. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Antes de
qualquer acusação de anticomunismo, reafirmo que, para o bem e para o mau,
ninguém está autorizado a acusar os socialistas e comunistas de não terem
enfrentado a fúria de um capitalismo descontrolado, com suas duas grandes
guerras, suas crises violentas; de não terem tentado erguer formações
econômicas e sociais mais avançadas. Ninguém pode negar o papel de antítese que
o comunismo no século XX cumpriu na síntese de um capitalismo ocidental menos
incivilizado, de ter feito a maior parte na derrota da maior ameaça à humanidade
no século XX, o nazismo. Mas, por outro lado, é muito difícil negar que este
comunismo também ensinou, da forma mais traumática, o que não se deve fazer em
nome do socialismo: sufocar a democracia e a liberdade. O resultado, ao final
de tudo, foi um salto ornamental, por absoluta força de uma espécie de
gravidade (para não usar a força de uma mão invisível) de volta ao tablado da
economia de mercado, não pela ação de um exército físico invasor, mas pela ação
espontânea e decidida de seus próprios povos em luta.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Além disso,
as lutas anticolonialistas da segunda metade do século passado tão pouco construíram
formações econômicas e sociais que nos deixassem à vontade sem antes termos que
fazer uns tantos reparos. A China, além das críticas à falta de liberdade e
democracia, está mais que inserida no mercado mundial; na verdade é uma
potência cuja solidariedade nas relações econômicas com outras nações está
absolutamente ausente e, mais que isto, anima no mercado mundial uma corrida
concorrencial que solapa os direitos de trabalhadores em todos os cantos do
planeta. A heroica Cuba, também com inegáveis problemas no quesito democracia e
liberdade, resistiu o quanto pode, mas se arrasta, com dignidade, à adaptação
ao mercado. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">As grandes
mobilizações antiglobalização do início dos anos 2000, questionando Davos e com
seus Fóruns Sociais Mundiais, se limitaram ao debate da ética e solidariedade e
outras importantes questões neste terreno, mas nada que se sobrepusesse ao
capitalismo e seu mercado (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Um outro mundo
– capitalista e cheio de ONGs - é possível!</i>). Os países latino-americanos
que romperam com o torniquete imperialista já no século XXI, como Venezuela,
Bolívia e Equador, para citar os mais badalados pela esquerda, ainda têm suas
economias funcionando, mesmo com formas mistas convivendo conjuntamente, dentro
do quadrilátero do mercado capitalista. O saudoso Hugo Chaves Frias, talvez o
mais preocupado dentre os líderes latino-americanos recentes com a afirmação
ideológica de uma ruptura anticapitalista, falava mais em bolivarianismo que em
socialismo. As supostas primaveras árabes que sacodem aquela região parecem
mais solapar governos fora da ordem ocidental, mas com forte viés autoritário,
numa perspectiva mesmo de desorganização daqueles estados e de ocidentalização
do seu modo de vida, ou seja, caminham, na melhor das hipóteses – pois há a
possibilidade de retrocessos teocráticos - para democracias liberais
capitalistas bem comportadas e submissas ao capital internacional. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Em suma, tudo
indica que os problemas do socialismo no século XX não estiveram circunscritos
apenas às questões do exercício do poder político, mas – e talvez seja esta a
lição mais profunda, pois não dependia de condições apenas subjetivas, mas
objetivas -, sobretudo, não conseguiram construir uma formação econômica hegemônica
com um metabolismo espontâneo de produção e circulação de riquezas baseado na
solidariedade, na colaboração e na sustentabilidade, na não-alienação, ou que,
de alguma forma, tivesse pelo menos algum embrião de não-desenvolvimento
natural da tendência à acumulação e reprodução de capital com base na
concorrência predatória. Nenhuma experiência conseguiu erguer uma formação
econômica que produzisse riqueza, ou seja, incorporação de valor-trabalho num
processo produtivo, com mais qualidade e produtividade que o capitalismo e
baseado no trabalho de homens ao menos supostamente livres, repetindo o que foi
a dinâmica de superação do feudalismo pelo capitalismo. A economia, neste
século, se mostrou um organismo vivo e autônomo, rebelde, não um deus como
querem os liberais, mas com regras bem hospedadas no espírito humano
sintetizado no curso histórico, algo que se mostrou ainda indomável às
pretensões socialistas no século XX.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">A impressão
que fica é que sobrou aos socialistas apenas uma espécie de vitória moral ou
exercício de profissão de fé, onde o lócus da vitória maior, para alguns, não
estaria sequer nas nações que ergueram Estados se contrapondo ao capitalismo.
Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, no final de 2011, um insuspeito Antônio
Cândido, parte viva da luta socialista no Brasil, fez as seguintes afirmações,
me parecendo expressar bem o sentimento mais honesto: “(...) </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">eu acho que o socialismo é
uma doutrina totalmente triunfante no mundo. E não é paradoxo.</span></i><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">(...) </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o
homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não
pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo,
cristianismo social, cooperativismo... tudo isso. Esse pessoal começou a lutar,
para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que
doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida
não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para
as crianças. Coisas que hoje são banais.</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"> </span></i><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">(...)” <i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Marx diz na “Ideologia Alemã”: as necessidades humanas são cumulativas e
irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço. Quando você
descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre o sapato,
não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com meia e por aí
não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se pensa que é face
humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e
sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é
conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na Rússia (...)”.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Eduardo Galeano, discorrendo sobre a utopia, num texto que
jovens socialistas adoram postar em seus perfis no facebook, parece querer
colocar poesia na resignação de Antônio Cândido: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta
dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu
caminhe, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>jamais alcançarei. Para que
serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”. </i>Em
profundo respeito a Galeano e à poesia que guarda seu texto, melhor não ser tão
sincero sobre as múltiplas interpretações e sensações de desconforto que suas
palavras ensejam quando tratamos de luta política, de disputa de hegemonia.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">David Harvey, intelectual marxista britânico que muito
tem influenciado nossas reflexões políticas recentes, não se incomoda em
afirmar em suas entrevistas e exposições, após explicar brilhantemente as
razões e a dinâmica das crises do capitalismo, que os socialistas marxistas
como ele não têm soluções concretas, um modelo alternativo a apresentar a esta
situação. Istvan Meszaros, em seu ensaio “O Século XXI: Socialismo ou Barbárie”,
publicado em 2001, ensina muito bem o conceito de alienação em Marx, mas
resolve se atirar na política e então faz previsões catastrofistas sobre o
imperialismo norte-americano que, hoje sabemos, não sobreviveram a uma única
década sequer. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Slavoy Zizek, numa de suas obras cujo título sugere
caminhos para a superação da crise do socialismo, “Em defesa das causas
perdidas”, absolve Stalin – “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Stalinismo
revisitado, ou como Stalin salvou a humanidade do homem</i>”, é o subtítulo de
um dos capítulos - com o argumento de que aquela experiência “socialista” poderia
ter sido muito pior, citando trechos tenebrosos de escritos de Leon Trostky
sobre a natureza humana e de Alexey Gastev, um engenheiro e poeta,
administrador do Instituto do Trabalho russo, que era obcecado em biomecânica e
realizava experiências para que os homens trabalhassem como máquinas e não mais
fossem reconhecidos como pessoas, mas como “unidades proletárias”, identificados
com números ao invés de nomes. Ou seja, Stalin ainda não foi o pior que o comunismo
poderia ter produzido, excluindo, claro, a flagrante patologia do Camboja, que
de tão absurda sequer entra na literatura. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Então,
estaria a humanidade condenada a tão somente humanizar o capitalismo numa ação
política nos limites do anticapitalismo? O capitalismo, já em sua fase senil,
destrutiva, abre-alas e pavimentador dos territórios da barbárie social, com
sua “destruição criadora”, com suas obsolescências planejadas criminosas, seria
ainda assim reformável e administrável? Não estaria mais na pauta dos
socialistas a construção de uma formação econômica e social hegemônica em que a
solidariedade e a colaboração espontâneas no processo produtivo, com plena
liberdade, seriam os pilares para a construção de uma nova consciência social,
de um mundo novo? O capitalismo não seria mais um modo de produção transitório,
que abriria, ele mesmo, as condições objetivas para o surgimento de outra
formação econômica hegemônica, como se depreende naturalmente da aplicação do
método marxiano? Este método, então, teria perdido sua aplicabilidade e estaria
condenado ao exotismo do mero exercício ideológico no intramuros de meios acadêmicos,
transformado em dogma e protegido por instituições e intelectuais bem
entrincheirados, somente?<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">A situação de
crise de paradigmas e as respostas que vão sendo dadas por notáveis intelectuais
socialistas sobre as saídas (im)possíveis levam outros socialistas honestos e
de bom senso - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de envergadura
intelectual incomensuravelmente inferior, mas que estão no front das operações
políticas de disputa de poder, como é o nosso caso - a fazerem-se as perguntas
acima. Estamos, até o limite de nossa compreensão, entre os que entendem o
método marxiano como imprescindível para compreender a dinâmica econômica e social
no século XXI, dando-nos plenas condições de militar politicamente para mudar o
mundo, pois é disto que se trata quando militamos pela estratégia socialista. <o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Mas pensamos
que a resposta honesta a estas perguntas exigirá do movimento socialista admitir
a dor de um parto difícil, despir-se de subjetividades meramente ideológicas e
apegos românticos ao passado, fazer autocríticas profundas, além de ousar de
forma revolucionária nas análises e elaborações políticas. Nas palavras de
Leandro Konder, abrindo livro de nome sugestivo de Norberto Bobbio, “Qual
socialismo?”: “(...) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um processo que
passa por autocríticas intranquilizadoras, frequentemente dolorosas</i> (...)”.
Konder sugere a entrada de Bobbio no debate para ajudar na elaboração de saídas
aos socialistas e nos ensina assim algumas direções a tomar – a principal delas
a humildade -, admitindo a profundidade da crise de paradigma dos socialistas.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">II – A pertinência
prática deste debate<o:p></o:p></span></span></i></b><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Por mais
distante do calor da luta de classes imediata que este debate possa parecer para
alguns, ele é de vital importância para o abastecimento do espírito
revolucionário daqueles que não travam os combates políticos apenas numa
perspectiva de sua consciência imediata. Sem teoria revolucionária, realmente
não há prática revolucionária, como afirmava Marx sobre a importância de se ter
método científico na luta política. A utopia enquanto algo conscientemente
inatingível, um sonho ainda bruto a ser lapidado, tem seu valor é claro, mas, somente
assim, é absolutamente insuficiente para que conquistemos corações e mentes
rebeldes de todas as gerações para uma causa perene, de toda a vida. É papel
dos socialistas dar concretude e viabilidade científica para a nossa utopia,
para nossa consciência histórica, sob pena de darmos um salto ao passado, para
antes da elaboração por Engels do seu “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”,
e sermos “elevados” à condição de novos Fouriers e Owens em pleno século XXI. Óbvio
que esta situação é menos desconfortável que ser tratado como um “comuna” de
estilo militarizado e um tanto desapegado a liberdades demais, mas tudo aí é
desconfortável e, pior, improdutivo e desmobilizador, quando não
desmoralizante.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Esta falta de
firmamento desorganiza a luta política consciente e a capacidade de
aglutinação, mesmo que fluida, numa mínima grande narrativa de real
transformação social. Na medida em que não se tem um “geral” confiável de onde
se parta ou se referencie minimamente para um “particular”, este “particular”
de cada um se transforma no “geral” de cada um, uma fragmentação com um
atraente viés libertário, é verdade, mas absolutamente dispersa, numa
perspectiva puramente individualista. Na militância de esquerda e socialista o
resultado é a fragmentação, em nível de torcidas organizadas doentias, e a
fragilidade que assistimos. No cidadão comum, mas também mesmo entre segmentos
organizados na esquerda, isto descamba não raro numa maratona, a cada dia menos
envergonhada, para concorrer competitivamente e predatoriamente no mercado de
trabalho, ao gosto do melhor capitalismo senil. <o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Quem não
conhece incontáveis sujeitos com práticas de esquerda, humanistas, lutadores
sociais, defensores de causas importantes, mas que se dizem pós-ideológicos:
nem de esquerda e nem de direita; voto no candidato, não no partido; partido é
tudo igual; a luta dos índios tá justa, mas os sem-terra são um despropósito,
etc. Cresce, nas pessoas mais críticas e de espírito mais aberto à defesa de
uma sociedade mais justa, um espírito meio anárquico-fisiológico, quando não
muito anárquico, como se percebe com mais força nas juventudes. Ou seja, a
falta de “janelas” pós-capitalistas suficientemente abertas e perceptíveis como
tal pela inteligência humana, acaba por incidir negativamente mesmo na luta mais
consciente anticapitalista. A “classe em si”, distancia-se cada vez mais da
“classe para si”. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">David Harvey já
apontava em seu clássico “Condição Pós-moderna” (1989), que a crise do
materialismo histórico – já naquela época – e sua incapacidade de compreensão e
apreensão política frente à efervescência desta condição pós-moderna, levou a
disputa entre a esquerda mais atenta e a direita mais disposta nos anos 1970/80
para o terreno do imaginário, da estética, das imagens e do simbólico, do poder
meramente ideológico, sendo que exclusivamente neste terreno os conservadores
seriam mais consistentes na defesa de suas posições e nas críticas aos efeitos desta
condição no comportamento social, aos excessos dos anos 60, ao maio Francês de
68. As religiões, por exemplo, propõem um início, um meio e um fim para a
história, uma utopia “realizável” e até simples de ser entendida e aceita
quando se está em meio a um labirinto e sem outra bússola à mão. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Passados vinte
e cinco anos da publicação da obra prima de Harvey, a crise do materialismo
histórico ampliou-se, a crise do capitalismo também, aprofundando os traços de
barbárie, sobretudo no meio urbano, com crises na mobilidade, na moradia, na
segurança pública. Os comportamentos supostamente “desviantes” denunciados
pelos conservadores lá na década de 1970, só fizeram avançar também. O
resultado desta equação no tempo talvez seja o que assistimos hoje com o
fortalecimento de segmentos mais conservadores polarizando no ambiente
político, sugerindo, no caso do Brasil, pautas de absoluto retrocesso.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Este debate também
é fundamental para que sejamos mais equilibrados e responsáveis nas
expectativas e nas cobranças em relação a governos de esquerda e de orientação
socialista que temos tido ou que virão, e obviamente naquilo que apresentamos à
sociedade como propostas a serem implementadas pelos socialistas no poder,
principalmente nas questões de ordem econômica. Ter equilíbrio nisto significa
não alimentar falsas expectativas que venham a gerar frustrações por absoluta
falta de senso de proporção política. Saber quais são os limites físicos da
ação de governos socialistas e saber quais são os limites e possibilidades de
ação política e no desenvolvimento de condições objetivas de superação da supremacia
da lógica do capital na economia é algo da maior relevância e urgência. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Por fim, é
fundamental levar este debate adiante e ao seu limite possível para que
saibamos nos posicionar com visão mais estratégica nos enfrentamentos ao qual
somos convocados, no Brasil e no mundo, e também saber localizar nas pautas das
burguesias e seus governos o que é de curto, médio e longo alcance, construindo
a nossa pauta de resistência com as devidas hierarquias e prioridades, com
bases político-programáticas amparadas cientificamente.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">III – Limites do
desenvolvimento das forças produtivas na geografia vivida apenas no ambiente analógico-macroscópico
do século XX<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Frente a esta
situação de crise, talvez um caminho a ser explorado seja assumir que o
capitalismo realmente conseguiu movimentar-se, adaptar-se e submeter aos seus
interesses e à sua dinâmica a plenitude do espaço geográfico no planeta Terra, cujo
manejo social no século XX ainda se baseava nas tecnologias analógicas e na física
newtoniana. O planeta Terra, sentido e explorado nos limites destas
tecnologias, ainda seria demasiado grande, tornando o capitalismo objetivamente
invencível pelas forças pós-capitalistas. Os limites impostos por esta geografia,
ou seja, desta infraestrutura no conceito marxiano, com estes limites
tecnológicos, entraram num tipo de sinergia no processo de produção e
circulação de riquezas que acabaram impondo uma espécie de “teto” ao processo
de desenvolvimento de formações econômicas e sociais estruturalmente distintas
ou superiores. Sair do capitalismo seria similar a um “cachorro tentando morder
o próprio rabo”, em velocidade cada vez maior, e perdendo para o cansaço. A questão
é esta: o pós-capitalismo então teria sido uma impossibilidade objetiva no
século XX? Os limites de nossas possibilidades de experiência sensorial no
espaço e no tempo, na geografia como ela se apresentava e se permitia ser
sentida e explorada como prática social no século XX, teria imposto à
humanidade ter que conviver com o capitalismo, mesmo na mais profunda crise? <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">É uma
hipótese a ser levada seriamente em consideração, caso contrário corremos o
risco de apenas fulanizar a história da luta socialista no século XX, como
muitos já o fazem, culpando Mao, Stalin, correndo o gravíssimo erro de não tirar
daí todos os ensinamentos possíveis e imprescindíveis. Os socialismos reais ou
supostamente reais que se debateram e se debatem ainda hoje, heroicamente,
corretamente e felizmente, no árido movimento anticapitalista, pelo visto não
teriam a capacidade de perfurar este teto, pois no estrito limite da infraestrutura
e das relações sociais no espaço e no tempo dela decorrentes, o desenvolvimento
das forças produtivas não encontrou magnitude tal que as colocassem em
contradição definitiva e incontornável com as relações sociais de produção
efetivamente existentes, ou seja, o capitalismo, seu mercado e sua alienação.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Dito a partir
de outro ângulo, as forças produtivas desenvolvidas no século XX não permitiram
uma compressão tal do espaço-tempo (conceito chave em David Harvey) que
tornasse o planeta Terra em algo microscópico, situação que parece ser uma
pré-condição para o pós-capitalismo vir à superfície, diante da capacidade de
adaptação do modo de produção capitalista a um mundo ainda limitado na prática
social cotidiana à proporções macroscópicas. As lutas que vimos empreendendo, imprescindíveis,
na verdade sempre teriam sido abastecidas pela subjetividade de honestos lutadores
socialistas e do povo, que não exige um protocolo de garantia de saída do modo
de produção capitalista para resistir, ao limite, contra as condições
degradantes impostas inexoravelmente como subproduto do funcionamento do
mercado capitalista cada vez mais predatório e excludente.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">IV – O Século XXI e a
geografia mundial na era digital-microscópica<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Em 1998, durante o governo do socialista Lionel Jospin
na França, uma importante jornada de debates, patrocinada pelo seu Ministério
da Educação, foi coordenada pelo renomado pensador Edgar Morin. As “Jornadas
Temáticas”, como foram idealizadas por Morin, apresentavam “A Religação dos Saberes”
como um grande desafio do século XXI – vejam que espetacular ação um governo
socialista pode e deve levar adiante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foram
oito jornadas com renomados pensadores de várias áreas. A sétima jornada, sobre
culturas adolescentes, teve como um dos temas Cybercultura e Infoética.
Phillipe Quéau, cientista responsável pela problematização da temática,
levantou um conjunto de considerações sobre as grandes contradições presentes
nesta revolução, sobre seus impactos culturais, sociais, econômicos e
políticos. Em meio a muitas interrogações, notem a afirmação: estávamos vivendo
uma revolução. Citando as teses do antropólogo francês André Leroi-Gourhan,
para quem as grandes etapas da civilização humana foram marcadas por abstrações
radicais: o grito abstraiu-se na fala; a mão na ferramenta; o oral no escrito
(o que não deixa de dialogar com o método marxiano), Quéau conclui que o real
estaria então se abstraindo no virtual neste exato momento histórico, com
impactos na civilização que poderiam ser tão transformadores quanto a criação
do alfabeto.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">O domínio das tecnologias digitais e sua popularização trouxe-nos
à internet e a todo um conjunto de ferramentas/aplicativos de comunicação,
linguagem, interação, informação e processamento de todos esses conteúdos
convertidos em dados matemáticos, informação numérica que pode ser compactada em
dispositivos de armazenamento cada vez maiores em memória e menores em tamanho
físico ou então na nuvem digital. Com a convergência digital inevitável entre
informática e telecomunicações, criou-se assim uma espécie de novo ambiente
societário, territórios informacionais, de troca, de trabalho, de lazer, de
estudo, de crimes, enfim. A geografia do planeta assumiu uma dimensão,
finalmente, microscópica. Neil Armstrong, em 1967, chegou à Lua com um
computador de 2 KB (2 mil bytes) de memória RAM. Hoje não é difícil encontrar
um telefone celular com 8 GB (8 bilhões de bytes) de memória. A proporção do
salto é esta. Os continentes e todos os recantos do planeta já estão conectados
à velocidade da luz como uma prática social cotidiana. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">A esta revolução somam-se outras. Apenas quinze anos
nos separam daquelas pertinentes reflexões de Quéau. As redes sociais deram um
salto; as impressões em 3D já são uma realidade. Nos EUA, já há a preocupação
por parte da indústria de armas com a impressão de armas de fogo, baixadas pela
internet, em ambientes domésticos. Em 2013 foi comemorado o primeiro teletransporte
de um corpo macroscópico em distância também macroscópica, feito com sucesso
numa associação entre alemães e chineses. Os avanços permanentes na química fina
não são menos animadores. A compressão do espaço-tempo no planeta para a interação
de dados/pessoas em larga escala na velocidade da luz, aliado a estas tecnologias
assessórias, abre hipóteses que podem ir muito além do que possamos imaginar, na
cultura em geral, no gerenciamento e fiscalização da gestão pública, no
aprimoramento da democracia, enfim. Mas o que nos interessa aqui são os
impactos possíveis na economia política, na consciência social a respeito das
relações sociais de produção.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">V – Movimento das forças produtivas, enfim, em
confronto direto com a estrutura econômica do Capital</span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></b></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Acreditamos que aqui esteja o ponto mais difícil deste
texto, pois não vamos apenas narrar fatos históricos sistematizados para
amparar uma hipótese. Vamos trabalhar sobre o presente e sobre o futuro,
tentando utilizar da melhor forma o modo de análise marxiano. Além de mais
difícil, também é o mais importante, o “pulo do gato”, o ponto mais alto de
todo este debate, pois se localiza neste tópico a questão da alienação do
trabalho no modo de produção capitalista nesta nova realidade. <o:p></o:p></span></span><br />
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Trabalhamos com a hipótese de que podemos estar vivendo
um momento histórico em que a alienação imposta pelo Capital ao Trabalho, o
teto imposto à criatividade humana, o estranhamento do Trabalho com aquilo que
ele próprio cria, a escravização de sua consciência, ficará à vista como uma
fratura exposta, desnudando ao mais simples dos mortais toda a irracionalidade e
os truques do capitalismo em sua luta por sobrevivência, todo o seu parasitismo
e obsolescência.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Istvan Meszaros nos ajuda a compreender melhor o
conceito de alienação em Marx: “(...) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o
desenvolvimento da divisão funcional – em princípio universalmente aplicável - do
trabalho constitui a dimensão horizontal potencialmente libertadora do processo
de trabalho do capital. Porém, essa dimensão é inseparável da divisão vertical/hierárquica
do trabalho no quadro de estrutura de comando do capital. A função da dimensão
vertical é proteger os interesses vitais do sistema assegurando a expansão
contínua da extração do sobre trabalho baseada na exploração máxima praticável
da totalidade do trabalho. Consequentemente, a força estruturante horizontal só
pode se desenvolver até o ponto em que permanece sob o controle firme da dimensão
vertical no horizonte reprodutivo do capital. Isso quer dizer que ela só pode
seguir sua própria dinâmica até o ponto em que os desenvolvimentos produtivos
seguintes permaneçam contidos nos parâmetros dos imperativos do capital. As
exigências de controle de ordenação vertical do capital constituem o momento
supremo na relação entre as duas dimensões. Mas, ao passo que na fase
ascendente do desenvolvimento do sistema as dimensões horizontal e vertical se
complementavam por meio de trocas recíprocas relativamente flexíveis, uma vez
terminada a fase ascendente, o que antes era momento predominante de um
complexo dialético se transforma numa disruptiva unilateral, que traz em si
graves limitações ao desenvolvimento produtivo (...)</i>”. Mesmo não observando
a importância da compressão do espaço-tempo no movimento das forças produtivas
e na produção dialética de uma consciência social que se choque com a dinâmica alienante
do Capital, o raciocínio de Meszaros, intérprete das obras de Marx, é de uma precisão
metodológica cirúrgica, como esperamos mostrar.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">A rede mundial de computadores, a internet, como está
amplamente popularizada, se estabelece exatamente numa estrutura vertical, numa
relação “cliente <> servidor (máquina central)”. Toda vez que um usuário
quiser baixar um arquivo que está na rede, por exemplo, terá que “pedir
autorização” para o seu servidor, que obviamente é uma empresa capitalista. O
servidor acaba funcionando como uma espécie de pedágio ou posto de fiscalização,
que diz o que pode e o que não pode ser disponibilizado gratuitamente e aquilo
que só será disponibilizado mediante desembolso financeiro. Qualquer semelhança
com uma espécie de feudo medieval encravado na geografia digital, impedindo a
passagem do progresso, não é mera coincidência. Esta estrutura vertical
torna-se menos produtiva, mais pesada, menos segura e agrega menos qualidade em
serviços procurados por clientes/usuários na medida em que já é possível
estabelecer-se amplas redes horizontais, mais rápidas, mais leves, mais seguras
e, principalmente, totalmente democráticas e dependentes desta democracia. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">É o que acontece com a arquitetura P2P (Peer to Peer),
ou Ponto a Ponto, uma rede que se sobrepõe horizontalmente à relação vertical, como
um viaduto, permitindo que todos os clientes/usuários relacionem-se diretamente
uns com os outros, sem servidores. Todos são ao mesmo tempo clientes e
servidores, compartilhando tudo, de arquivos a memórias. A colaboração e a
solidariedade são as bases da ética aí construída, não há propriedade privada
possível, tudo é coletivo, não por uma questão de natureza moral, mas porque
assim se agrega mais produtividade e qualidade ao “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Commons</i>”, ou “bem comum”, que os levou até ali. Neste universo,
ainda embrionário, a sociedade e seus indivíduos livremente associados, querem
e podem administrar não a fraude da escassez, mas a abundância daquilo que
necessitam. De cada um conforme suas potencialidades, para cada um conforme
suas necessidades, com plena liberdade.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-family: Calibri;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Michel Bauwens, criador da Fundação P2P, explica melhor
do que se trata, em entrevista concedida ao site Cultura Digital: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">O commons e o p2p são apenas aspectos diferentes do mesmo fenômeno, o
commons é o objeto que a dinâmica p2p está construindo, e o p2p ocorre onde há
bens comuns. Lembre-se, eu não uso o termo p2p em um sentido puramente
tecnológico, mas em um sentido sociológico, como um tipo de relacionamento
(...)”</span></i><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"> “(...) </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">o movimento
p2p tem um papel histórico muito importante a desempenhar, mas que é bastante
difícil quantificar isso. Primeiro, o que queremos dizer quando falamos de um
movimento p2p? O conjunto de causas subjacentes está ligado à horizontalização
das relações humanas que é viabilizada pelas tecnologias p2p, entendida no
sentido amplo de permitir a agregação de indivíduos livres em torno de valores
compartilhados ou na criação de valor comum. Este é, naturalmente, uma grande
mudança social. Poderíamos argumentar que uma emergente vanguarda
sócio-cultural está ativamente construindo novas formas de vida, novas práticas
sociais e novas instituições humanas (...). Em todo o mundo estamos vendo
emergir comunidades que estão desenvolvendo novas práticas sociais que são
informadas pelo paradigma p2p. Em um outro nível esta é também uma revolução
ética, que registra o crescimento de valores fundamentais tais como abertura
(openness, a qualidade de ser aberto) e liberdade em relação às ‘entradas’
(inputs) compartilhadas em processos de produção entre pares; participação e
inclusividade como elementos básicos do processo de cooperação; e uma
orientação ao ‘commons’ (distribuição universal) na gestão das saídas (outputs)
do processo. Economicamente, por exemplo, um estudo recente estimou que o setor
de conteúdo aberto nos EUA iria alcançar</span></i></span><span class="apple-converted-space"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"> </span></i></span><span style="font-family: Calibri;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">um sexto do PIB. Finalmente, existem as novas expressões políticas. Eu
considero as praças ocupadas na Europa como expressões desta emergente
mentalidade p2p. Você poderia dizer que o movimento tem duas alas, uma ala
construtiva de pessoas desenvolvendo novos instrumentos e práticas, como, por
exemplo, descrito no livro de Chris Carlsson, Nowtopia, e uma ala mais ativa de
resistência ao neoliberalismo, que está buscando formular novas maneiras de
conceber as mudanças sociais, e que não são cópias carbono das abordagens da
velha esquerda. No entanto, é importante ressaltar que este movimento está
ainda em uma fase precoce de emergência, e não em nível de paridade com o mundo
neoliberal mainstream (...)</span></i><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">.”.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Chega a impressionar como os termos e projeções visuais
usados por Marx e Meszaros são exatamente os mesmos em que se dá a arquitetura
do conflito incontornável entre a dimensão horizontal libertária de produção e
criatividade e o filtro alienante que impede a progressão, presente na dimensão
vertical. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Em nosso sentir, está um curso uma revolução pós-capitalista, ou
disruptiva unilateral para usar o termo de Meszaros. Ela não se dá pela via das
relações analógico-macroscópicas; não se trata de uma reação de maiorias
excluídas, exploradas e oprimidas com força tal para subverter a ordem
hegemônica do capital. Sobre isto, a esquerda socialista mundial já viveu melhores
momentos e não seria a chegada aos portões da barbárie ou uma suposta crise
civilizacional – principalmente por conta da crise ambiental - que geraria uma
reação com eficácia. O proletariado revolucionário de Marx migrou das fábricas
para a geografia digital.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">A revolução pós-capitalista que tratamos aqui, seguindo
as leis do materialismo histórico fundado por Marx e Engels, só poderia mesmo ser
“anunciada” por um sujeito social cujo interesse maior não é apossar-se do mundo
velho, sobreviver nos/dos escombros de um mundo ainda predominantemente analógico
na sua face produtiva, mas sim de um mundo novo, que brota naturalmente e
dialeticamente de sua atividade laboral, que se vê impedida de progredir pelas
forças do atraso do Capital. Esse sujeito, por excelência, tem que ser o mais
qualificado, o mais produtivo, o mais criativo, precisa ser o que de mais
elevado a cultura sob o capitalismo conseguiu produzir, como previu Marx, de
forma que ele próprio se torne portador, porta-voz, artífice e principal defensor
deste novo mundo, do futuro, incapaz de conviver com a alienação que o Capital
lhe impõe. Aquela nação mais desenvolvida no capitalismo, apta a ser o palco
deste teatro revolucionário, é uma aldeia global digitalizada. <o:p></o:p></span></span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">VI – A “mão invisível” e o “espírito do capitalismo”
migrando para um metabolismo econômico e social colaborativo em redes
horizontais. <o:p></o:p></span></span></i></b><br />
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Adam Smith e Max Weber, sabedores ou não do uso que
seria feito de suas produções intelectuais, estão entre os pensadores que mais
profundamente alicerçaram ideologicamente o capitalismo e seu mercado. A teoria
da “Mão Invisível”, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">laissez faire</i>,
o “Espírito ‘democrático’ do Capitalismo”, supostos princípios de liberdade e
democracia, enfim, sempre se articularam fortemente com o liberalismo
econômico. As condições de liberdade e a democracia, supostamente inatas ao
ser, confeririam então ao capitalismo uma espécie de status de naturalidade e
inclusive de vitaliciedade. <o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Como se depreende dos tópicos anteriores deste texto,
foi esta superestrutura ideológica, sua subjetividade, sua ética, este espírito
e este impulso natural em busca da satisfação de interesses, que permitiu ao
capitalismo suas metamorfoses e o desenvolvimento sem freios aparentes das
forças produtivas e da criatividade humana no século XX; e que deu ao modo de
produção capitalista uma autoridade moral e intelectual que se revestiu de
hegemonia política - para usar um conceito de Gramsci - até os nossos dias. <o:p></o:p></span></span></div>
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Diante das hipóteses que levantamos, como ficam os
alicerces lançados por Smith e Weber? Ficam obsoletos e vão perdendo
pertinência como acreditamos que vá acontecer com o modo de produção
capitalista? Ou deslocam suas linhas de força para outro plano, indo sustentar,
moral e intelectualmente, novos metabolismos econômico-sociais, deixando o modo
de produção capitalista seminu, desprovido de razão e consequentemente de
autoridade?<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Parece-nos que a segunda opção é a mais plausível e
isto é de absoluta relevância, pois a disputa de poder político é antes de tudo
uma disputa por hegemonia, ou seja, pela pacificação de uma maioria ideológica na
consciência social, uma hegemonia da liberdade e da democracia, algo muito mais
belo e dialogante com nosso tempo do que Ditadura do Proletariado, um conceito
mal compreendido e caricaturado, é verdade, mas que nem por isso lhe tira a simbologia
de uma carranca assustadora.<o:p></o:p></span></span></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">VII – Pós-capitalismo é igual a socialismo?<o:p></o:p></span></span></i></b><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Como afirma Michel Bauwens, do ponto de vista das possibilidades no
universo da economia, o real abstraído no virtual ainda é bastante embrionário,
mas é absolutamente previsível para os que se utilizam do método marxiano que
aí brotam novos burgos, de onde sairão os milionários de uma nova riqueza: o
conhecimento, a “polpa” do valor-trabalho, origem primeira da riqueza. A
esquerda socialista precisa estudar as dinâmicas deste processo. Parece estar
em relevo que este pós-capitalismo conjugará uma formação econômica híbrida,
sem hegemonia do capitalismo, claro – o que não significa a extinção desta
formação no curto prazo -, mas com cooperativismo/colaboracionismo/solidarismo,
formas coletivizadas, formas estatais, anarco-liberais, com muito
empreendedorismo individual, pois, até onde nossa abstração alcança, não vemos
como haver ricos, detentores de capital, nestas relações sociais de produção,
pois não haverá acumulação de capital em massa. Talvez o capitalismo apodrecido
por tanto tempo no século XX tenha represado tantas forças produtivas e
criatividade que esta hibridez seja uma necessidade objetiva do novo “sistema”
que poderá brotar.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">VIII – Algumas palavras sobre ativismo quântico<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Colocamos propositadamente no título deste texto o termo “infraestrutura
quântica”, mesmo sabendo que falaríamos quase nada sobre isto, mas para deixar
claro nossa convicção na ortodoxia do método marxiano. Entendemos que os
processos analógicos estão para os processos digitais assim como a dimensão da
física newtoniana está para a física quântica. Seguindo as leis do movimento,
da dialética, é razoável pensar que, assim como as tecnologias analógicas foram
superadas pelas digitais, também esta será superada. </span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span><br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">Desde o início do século
XX a energia quântica ganhou status de ciência. Suas características, porém,
escapam ao conceito mais rigoroso de técnica científica como a cultura ocidental
a concebe, sendo suas práticas ainda confinadas ao universo do exótico e do
alternativo, notadamente na medicina e outras áreas que atuam sobre o corpo
humano. Cientistas respeitados no mundo, como o físico nuclear indiano Amit
Goswami, tem feito um largo esforço para difundir o ativismo quântico que,
grosso modo, contribui de forma extraordinária para diminuir sensivelmente a
distância que separa a ciência da fé religiosa, explicando cientificamente
fenômenos reais até então inexplicáveis. Este tema e esta dinâmica não podem
escapar à atenção dos socialistas, que devem ter em sua prática política o
compromisso com o desenvolvimento destes conhecimentos, ainda mais quando se
torna cada dia mais previsível que talvez uma das últimas trincheiras do Capital
seja exatamente na área das ciências médicas e biomédicas.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">IX </span></i></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">– O que é o socialismo no século XXI?<o:p></o:p></span></i></b></span></div>
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="font-family: Calibri;">O método marxiano não pode servir apenas para constatarmos, a
posteriori, que ele é eficaz. Ele deve ser utilizado para orientar a ação do
movimento socialista, prevendo o devir. Este é o objetivo supremo da ciência,
apreender os fenômenos para que possamos prevê-los e anteciparmo-nos a eles, preparando-nos
para recebê-los da melhor forma, ou influindo sobre eles, sobre seus ritmos,
sobre seus desdobramentos, ou mesmo evitando que aconteçam, quando for
conveniente e necessário ao bem comum.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;"><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Como afirmamos na apresentação deste texto, já há alguns anos que
estamos observando estes fenômenos e também o fato de haver uma desconexão
entre a luta anticapitalista e a luta pós-capitalista. A primeira se dá no
campo macroscópico, a segunda no microscópico. A primeira é resistência, é anti,
e este é seu limite histórico-geográfico, objetivo; a segunda é superação, é
pós, e seu limite hoje são barreiras apenas subjetivas, impostas pelos
interesses de lucro do Capital. </span><span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;">O desafio da esquerda socialista nesta nova era é saber costurar estas
dinâmicas para combater o inimigo comum: a alienação do Capital, que impede que
a satisfação plena das necessidades humanas, no mundo analógico e digital, seja
alcançada através do exercício da liberdade criativa e sem limites nas relações
sociais de produção orientadas pelo bem comum, ou pelo comunismo, como queiram.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Lênin, após o
triunfo da Revolução Russa, foi perguntado sobre o que era socialismo para ele.
Sua resposta: “Socialismo = Soviets + Eletricidade”. Se nos fosse perguntado o
que é o socialismo ou uma proposta socialista hoje, responderíamos: “Socialismo
= democracia e liberdade política radical + inclusão digital indiscriminada e horizontalizada
em banda larga”. Com um pouco de poesia: “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">o socialismo é o caminho da desalienação que
liberta e nos enche o peito de vontade de viver o futuro</i></b>”.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<span style="font-size: 9pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">*<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Edilson Silva, 44, é técnico eletromecânico,
estudou Economia na UFPE (não graduado), é graduando em Direito e há mais de 20
anos dedica-se ao movimento sindical, como sindicalista e assessor político em várias
entidades. É fundador e presidente do PSOL-PE e Secretário Geral Nacional do mesmo partido,
sendo candidato a governador de Pernambuco em duas ocasiões, 2006 e 2010, e
também à prefeitura do Recife em 2008. Em 2012 foi candidato a vereador do
Recife, sendo o 3º mais votado da cidade, não assumindo uma cadeira por deficiência do
quociente eleitoral.<o:p></o:p></i></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p> </o:p></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-33504043000222673742013-06-14T12:09:00.000-07:002013-06-14T12:09:45.149-07:00Possibilidades pós-capitalistas na infraestrutura digital e quântica, ou como retomamos o socialismo científico pelo método dialético-histórico<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;">Por Edilson
Silva*</span></span></i></b><br />
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;"></span></span></i></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib6XxOj2QYEW7XZhayhl3T7_wwdmWt9emKyVtMDRVbtCJsyO48E3iTxtvTnXIwJ8m7k5yC0K3wgzV703cverPDi8KdgTTNmsaRb8yKUURUfC9aHjt_TarLzUUwRpQqNAliUUk1SHXOS3M/s1600/new+commons.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEib6XxOj2QYEW7XZhayhl3T7_wwdmWt9emKyVtMDRVbtCJsyO48E3iTxtvTnXIwJ8m7k5yC0K3wgzV703cverPDi8KdgTTNmsaRb8yKUURUfC9aHjt_TarLzUUwRpQqNAliUUk1SHXOS3M/s400/new+commons.jpg" width="400" /></a></div>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;">Introdução<o:p></o:p></span></span></i></b><br />
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><span style="color: black;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Este texto,
apesar do título pretensioso, é apenas uma contribuição ao debate sobre a
atualidade do socialismo como estratégia de sociedade, dialogando com os que se
veem sem respostas substantivas diante do que se convencionou chamar “crise do
socialismo”. Pretendemos circular esta contribuição prioritariamente entre os militantes
do PSOL que constroem o agrupamento interno “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Somos PSOL</i></b>”, mas também
entre os que conosco militam e compartilham sonhos de mudança na ordem
econômica e social, buscando alternativas de longo prazo, teóricas e programáticas.
Trata-se de uma continuação, menos descuidada, de um texto também produzido por
nós já em 2011, “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">As digitais de Marx nos
vestígios de pós-capitalismo</i>”, em que já especulávamos as hipóteses aqui
apresentadas, da impossibilidade objetiva da superação da hegemonia da economia
de mercado no século XX e das possibilidades objetivas desta superação a partir
das conquistas tecnológicas que permitem a abstração do real no virtual no
século XXI e das perspectivas científicas e tecnológicas no universo na física
quântica.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Abrimos aqui,
como verão os que se dedicarem à leitura, muitas “janelas”. É na verdade uma
tempestade de ideias e como tal guarda certamente imprecisões, talvez precipitações,
inadequações de categorias, sobretudo pelos limites do autor desta tempestade,
que confessadamente não reúne as melhores condições para esta empreitada. Mas a
impaciência e a urgência de respostas, aliado às nossas responsabilidades de
dirigente e referência política, falaram mais alto, diante talvez de uma também
incapacidade nossa de perceber, na produção acadêmica formal, respostas satisfatórias
diante das demandas concretas colocadas para o movimento socialista neste
início de século. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Há, por
óbvio, produção, informação e conhecimentos neste sentido - e é onde tentamos
buscar as respostas -, mas parecem estar dispersos, não sistematizados como
pensamos ser o mais correto e não se convertendo, portanto, em possibilidade de
aplicação como uma teoria eficaz, para a compreensão do que ocorre na luta de
classes neste caldeirão pós-moderno e aparentemente pós-ideológico; nem numa
perspectiva sincera de gerar a unidade de ação da luta anticapitalista que
ainda se dá no plano analógico-macroscópico, com aquela que se desenvolve no
plano digital-microscópico. Dinâmicas que se dão, ainda, separadamente. </span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"></span><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;">Logo, é uma extrema
ousadia de nossa parte, mas esperamos e estamos abertos à prática da construção
colaborativa para aferir o que há de sustentável a ser desenvolvido e o que
deve ser abstraído ou corrigido. É um convite à discussão. Fizemos um esforço
quase desumano para comprimir ao máximo o texto e garantir a leitura do máximo
de interessados em interagir. A ideia é que sirva para a militância concreta. Boa
leitura e vamos ao debate!<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;">I – A vitória
da hegemonia da economia de mercado no século XX. Um fato histórico. <o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";"><span style="color: black;">Em “A ética
protestante e o espírito do capitalismo”, Max Weber afirma que as tentativas de
superação do capitalismo são coisas do jardim de infância da história cultural.
A crítica tem um endereço certo: as teses políticas de Marx e o movimento
socialista que se avolumava em sua época, sobretudo na Alemanha. Escrito em
1908, o texto de Weber já é um ancião, com seus 105 anos. A história deste
pouco mais de século que nos separa, deixou marcas sensíveis de consentimento
às palavras de Weber. O capitalismo, como ele o via, é realmente resistente, e
talvez mesmo insuperável.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Tento
explicar. Weber empresta ao seu capitalismo conceito distinto daquele dado por
Marx. O primeiro trata o capitalismo como um impulso humano natural em busca de
seus interesses – ação social racional em relação aos fins, ou interesses
capitalísticos, quando forem materiais -, presentes desde sempre na história da
cultura humana. O segundo trata o capitalismo como um modo de produção
historicamente determinado, localizado num encadeamento cronológico-histórico, lógico-dialético,
de transformação das formações econômicas e sociais. Visto com mais cuidado e sem
paixão ideológica, há a hipótese da convivência entre as ideias dos dois
gigantes do pensamento social. O capitalismo a que Marx se refere, um modo de
produção de caráter transitório segundo seu método, é aquele que encontrou na
ética protestante, segundo Weber, o seu espírito de organização racional numa
sociedade/mercado de homens livres, que comercializam sua força de trabalho neste
mercado, tornando-se, então, também mercadoria, e sofrendo, portanto, não só um
processo de exploração, mas também de alienação, com os respectivos
desdobramentos que vamos tratar mais a frente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">O movimento
socialista bate-se hoje com os mesmos temas levantados lá naquele início de
século passado: o debate sobre as possibilidades de ultrapassagem do
capitalismo. Não se trata de debater a necessidade desta ultrapassagem, mas a
sua possibilidade. Debatemos hoje, porém, com uma grande desvantagem política:
no início do século XX a utopia socialista era uma força social viva e vibrante.
Vencido este século, tão intenso, este parece ter dedicado mais atenção ao que
aparecia na superfície do pensamento de Weber, com os socialistas nitidamente
na defensiva, a ponto de uma relevante articulação de organizações socialistas
francesas de caráter mais radical, de forte conteúdo trotskista, há poucos anos
ter fundado um novo partido que não se chamava socialista, mas tão somente
NPA-Novo Partido Anticapitalista. O que estava explícito e implícito no nome já
revelava suas certezas e suas incertezas. No Brasil, o fato do partido de maior
repercussão na reorganização da esquerda socialista recente, Partido Socialismo
e Liberdade, precisar adjetivar seu socialismo com o nome liberdade, é também reflexo
deste quadro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Antes de
qualquer acusação de anticomunismo, reafirmo que, para o bem e para o mau,
ninguém está autorizado a acusar os socialistas e comunistas de não terem
enfrentado a fúria de um capitalismo descontrolado, com suas duas grandes
guerras, suas crises violentas; de não terem tentado erguer formações
econômicas e sociais mais avançadas. Ninguém pode negar o papel de antítese que
o comunismo no século XX cumpriu na síntese de um capitalismo ocidental menos
incivilizado, de ter feito a maior parte na derrota da maior ameaça à humanidade
no século XX, o nazismo. Mas, por outro lado, é muito difícil negar que este
comunismo também ensinou, da forma mais traumática, o que não se deve fazer em
nome do socialismo: sufocar a democracia e a liberdade. O resultado, ao final
de tudo, foi um salto ornamental, por absoluta força de uma espécie de
gravidade (para não usar a força de uma mão invisível) de volta ao tablado da
economia de mercado, não pela ação de um exército físico invasor, mas pela ação
espontânea e decidida de seus próprios povos em luta.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Além disso,
as lutas anticolonialistas da segunda metade do século passado tão pouco construíram
formações econômicas e sociais que nos deixassem à vontade sem antes termos que
fazer uns tantos reparos. A China, além das críticas à falta de liberdade e
democracia, está mais que inserida no mercado mundial; na verdade é uma
potência cuja solidariedade nas relações econômicas com outras nações está
absolutamente ausente e, mais que isto, anima no mercado mundial uma corrida
concorrencial que solapa os direitos de trabalhadores em todos os cantos do
planeta. A heroica Cuba, também com inegáveis problemas no quesito democracia e
liberdade, resistiu o quanto pode, mas se arrasta, com dignidade, à adaptação
ao mercado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">As grandes
mobilizações antiglobalização do início dos anos 2000, questionando Davos e com
seus Fóruns Sociais Mundiais, se limitaram ao debate da ética e solidariedade e
outras importantes questões neste terreno, mas nada que se sobrepusesse ao
capitalismo e seu mercado (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Um outro mundo
– capitalista e cheio de ONGs - é possível!</i>). Os países latino-americanos
que romperam com o torniquete imperialista já no século XXI, como Venezuela,
Bolívia e Equador, para citar os mais badalados pela esquerda, ainda têm suas
economias funcionando, mesmo com formas mistas convivendo conjuntamente, dentro
do quadrilátero do mercado capitalista. O saudoso Hugo Chaves Frias, talvez o
mais preocupado dentre os líderes latino-americanos recentes com a afirmação
ideológica de uma ruptura anticapitalista, falava mais em bolivarianismo que em
socialismo. As supostas primaveras árabes que sacodem aquela região parecem
mais solapar governos fora da ordem ocidental, mas com forte viés autoritário,
numa perspectiva mesmo de desorganização daqueles estados e de ocidentalização
do seu modo de vida, ou seja, caminham, na melhor das hipóteses – pois há a
possibilidade de retrocessos teocráticos - para democracias liberais
capitalistas bem comportadas e submissas ao capital internacional. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">Em suma, tudo
indica que os problemas do socialismo no século XX não estiveram circunscritos
apenas às questões do exercício do poder político, mas – e talvez seja esta a
lição mais profunda, pois não dependia de condições apenas subjetivas, mas
objetivas -, sobretudo, não conseguiram construir uma formação econômica hegemônica
com um metabolismo espontâneo de produção e circulação de riquezas baseado na
solidariedade, na colaboração e na sustentabilidade, na não-alienação, ou que,
de alguma forma, tivesse pelo menos algum embrião de não-desenvolvimento
natural da tendência à acumulação e reprodução de capital com base na
concorrência predatória. Nenhuma experiência conseguiu erguer uma formação
econômica que produzisse riqueza, ou seja, incorporação de valor-trabalho num
processo produtivo, com mais qualidade e produtividade que o capitalismo e
baseado no trabalho de homens ao menos supostamente livres, repetindo o que foi
a dinâmica de superação do feudalismo pelo capitalismo. A economia, neste
século, se mostrou um organismo vivo e autônomo, rebelde, não um deus como
querem os liberais, mas com regras bem hospedadas no espírito humano
sintetizado no curso histórico, algo que se mostrou ainda indomável às
pretensões socialistas no século XX.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">A
impressão que fica é que sobrou aos socialistas apenas uma espécie de vitória
moral ou exercício de profissão de fé, onde o lócus da vitória maior, para
alguns, não estaria sequer nas nações que ergueram Estados se contrapondo ao
capitalismo. Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, no final de 2011, um
insuspeito Antônio Cândido, parte viva da luta socialista no Brasil, fez as
seguintes afirmações, me parecendo expressar bem o sentimento mais honesto: “(...)
</span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">eu
acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo. E não é
paradoxo.</span></i><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif";">(...) </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem
tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser
explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo,
cristianismo social, cooperativismo... tudo isso. Esse pessoal começou a lutar,
para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que
doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida
não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para
as crianças. Coisas que hoje são banais.</span></i><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif";"> </span></i><span style="font-family: "Georgia","serif";">(...)” <i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Marx diz na “Ideologia Alemã”: as necessidades humanas
são cumulativas e irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço.
Quando você descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre
o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com
meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se
pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com
suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter
férias... tudo é conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na
Rússia (...)”.<o:p></o:p></span></i></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Eduardo Galeano, discorrendo sobre a utopia, num texto que
jovens socialistas adoram postar em seus perfis no facebook, parece querer
colocar poesia na resignação de Antônio Cândido: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black;">A utopia está lá no horizonte. Me aproximo
dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre
dez passos. Por mais que eu caminhe, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>jamais
alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de
caminhar”. </span></i><span style="color: black;">Em profundo respeito a Galeano
e à poesia que guarda seu texto, melhor não ser tão sincero sobre as múltiplas
interpretações e sensações de desconforto que suas palavras ensejam quando
tratamos de luta política, de disputa de hegemonia.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">David Harvey, intelectual marxista inglês que
muito tem influenciado nossas reflexões políticas recentes, não se incomoda em
afirmar em suas entrevistas e exposições, após explicar brilhantemente as
razões e a dinâmica das crises do capitalismo, que os socialistas marxistas
como ele não têm soluções concretas, um modelo alternativo a apresentar a esta
situação. Istvan Meszaros, em seu ensaio “O Século XXI: Socialismo ou Barbárie”,
publicado em 2001, ensina muito bem o conceito de alienação em Marx, mas
resolve se atirar na política e então faz previsões catastrofistas sobre o
imperialismo norte-americano que, hoje sabemos, não sobreviveram a uma única
década sequer. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Slavoy Zizek, numa de suas obras cujo
título sugere caminhos para a superação da crise do socialismo, “Em defesa das
causas perdidas”, absolve Stalin – “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O
Stalinismo revisitado, ou como Stalin salvou a humanidade do homem</i>”, é o
subtítulo de um dos capítulos - com o argumento de que aquela experiência
“socialista” poderia ter sido muito pior, citando trechos tenebrosos de
escritos de Leon Trostky sobre a natureza humana e de Alexey Gastev, um
engenheiro e poeta, administrador do Instituto do Trabalho russo, que era obcecado
em biomecânica e realizava experiências para que os homens trabalhassem como
máquinas e não mais fossem reconhecidos como pessoas, mas como “unidades
proletárias”, identificados com números ao invés de nomes. Ou seja, Stalin
ainda não foi o pior que o comunismo poderia ter produzido, excluindo, claro, a
flagrante patologia do Camboja, que de tão absurda sequer entra na literatura. </span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;">Então, estaria a humanidade condenada a tão
somente humanizar o capitalismo numa ação política nos limites do anticapitalismo?
O capitalismo, já em sua fase senil, destrutiva, abre-alas e pavimentador dos territórios
da barbárie social, com sua “destruição criadora”, com suas obsolescências
planejadas criminosas, seria ainda assim reformável e administrável? Não
estaria mais na pauta dos socialistas a construção de uma formação econômica e
social hegemônica em que a solidariedade e a colaboração espontâneas no
processo produtivo, com plena liberdade, seriam os pilares para a construção de
uma nova consciência social, de um mundo novo? O capitalismo não seria mais um modo
de produção transitório, que abriria, ele mesmo, as condições objetivas para o
surgimento de outra formação econômica hegemônica, como se depreende
naturalmente da aplicação do método marxiano? Este método, então, teria perdido
sua aplicabilidade e estaria condenado ao exotismo do mero exercício ideológico
no intramuros de meios acadêmicos, transformado em dogma e protegido por
instituições e intelectuais bem entrincheirados, somente?</span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"></span><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;">A situação de crise de paradigmas e as respostas
que vão sendo dadas por notáveis intelectuais socialistas sobre as saídas (im)possíveis
levam outros socialistas honestos e de bom senso - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>de envergadura intelectual incomensuravelmente
inferior, mas que estão no front das operações políticas de disputa de poder,
como é o nosso caso - a fazerem-se as perguntas acima. Estamos, até o limite de
nossa compreensão, entre os que entendem o método marxiano como imprescindível
para compreender a dinâmica econômica e social no século XXI, dando-nos plenas
condições de militar politicamente para mudar o mundo, pois é disto que se
trata quando militamos pela estratégia socialista. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Mas pensamos que a resposta honesta a estas perguntas
exigirá do movimento socialista admitir a dor de um parto difícil, despir-se de
subjetividades meramente ideológicas e apegos românticos ao passado, fazer autocríticas
profundas, além de ousar de forma revolucionária nas análises e elaborações
políticas. Nas palavras de Leandro Konder, abrindo livro de nome sugestivo de
Norberto Bobbio, “Qual socialismo?”: “(...) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um
processo que passa por autocríticas intranquilizadoras, frequentemente
dolorosas</i> (...)”. Konder sugere a entrada de Bobbio no debate para ajudar
na elaboração de saídas aos socialistas e nos ensina assim algumas direções a
tomar – a principal delas a humildade -, admitindo a profundidade da crise de
paradigma dos socialistas.</span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;">II – A pertinência prática deste debate<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Por mais distante do calor da luta de classes imediata
que este debate possa parecer para alguns, ele é de vital importância para o
abastecimento do espírito revolucionário daqueles que não travam os combates
políticos apenas numa perspectiva de sua consciência imediata. Sem teoria
revolucionária, realmente não há prática revolucionária, como afirmava Marx
sobre a importância de se ter método científico na luta política. A utopia
enquanto algo conscientemente inatingível, um sonho ainda bruto a ser lapidado,
tem seu valor é claro, mas, somente assim, é absolutamente insuficiente para
que conquistemos corações e mentes rebeldes de todas as gerações para uma causa
perene, de toda a vida. É papel dos socialistas dar concretude e viabilidade científica
para a nossa utopia, para nossa consciência histórica, sob pena de darmos um
salto ao passado, para antes da elaboração por Engels do seu “Do Socialismo Utópico
ao Socialismo Científico”, e sermos “elevados” à condição de novos Fouriers e
Owens em pleno século XXI. Óbvio que esta situação é menos desconfortável que
ser tratado como um “comuna” de estilo militarizado e um tanto desapegado a liberdades
demais, mas tudo aí é desconfortável e, pior, improdutivo e desmobilizador,
quando não desmoralizante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Esta falta de firmamento desorganiza a luta
política consciente e a capacidade de aglutinação, mesmo que fluida, numa
mínima grande narrativa de real transformação social. Na medida em que não se
tem um “geral” confiável de onde se parta ou se referencie minimamente para um
“particular”, este “particular” de cada um se transforma no “geral” de cada um,
uma fragmentação com um atraente viés libertário, é verdade, mas absolutamente
dispersa, numa perspectiva puramente individualista. Na militância de esquerda
e socialista o resultado é a fragmentação, em nível de torcidas organizadas
doentias, e a fragilidade que assistimos. No cidadão comum, mas também mesmo
entre segmentos organizados na esquerda, isto descamba não raro numa maratona, cada
dia menos envergonhada, para concorrer competitivamente e predatoriamente no
mercado de trabalho, ao gosto do melhor capitalismo senil. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Quem não conhece incontáveis sujeitos com
práticas de esquerda, humanistas, lutadores sociais, defensores de causas
importantes, mas que se dizem pós-ideológicos: nem de esquerda e nem de
direita; voto no candidato, não no partido; partido é tudo igual; a luta dos
índios tá justa, mas os sem-terra são um despropósito, etc. Cresce, nas pessoas
mais críticas e de espírito mais aberto à defesa de uma sociedade mais justa,
um espírito meio anárquico-fisiológico, quando não muito anárquico, como se
percebe com mais força nas juventudes. Ou seja, a falta de “janelas”
pós-capitalistas suficientemente abertas e perceptíveis como tal pela
inteligência humana, acaba por incidir negativamente mesmo na luta mais consciente
anticapitalista. A “classe em si”, distancia-se cada vez mais da “classe para
si”. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">David Harvey já apontava em seu clássico “Condição
Pós-moderna” (1989), que a crise do materialismo histórico – já naquela época –
e sua incapacidade de compreensão e apreensão política frente à efervescência desta
condição pós-moderna, levou a disputa entre a esquerda mais atenta e a direita mais
disposta nos anos 1970/80 para o terreno do imaginário, da estética, das
imagens e do simbólico, do poder meramente ideológico, sendo que exclusivamente
neste terreno os conservadores seriam mais consistentes na defesa de suas
posições e nas críticas aos efeitos desta condição no comportamento social, aos
excessos dos anos 60, ao maio Francês de 68. As religiões, por exemplo, propõem
um início, um meio e um fim para a história, uma utopia “realizável” e até
simples de ser entendida e aceita quando se está em meio a um labirinto e sem
outra bússola à mão. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Passados vinte e cinco anos da publicação da
obra prima de Harvey, a crise do materialismo histórico ampliou-se, a crise do
capitalismo também, aprofundando os traços de barbárie, sobretudo no meio
urbano, com crises na mobilidade, na moradia, na segurança pública. Os
comportamentos supostamente “desviantes” denunciados pelos conservadores lá na
década de 1970, só fizeram avançar também. O resultado desta equação no tempo
talvez seja o que assistimos hoje com o fortalecimento de segmentos mais
conservadores polarizando no ambiente político, sugerindo, no caso do Brasil,
pautas de absoluto retrocesso.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Este debate também é fundamental para que
sejamos mais equilibrados e responsáveis nas expectativas e nas cobranças em
relação a governos de esquerda e de orientação socialista que temos tido ou que
virão, e obviamente naquilo que propomos à sociedade como propostas a serem
implementadas pelos socialistas no poder, principalmente nas questões de ordem
econômica. Ter equilíbrio nisto significa não alimentar falsas expectativas que
venham a gerar frustrações por absoluta falta de senso de proporção política. Saber
quais são os limites físicos da ação de governos socialistas e saber quais são
os limites e possibilidades de ação política e no desenvolvimento de condições
objetivas de superação da supremacia da lógica do capital na economia é algo da
maior relevância e urgência. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Por fim, é fundamental levar este debate adiante
e ao seu limite possível para que saibamos nos posicionar com visão mais
estratégica nos enfrentamentos ao qual somos convocados, no Brasil e no mundo,
e também saber localizar nas pautas das burguesias e seus governos o que é de
curto, médio e longo alcance, construindo a nossa pauta de resistência com as
devidas hierarquias e prioridades, com bases político-programáticas amparadas
cientificamente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">III – Limites do desenvolvimento das forças produtivas na
geografia vivida apenas no ambiente analógico-macroscópico do século XX<o:p></o:p></span></i></b></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Frente a esta situação de crise, talvez um
caminho a ser explorado seja assumir que o capitalismo realmente conseguiu movimentar-se,
adaptar-se e submeter aos seus interesses e à sua dinâmica a plenitude do
espaço geográfico no planeta Terra, cujo manejo social no século XX ainda se
baseava nas tecnologias analógicas e na física newtoniana. O planeta Terra,
sentido e explorado nos limites destas tecnologias, ainda seria demasiado grande,
tornando o capitalismo objetivamente invencível pelas forças pós-capitalistas. Os
limites impostos por esta geografia, ou seja, desta infraestrutura no conceito marxiano,
com estes limites tecnológicos, entraram num tipo de sinergia no processo de produção
e circulação de riquezas que acabaram impondo uma espécie de “teto” ao processo
de desenvolvimento de formações econômicas e sociais estruturalmente distintas
ou superiores. Sair do capitalismo seria similar a um “cachorro tentando morder
o próprio rabo”, em velocidade cada vez maior, e perdendo para o cansaço. A questão
é esta: o pós-capitalismo então teria sido uma impossibilidade objetiva no
século XX? Os limites de nossas possibilidades de experiência sensorial no
espaço e no tempo, na geografia como ela se apresentava e se permitia ser
sentida e explorada como prática social no século XX, teria imposto à
humanidade ter que conviver com o capitalismo, mesmo na mais profunda crise? <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">É uma hipótese a ser levada seriamente em consideração,
caso contrário corremos o risco de apenas fulanizar a história da luta
socialista no século XX, como muitos já o fazem, culpando Mao, Stalin, correndo
o gravíssimo erro de não tirar daí todos os ensinamentos possíveis e
imprescindíveis. Os socialismos reais ou supostamente reais que se debateram e
se debatem ainda hoje, heroicamente, corretamente e felizmente, no árido
movimento anticapitalista, pelo visto não teriam a capacidade de perfurar este
teto, pois no estrito limite da infraestrutura e das relações sociais no espaço
e no tempo dela decorrentes, o desenvolvimento das forças produtivas não encontrou
magnitude tal que as colocassem em contradição definitiva e incontornável com
as relações sociais de produção efetivamente existentes, ou seja, o capitalismo,
seu mercado e sua alienação.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">Dito a partir de outro ângulo, as forças
produtivas desenvolvidas no século XX não permitiram uma compressão tal do
espaço-tempo (conceito chave em David Harvey) que tornasse o planeta Terra em
algo microscópico, situação que parece ser uma pré-condição para o
pós-capitalismo vir à superfície, diante da capacidade de adaptação do modo de
produção capitalista a um mundo ainda limitado na prática social cotidiana à proporções
macroscópicas. As lutas que vimos empreendendo, imprescindíveis, na verdade
sempre teriam sido abastecidas pela subjetividade de honestos lutadores
socialistas e do povo, que não exige um protocolo de garantia de saída do modo
de produção capitalista para resistir, ao limite, contra as condições
degradantes impostas inexoravelmente como subproduto do funcionamento do
mercado capitalista cada vez mais predatório e excludente.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">IV – O Século XXI e a geografia mundial na era
digital-microscópica<o:p></o:p></span></i></b></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Em
1998, durante o governo do socialista Lionel Jospin na França, uma importante
jornada de debates, patrocinada pelo seu Ministério da Educação, foi coordenada
pelo renomado pensador Edgar Morin. As “Jornadas Temáticas”, como foram idealizadas
por Morin, apresentavam “A Religação dos Saberes” como um grande desafio do
século XXI – vejam que espetacular ação um governo socialista pode e deve levar
adiante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foram oito jornadas com
renomados pensadores de várias áreas. A sétima jornada, sobre culturas
adolescentes, teve como um dos temas Cybercultura e Infoética. Phillipe Quéau,
cientista responsável pela problematização da temática, levantou um conjunto de
considerações sobre as grandes contradições presentes nesta revolução, sobre
seus impactos culturais, sociais, econômicos e políticos. Em meio a muitas
interrogações, notem a afirmação: estávamos vivendo uma revolução. Citando as
teses do antropólogo francês André Leroi-Gourhan, para quem as grandes etapas
da civilização humana foram marcadas por abstrações radicais: o grito
abstraiu-se na fala; a mão na ferramenta; o oral no escrito (o que não deixa de
dialogar com o método marxiano), Quéau conclui que o real estaria então se
abstraindo no virtual neste exato momento histórico, com impactos na
civilização que poderiam ser tão transformadores quanto a criação do alfabeto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">O
domínio das tecnologias digitais e sua popularização trouxe-nos à internet e a
todo um conjunto de ferramentas/aplicativos de comunicação, linguagem,
interação, informação e processamento de todos esses conteúdos convertidos em
dados matemáticos, informação numérica que pode ser compactada em dispositivos
de armazenamento cada vez maiores em memória e menores em tamanho físico ou
então na nuvem digital. Com a convergência digital inevitável entre informática
e telecomunicações, criou-se assim uma espécie de novo ambiente societário, territórios
informacionais, de troca, de trabalho, de lazer, de estudo, de crimes, enfim. A
geografia do planeta assumiu uma dimensão, finalmente, microscópica. Neil
Armstrong, em 1967, chegou à Lua com um computador de 2 KB (2 mil bytes) de
memória RAM. Hoje não é difícil encontrar um telefone celular com 8 GB (8
bilhões de bytes) de memória. A proporção do salto é esta. Os continentes e
todos os recantos do planeta já estão conectados à velocidade da luz como uma
prática social cotidiana. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A
esta revolução somam-se outras. Apenas quinze anos nos separam daquelas
pertinentes reflexões de Quéau. As redes sociais deram um salto; as impressões
em 3D já são uma realidade. Nos EUA, já há a preocupação por parte da indústria
de armas com a impressão de armas de fogo, baixadas pela internet, em ambientes
domésticos. Em 2013 foi comemorado o primeiro teletransporte de um corpo
macroscópico em distância também macroscópica, feito com sucesso numa
associação entre alemães e chineses. Os avanços permanentes na química fina não
são menos animadores. A compressão do espaço-tempo no planeta para a interação de
dados/pessoas em larga escala na velocidade da luz, aliado a estas tecnologias
assessórias, abre hipóteses que podem ir muito além do que possamos imaginar, na
cultura em geral, no gerenciamento e fiscalização da gestão pública, no
aprimoramento da democracia, enfim. Mas o que nos interessa aqui são os
impactos possíveis na economia política, na consciência social a respeito das
relações sociais de produção.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><span style="color: red;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><strong>V – Movimento das
forças produtivas, enfim, em confronto direto com a estrutura econômica do
Capital</strong></span></i><span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Acreditamos
que aqui esteja o ponto mais difícil deste texto, pois não vamos apenas narrar
fatos históricos sistematizados para amparar uma hipótese. Vamos trabalhar sobre
o presente e sobre o futuro, tentando utilizar da melhor forma o modo de
análise marxiano. Além de mais difícil, também é o mais importante, o “pulo do
gato”, o ponto mais alto de todo este debate, pois se localiza neste tópico a
questão da alienação do trabalho no modo de produção capitalista nesta nova
realidade. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Trabalhamos
com a hipótese de que podemos estar vivendo um momento histórico em que a alienação
imposta pelo Capital ao Trabalho, o teto imposto à criatividade humana, o
estranhamento do Trabalho com aquilo que ele próprio cria, a escravização de
sua consciência, ficará à vista como uma fratura exposta, desnudando ao mais
simples dos mortais toda a irracionalidade e os truques do capitalismo em sua
luta por sobrevivência, todo o seu parasitismo e obsolescência.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Istvan
Meszaros nos ajuda a compreender melhor o conceito de alienação em Marx: “(...)
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">o desenvolvimento da divisão funcional –
em princípio universalmente aplicável - do trabalho constitui a dimensão
horizontal potencialmente libertadora do processo de trabalho do capital.
Porém, essa dimensão é inseparável da divisão vertical/hierárquica do trabalho
no quadro de estrutura de comando do capital. A função da dimensão vertical é
proteger os interesses vitais do sistema assegurando a expansão contínua da
extração do sobre trabalho baseada na exploração máxima praticável da
totalidade do trabalho. Consequentemente, a força estruturante horizontal só
pode se desenvolver até o ponto em que permanece sob o controle firme da dimensão
vertical no horizonte reprodutivo do capital. Isso quer dizer que ela só pode
seguir sua própria dinâmica até o ponto em que os desenvolvimentos produtivos
seguintes permaneçam contidos nos parâmetros dos imperativos do capital. As
exigências de controle de ordenação vertical do capital constituem o momento
supremo na relação entre as duas dimensões. Mas, ao passo que na fase
ascendente do desenvolvimento do sistema as dimensões horizontal e vertical se
complementavam por meio de trocas recíprocas relativamente flexíveis, uma vez
terminada a fase ascendente, o que antes era momento predominante de um
complexo dialético se transforma numa disruptiva unilateral, que traz em si
graves limitações ao desenvolvimento produtivo (...)</i>”. Mesmo não observando
a importância da compressão do espaço-tempo no movimento das forças produtivas
e na produção dialética de uma consciência social que se choque com a dinâmica alienante
do Capital, o raciocínio de Meszaros, intérprete das obras de Marx, é de uma precisão
metodológica cirúrgica, como esperamos mostrar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">A
rede mundial de computadores, a internet, como está amplamente popularizada, se
estabelece exatamente numa estrutura vertical, numa relação “cliente <> servidor
(máquina central)”. Toda vez que um usuário quiser baixar um arquivo que está
na rede, por exemplo, terá que “pedir autorização” para o seu servidor, que
obviamente é uma empresa capitalista. O servidor acaba funcionando como uma
espécie de pedágio ou posto de fiscalização, que diz o que pode e o que não pode
ser disponibilizado gratuitamente e aquilo que só será disponibilizado mediante
desembolso financeiro. Qualquer semelhança com uma espécie de feudo medieval encravado
na geografia digital, impedindo a passagem do progresso, não é mera
coincidência. Esta estrutura vertical torna-se menos produtiva, mais pesada,
menos segura e agrega menos qualidade em serviços procurados por
clientes/usuários na medida em que já é possível estabelecer-se amplas redes
horizontais, mais rápidas, mais leves, mais seguras e, principalmente,
totalmente democráticas e dependentes desta democracia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">É o
que acontece com a arquitetura P2P (Peer to Peer), ou Ponto a Ponto, uma rede
que se sobrepõe horizontalmente à relação vertical, como um viaduto, permitindo
que todos os clientes/usuários relacionem-se diretamente uns com os outros, sem
servidores. Todos são ao mesmo tempo clientes e servidores, compartilhando
tudo, de arquivos a memórias. A colaboração e a solidariedade são as bases da
ética aí construída, não há propriedade privada possível, tudo é coletivo, não
por uma questão de natureza moral, mas porque assim se agrega mais
produtividade e qualidade ao “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Commons</i>”,
ou “bem comum”, que os levou até ali. Neste universo, ainda embrionário, a
sociedade e seus indivíduos livremente associados, querem e podem administrar
não a fraude da escassez, mas a abundância daquilo que necessitam. De cada um
conforme suas potencialidades, para cada um conforme suas necessidades, com
plena liberdade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Michel Bauwens, criador da Fu</span><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">ndação
P2P, explica melhor do que se trata, em entrevista concedida ao site Cultura
Digital: "<i style="mso-bidi-font-style: normal;">(...) </i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">O commons e o p2p são apenas
aspectos diferentes do mesmo fenômeno, o commons é o objeto que a dinâmica p2p
está construindo, e o p2p ocorre onde há bens comuns. Lembre-se, eu não uso o
termo p2p em um sentido puramente tecnológico, mas em um sentido sociológico,
como um tipo de relacionamento (...)”</span></i><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">
“(...) </span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">o movimento p2p
tem um papel histórico muito importante a desempenhar, mas que é bastante
difícil quantificar isso. Primeiro, o que queremos dizer quando falamos de um
movimento p2p? O conjunto de causas subjacentes está ligado à horizontalização
das relações humanas que é viabilizada pelas tecnologias p2p, entendida no
sentido amplo de permitir a agregação de indivíduos livres em torno de valores
compartilhados ou na criação de valor comum. Este é, naturalmente, uma grande
mudança social. Poderíamos argumentar que uma emergente vanguarda
sócio-cultural está ativamente construindo novas formas de vida, novas práticas
sociais e novas instituições humanas (...). Em todo o mundo estamos vendo
emergir comunidades que estão desenvolvendo novas práticas sociais que são
informadas pelo paradigma p2p. Em um outro nível esta é também uma revolução
ética, que registra o crescimento de valores fundamentais tais como abertura
(openness, a qualidade de ser aberto) e liberdade em relação às ‘entradas’
(inputs) compartilhadas em processos de produção entre pares; participação e
inclusividade como elementos básicos do processo de cooperação; e uma
orientação ao ‘commons’ (distribuição universal) na gestão das saídas (outputs)
do processo. Economicamente, por exemplo, um estudo recente estimou que o setor
de conteúdo aberto nos EUA iria alcançar<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://blog.p2pfoundation.net/the-open-content-economy-now-reaches-one-sixth-of-u-s-gdp/2011/07/19"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">um sexto do
PIB</span></a>. Finalmente, existem as novas expressões políticas. Eu considero
as praças ocupadas na Europa como expressões desta emergente mentalidade p2p.
Você poderia dizer que o movimento tem duas alas, uma ala construtiva de
pessoas desenvolvendo novos instrumentos e práticas, como por exemplo descrito
no livro de Chris Carlsson, ‘<a href="http://www.processedworld.com/carlsson/nowtopia_web/index.shtml"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Nowtopia</span></a>‘,
e uma ala mais ativa de resistência ao neoliberalismo, que está buscando
formular novas maneiras de conceber as mudanças sociais, e que não são cópias
carbono das abordagens da velha esquerda. No entanto, é importante ressaltar
que este movimento está ainda em uma fase precoce de emergência, e não em nível
de paridade com o mundo neoliberal mainstream (...)</span></i><span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">.”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Chega
a impressionar como os termos e projeções visuais usados por Marx e Meszaros
são exatamente os mesmos em que se dá a arquitetura do conflito incontornável entre
a dimensão horizontal libertária de produção e criatividade e o filtro
alienante que impede a progressão, presente na dimensão vertical. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Em nosso sentir, está
um curso uma revolução pós-capitalista, ou disruptiva unilateral para usar o
termo de Meszaros. Ela não se dá pela via das relações analógico-macroscópicas;
não se trata de uma reação de maiorias excluídas, exploradas e oprimidas com
força tal para subverter a ordem hegemônica do capital. Sobre isto, a esquerda
socialista mundial já viveu melhores momentos e não seria a chegada aos portões
da barbárie ou uma suposta crise civilizacional – principalmente por conta da
crise ambiental - que geraria uma reação com eficácia. O proletariado
revolucionário de Marx migrou das fábricas para a geografia digital.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">A revolução pós-capitalista que tratamos aqui, seguindo as
leis do materialismo histórico fundado por Marx e Engels, só poderia mesmo ser “anunciada”
por um sujeito social cujo interesse maior não é apossar-se do mundo velho, sobreviver
nos/dos escombros de um mundo ainda predominantemente analógico na sua face
produtiva, mas sim de um mundo novo, que brota naturalmente e dialeticamente de
sua atividade laboral, que se vê impedida de progredir pelas forças do atraso
do Capital. Esse sujeito, por excelência, tem que ser o mais qualificado, o
mais produtivo, o mais criativo, precisa ser o que de mais elevado a cultura
sob o capitalismo conseguiu produzir, como previu Marx, de forma que ele
próprio se torne portador, porta-voz, artífice e principal defensor deste novo
mundo, do futuro, incapaz de conviver com a alienação que o Capital lhe impõe. Aquela
nação mais desenvolvida no capitalismo, apta a ser o palco deste teatro revolucionário,
é uma aldeia global digitalizada. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="color: black;">VI – A “mão invisível”
e o “espírito do capitalismo” migrando para um metabolismo econômico e social colaborativo
em redes horizontais.</span> <o:p></o:p></span></i></b></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Adam
Smith e Max Weber, sabedores ou não do uso que seria feito de suas produções
intelectuais, estão entre os pensadores que mais profundamente alicerçaram
ideologicamente o capitalismo e seu mercado. A teoria da “Mão Invisível”, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">laissez faire</i>, o “Espírito ‘democrático’
do Capitalismo”, supostos princípios de liberdade e democracia, enfim, sempre
se articularam fortemente com o liberalismo econômico. As condições de
liberdade e a democracia, supostamente inatas ao ser, confeririam então ao
capitalismo uma espécie de status de naturalidade e inclusive de vitaliciedade.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Como
se depreende dos tópicos anteriores deste texto, foi esta superestrutura ideológica,
sua subjetividade, sua ética, este espírito e este impulso natural em busca da
satisfação de interesses, que permitiu ao capitalismo suas metamorfoses e o
desenvolvimento sem freios aparentes das forças produtivas e da criatividade
humana no século XX; e que deu ao modo de produção capitalista uma autoridade
moral e intelectual que se revestiu de hegemonia política - para usar um
conceito de Gramsci - até os nossos dias. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Diante
das hipótese que levantamos, como ficam os alicerces lançados por Smith e
Weber? Ficam obsoletos e vão perdendo pertinência como acreditamos que vá
acontecer com o modo de produção capitalista? Ou deslocam suas linhas de força
para outro plano, indo sustentar, moral e intelectualmente, novos metabolismos
econômico-sociais, deixando o modo de produção capitalista seminu, desprovido
de razão e consequentemente de autoridade?<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Parece-nos
que a segunda opção é a mais plausível e isto é de absoluta relevância, pois a
disputa de poder político é antes de tudo uma disputa por hegemonia, ou seja,
pela pacificação de uma maioria ideológica na consciência social, uma hegemonia
da liberdade e da democracia, algo muito mais belo e dialogante com nosso tempo
do que Ditadura do Proletariado, um conceito mal compreendido e caricaturado, é
verdade, mas que nem por isso lhe tira a simbologia de uma carranca assustadora.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: black; font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="color: black;">VII –
Pós-capitalismo é igual a socialismo?<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Como afirma Michel
Bauwens, do ponto de vista das possibilidades no universo da economia, o real
abstraído no virtual ainda é bastante embrionário, mas é absolutamente
previsível para os que se utilizam do método marxiano que aí brotam novos
burgos, de onde sairão os milionários de uma nova riqueza: o conhecimento, a “polpa”
do valor-trabalho, origem primeira da riqueza. A esquerda socialista precisa
estudar as dinâmicas deste processo. Parece estar em relevo que este
pós-capitalismo conjugará uma formação econômica híbrida, sem hegemonia do
capitalismo, claro – o que não significa a extinção desta formação no curto
prazo -, mas com cooperativismo/colaboracionismo/solidarismo, formas
coletivizadas, formas estatais, anarco-liberais, com muito empreendedorismo
individual, pois, até onde nossa abstração alcança, não vemos como haver ricos,
detentores de capital, nestas relações sociais de produção, pois não haverá
acumulação de capital em massa. Talvez o capitalismo apodrecido por tanto tempo
no século XX tenha represado tantas forças produtivas e criatividade que esta
hibridez seja uma necessidade objetiva do novo “sistema” que poderá brotar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;"><span style="color: black;">VIII – Algumas palavras sobre
ativismo quântico<o:p></o:p></span></span></i></b></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; mso-bidi-font-family: Arial;">Colocamos
propositadamente no título deste texto o termo “infraestrutura quântica”, mesmo
sabendo que falaríamos quase nada sobre isto, mas para deixar claro nossa convicção
na ortodoxia do método marxista. Entendemos que os processos analógicos estão
para os processos digitais assim como a dimensão da física newtoniana está para
a física quântica. Seguindo as leis do movimento, da dialética, é razoável
pensar que, assim como as tecnologias analógicas foram superadas pelas
digitais, também esta será superada. Desde o início do século XX a energia quântica
ganhou status de ciência. Suas características, porém, escapam ao conceito mais
rigoroso de técnica científica como a cultura ocidental a concebe, sendo suas
práticas ainda confinadas ao universo do exótico e do alternativo, notadamente
na medicina e outras áreas que atuam sobre o corpo humano. Cientistas respeitados
no mundo, como o físico nuclear indiano Amit Goswami, tem feito um largo
esforço para difundir o ativismo quântico que, grosso modo, contribui de forma
extraordinária para diminuir sensivelmente a distância que separa a ciência da
fé religiosa, explicando cientificamente fenômenos reais até então
inexplicáveis. Este tema e esta dinâmica não podem escapar à atenção dos socialistas,
que devem ter em sua prática política o compromisso com o desenvolvimento
destes conhecimentos, ainda mais quando se torna cada dia mais previsível que
talvez uma das últimas trincheiras do Capital seja exatamente na área das
ciências médicas e biomédicas.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
</span><span style="color: black;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">IX </span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">– O que
é o socialismo no século XXI?<o:p></o:p></span></b></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">O método marxiano não pode servir
apenas para constatarmos, a posteriori, que ele é eficaz. Ele deve ser
utilizado para orientar a ação do movimento socialista, prevendo o devir. Este
é o objetivo supremo da ciência, apreender os fenômenos para que possamos
prevê-los e anteciparmo-nos a eles, preparando-nos para recebê-los da melhor
forma, ou influindo sobre eles, sobre seus ritmos, sobre seus desdobramentos,
ou mesmo evitando que aconteçam, quando for conveniente e necessário ao bem
comum.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Arial;">Como afirmamos na apresentação
deste texto, já há alguns anos que estamos observando estes fenômenos e também
o fato de haver uma desconexão entre a luta anticapitalista e a luta
pós-capitalista. A primeira se dá no campo macroscópico, a segunda no
microscópico. A primeira é resistência, é anti, e este é seu limite
histórico-geográfico, objetivo; a segunda é superação, é pós, e seu limite hoje
são barreiras apenas subjetivas, impostas pelos interesses de lucro do Capital.
</span><span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;">O<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>desafio da esquerda socialista nesta
nova era é saber costurar estas dinâmicas para combater o inimigo comum: a
alienação do Capital, que impede que a satisfação plena das necessidades
humanas, no mundo analógico e digital, seja alcançada através do exercício da
liberdade criativa e sem limites nas relações sociais de produção orientada
pelo bem comum, ou pelo comunismo, como queiram.</span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times New Roman;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: small;">Lênin, após o triunfo da
Revolução Russa, foi perguntado sobre o que era socialismo para ele. Sua
resposta: “Socialismo = Soviets + Eletricidade”. Se nos fosse perguntado o que
é o socialismo ou uma proposta socialista hoje, responderíamos: “Socialismo =
democracia e liberdade política radical + inclusão digital indiscriminada e horizontalizada
em banda larga”. Com um pouco de poesia: “<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">o socialismo é o caminho da desalienação que
liberta e nos enche o peito de vontade de viver o futuro</i></b>”.</span></span></span></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times New Roman;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9pt; line-height: 150%;"></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 9pt; line-height: 115%;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Edilson Silva, 44, é
técnico eletromecânico, estudou Economia na UFPE, não chegando a concluir o
curso. É graduando em Direito e há mais de 20 anos dedica-se ao movimento
sindical, como sindicalista e assessor de várias entidades. É fundador e presidente do
PSOL-PE e Secretário Geral Nacional do mesmo partido, tendo sido candidato a
governador de Pernambuco em duas ocasiões, 2006 e 2010, e também à prefeitura
do Recife em 2008. Em 2012 foi candidato a vereador do Recife, sendo o 3º mais votado da cidade,
não assumindo uma cadeira por deficiência do quociente eleitoral. Todas as candidaturas pelo PSOL.<o:p></o:p></i></span></span></div>
<div style="line-height: 12.75pt; margin: 0cm 0cm 9.6pt; text-align: justify;">
</div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-48276056300848699352013-06-06T05:53:00.000-07:002013-06-06T05:53:57.871-07:00Onde está a imoralidade na aposentadoria do presidente da Câmara do Recife?Por Edilson Silva<br />
<br />
A Câmara de Vereadores do Recife brilha de novo em cadeia nacional de TV. Agora no Fantástico, da Globo. O presidente da Casa, vereador Vicente André Gomes (PSB), foi denunciado por ser ao mesmo tempo aposentado por invalidez como deputado federal desde 1999, ser médico do município do Recife – aposentando-se nestes dias também desta função, e simultaneamente atuar como vereador do Recife.<br />
<br />
O vereador se defende, afirmando que não há ilegalidade. Pelas reportagens, pela sua carta enviada a público buscando explicar-se, pela posição pública externada pela Procuradoria da Câmara, o vereador, então deputado federal, foi quem solicitou sua aposentadoria por invalidez, após enfartar em plenário. Não podendo mais viajar de avião, segundo ele, a solução seria mesmo a aposentadoria. O IPC, Instituto de Previdência dos Congressistas, segundo se sabe hoje, não veda a participação de seus beneficiários em novas empreitadas políticas eleitorais e institucionais, limitando-se a estabelecer regras de redução do benefício no caso de o nobre aposentado vier ainda a reunir forças e espírito público para seguir a sua vocação para servir ao povo.<br />
<br />
A imoralidade neste caso está, primeiro, nas regras do IPC. Há muito dinheiro público neste Instituto, portanto, não é um fundo de previdência exclusivamente privado. Como assim, aposentar-se por impossibilidade de representação política por diminuição de sua capacidade física e ficar liberado para trabalhar em outra esfera, também com representação política? A imoralidade está também no fato de o titular de tal benefício, por dever de consciência, visto que a norma é de uma imoralidade gritante, não abrir mão deste, e não de outro – como supostamente fez agora com o subsídio de vereador, para se dedicar à vida pública novamente.<br />
<br />
Em meio a tantas informações e justificativas, estou aqui curioso para saber o seguinte: desde que se aposentou, o vereador fez quantas viagens de avião? Desde que se aposentou e vem cumprindo mandatos parlamentares, sempre abriu mão dos subsídios, ou só agora, quando a acumulação com a presidência da Câmara poderia diminuir substancialmente o valor da aposentadoria federal?<br />
<br />
Independente disto tudo, dado que o vereador Vicente André Gomes é pessoa muito querida por seus eleitores e - pelo silêncio solidário dos demais vereadores empossados pela Justiça Eleitoral -, é também muito querido pela Casa de Jose Mariano; e também pelo fato de na condição de presidente da Casa, certamente ter interesse que esta não permaneça com tal mácula junto à opinião pública; e ainda pelo fato de o vereador ter externado o caráter voluntário de seu mandato e, ainda, que a atividade política lhe serve também como terapia ocupacional, seria de bom tom que este abrisse mão da aposentadoria federal, solicitando sua reconversão para os cofres do IPC, corrigindo assim, com seu espírito púbico, uma grave falha na norma, pelo menos enquanto estivesse como titular de um mandato. Ainda há tempo de corrigir o estrago e de se fazer um gesto maiúsculo na direção da moralidade pública.<br />
<br />
Presidente do PSOL-PE <br />
<br />
<br />
<br />
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-27226948821199962302013-05-27T14:02:00.001-07:002013-05-27T14:02:35.908-07:00Libertários e conservadores, uni-vos!?<strong class="_36" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; display: block; font-family: "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1; margin: 1px 0px 4px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span></strong><br />
<strong class="_36" style="-webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #333333; display: block; font-family: "lucida grande", tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; font-style: normal; font-variant: normal; letter-spacing: normal; line-height: 1; margin: 1px 0px 4px; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;"><span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5He5e6oPWzC1xw3q6aNN68LVSASxeUd1bvTXDEQWg0uTJ_TYQeT9LgpsN-2HyY9-hXooWkKIh9nG3BYYt0GUXcpWGl3n-qdFOQPrNw-KUv4CNJIFiusd_k0GwkUTfhstBj9mHvGCnIFo/s1600/anarco+capitalista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5He5e6oPWzC1xw3q6aNN68LVSASxeUd1bvTXDEQWg0uTJ_TYQeT9LgpsN-2HyY9-hXooWkKIh9nG3BYYt0GUXcpWGl3n-qdFOQPrNw-KUv4CNJIFiusd_k0GwkUTfhstBj9mHvGCnIFo/s320/anarco+capitalista.jpg" width="306" /></a></div>
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><o:p></o:p></span></span> </div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="color: red;">Por Edilson Silva<o:p></o:p></span></span></i></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Fui
convidado dia desses para um debate num encontro de estudantes liberais
ortodoxos. Estudantes Pela Liberdade, EPL, discípulos de Hayek, Mises e cia. O
EPL se diz apartidário, trabalha conceitos como anarco-capitalismo, mas fora
deste espaço tentam legalizar o novo partido político “Libertários”, que conta
com o apoio entusiasmado do cantor Lobão. As interconexões levam-nos ao filósofo
Olavo de Carvalho, dos maiores ícones do pensamento conservador no Brasil. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Apesar
disso e por conta disso também, aceitamos o convite. Muitos jovens estariam
presentes e, de fato, ao chegar lá, me surpreendi com algumas presenças, como artistas
bem populares por aqui. O tema foi educação e liberdade, mas como já estava
óbvio, as polêmicas entre socialistas e liberais não se limitariam ao tema
focal proposto. Fomos além. O debate foi bom, com momentos de dureza, mas bastante
respeitoso por parte deles, tanto dos debatedores como dos demais
participantes. Deixo aqui minha impressão.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Os
liberais ortodoxos partem de premissas bastante equivocadas. Talvez a mais
grave seja não aceitar o fato da dinâmica irresistível, cultural, de evolução
do processo civilizatório, tão visível nas gerações e dimensões de direitos que
vão se acumulando ao longo dos séculos. Direitos sociais e difusos, para eles,
são meros penduricalhos desnecessários e que atentam contra o sagrado direito
de “liberdade”. Não à toa em todo o debate não me lembro de ter ouvido uma
única vez da parte deles a palavra democracia. Não à toa eles defendem sim um
estado forte, mas para proteger a propriedade. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Outra
premissa equivocada: o balanço e as conclusões que tiram do século XX. Acreditam
que faltou liberalismo neste século e é exatamente por isto que se explicam os
insucessos econômicos e suas consequências. Não aceitam o principal ensinamento
deste século: o capitalismo tem mesmo um metabolismo central – descoberto
brilhantemente por Marx -, que mesmo tendo sido revolucionário e importantíssimo
num dado momento histórico de superação da condição econômica e cultural anterior,
na medida em que vai funcionando gera cada vez mais “subprodutos” que interagem
politicamente na sociedade, impondo uma dialética luta de classes que impede a
história de acabar. Este metabolismo origina, do ponto de vista econômico, inexoravelmente,
concentração de produção, monopolização, desemprego e, o mais grave, destrói a
própria demanda sem a qual o mercado não consegue alimentar seu processo de
reprodução de capital. Há muito mais matemática que ideologia nisto, e o
inverso é verdadeiro, quando se tenta afirmar a eternidade do capitalismo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Na
medida em que não aceitam isto, estranham o receituário keynesiano, as leis
anti-truste, por exemplo, que foram e ainda são mecanismos que refletem
exatamente a compreensão correta por parte de gestores de economias de mercado de
que este sistema tem este defeito estrutural. Deriva daí que não explicam de
forma razoável a hegemonia do capital financeiro e seus truques e fraudes sobre
o setor produtivo, que teve seu ápice na crise financeira de 2008, abalando a
economia mundial e que foi considerada mais grave que aquela de 1929. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Deriva
daí também que não aceitam que existam no mundo pessoas sem emprego, sem teto,
sem terra, sem saúde, sem educação, sem cultura, sem território, sem qualidade
de vida, e que estas condições não são necessariamente obra da incompetência
destas pessoas – ou indivíduos como eles preferem -, em atuar ou venderem-se
num mercado, mas sim fruto deste metabolismo que falamos acima, com suas
consequências políticas. Estes indivíduos, que não raro se materializam em
nações, foram excluídos ou já nasceram excluídos do que se chama hoje cidadania.
Eles têm o direito natural de se organizar social e politicamente e disputar
hegemonia na sociedade, inclusive o poder de Estado? Óbvio que sim. E chegando
lá, estão obrigados a manter em funcionamento os mecanismos econômicos e
políticos geradores da exclusão que lhes vitimou? Parece-nos ser bastante
razoável que não. E especificamente em relação a isto não entramos no mérito de
“para onde se vai ao se chegar ao poder”, mas o “porque se vai em busca disto”.
<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Mas
é óbvio também que os liberais ortodoxos – pelo menos os mais esclarecidos, têm
uma aguçada consciência de classe e sabem que é preciso mesmo caricaturar o
século XX, seus atores e ideologias que tiveram mais protagonismo, desconsiderar
as análises e lutas de outros pensamentos não experimentados neste século, de
forma que reste, por gravidade, o liberalismo radical, sem luvas, como um
paradigma aceitável. É uma postura desonesta intelectualmente, quase infantil.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">O
dogma empreendedorismo versus socialismo também foi debatido. Uma grande lição do
século XX é que a única certeza que os socialistas devem afirmar é sua missão
inequívoca na luta anticapitalista, de trabalhar na direção da superação deste
modo de produção no que ele tem de estruturalmente inviável: sua tendência
natural e inevitável à diminuição da taxa média de lucro, com todas as
consequências daí derivadas. Dentro desta moldura deve estar a liberdade de
empreender e também o mais amplo direito às liberdades individuais, políticas, civis,
artísticas, enfim, a mais ampla democracia. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Como
se constrói isto? É algo que os socialistas devem ter a humildade de reconhecer
que está em construção, não existe receita pronta e nem modelo universal, e que,
portanto, não se pode demonizar na realidade concreta propostas de reformas
estruturais neste sistema, enquanto não se apresentam as condições objetivas
para a realização plena de relações sociais de produção socialistas. Está claro
que não se construirá um socialismo duradouro e saudável, também transitório é
verdade, a partir de escombros e nas ruinas do velho capitalismo. Seria cair,
de novo, nas armadilhas então inescapáveis do século XX.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: x-small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; line-height: 115%;"><span style="color: black;"><span style="font-size: x-small;">Não
foi tratado tanto disto no debate, mas é fácil ver nos sítios e blogs a
pregação que os “libertários” fazem à unidade de ação entre supostos
anarco-capitalistas e conservadores, para lutar contra o “comunismo” que está
se construindo no Brasil. Se o apelo der certo, estarão juntos aí o Lobão,
Olavo de Carvalho e talvez caberia até o governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin. Ou seja, de libertário nada, apenas a exacerbação sem limite algum do mais
puro individualismo liberal burguês. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span><span style="color: black;">Presidente do PSOL<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="color: black; font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span></strong><br />Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-49983230761891508182013-04-19T05:11:00.001-07:002013-04-19T05:11:12.836-07:00Os paradoxos na nova lei que restringe recursos de novos partidos
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigAdA-GMxTTXsR7aWbN1hWY1t5wKPn_klJTasb35yv6q7ZtxM5ob2qnAmQW1mLd7EQaIjOgdNj882uHMhMSDeXjHyDtp-8LJ-s5HG_U9dvYebN7bVVZXWCM8UnUgdLLrqm7MkPQKBW4eU/s1600/POLTIC~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigAdA-GMxTTXsR7aWbN1hWY1t5wKPn_klJTasb35yv6q7ZtxM5ob2qnAmQW1mLd7EQaIjOgdNj882uHMhMSDeXjHyDtp-8LJ-s5HG_U9dvYebN7bVVZXWCM8UnUgdLLrqm7MkPQKBW4eU/s320/POLTIC~1.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O governo Dilma, com PT e PMDB à testa, aprovaram na Câmara
uma nova Lei que impede novas legendas partidárias a ter acesso ao fundo
partidário e a tempo de rádio e TV. Ainda não li o texto da lei na íntegra, mas
por óbvio deve também restringir o acesso dos novos partidos ao funcionamento
parlamentar, como presença em comissões e cotas de assessorias. Para quem ainda
não sabe, o tempo de TV e rádio dos partidos e também as cotas do Fundo
Partidário são proporcionais à bancada de deputados federais deste partido.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;">O que a nova lei está disciplinando agora é o seguinte: a
bancada federal que deve ser levada em conta é aquela que migrou para o novo
partido, ou somente aquela que foi efetivamente eleita pelo novo partido, no
início da legislatura?<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Aos que nos acompanham, achei prudente escrever algo a
respeito, mas já adianto que sou favorável à criação de quantos partidos se
queira, visto que a legislação eleitoral no Brasil não permite que a sociedade
civil lance candidatos às eleições, há um monopólio dos partidos. Então, quem
não se sente representado pelo menu de partidos existentes, que tenha o direito
de subir a ladeira íngreme de conseguir meio milhão de assinaturas de eleitores,
com seus respectivos títulos eleitorais e cada assinatura certificada pelo
cartório da respectiva zona eleitoral do assinante. Não é tarefa fácil como
pensam alguns.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">O debate eleitoral já contaminou a racionalidade nas
posições, talvez a tramitação desta lei só tenha vindo por conta disto também.
Assim, na imprensa de massas a tese corrente é a seguinte: a Lei é para
prejudicar Marina Silva e seu novo partido em gestação. Os defensores da tese
bradam que se valeu para o Kassab e seu PSD, por que não para Marina e sua
Rede? Há dados e análises que precisam ser melhor colocados. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">A nova lei não retira todo o tempo de TV e rádio e nem todo
o fundo partidário dos novos partidos. Portanto não é verdade que estão
querendo excluir Marina das propagandas de TV e Rádio, caso ela venha a
legalizar sua Rede. O tempo de TV e rádio que ela terá, assim como os recursos
do Fundo Partidário, serão os mesmos que partidos que não têm representação
parlamentar federal, como o PSTU, por exemplo.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Por outro lado, usar o caso PSD/Kassab como critério de
isonomia é de uma tristeza quase infinita. O que houve ali foi uma prostituição
política em favor do governo, com o claro objetivo de desidratar o DEM, como de
fato aconteceu. Por isso, mesmo esta nova lei tendo aspectos muito positivos no
sentido da ética na política, o governo Dilma não tem absolutamente nenhuma
moral para fazer este discurso, pois se valeu desta prostituição em seu favor
em passado bem recente.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Outro fato inegável é que a criação de novos partidos com
tantas janelas para a infidelidade tornou-se na verdade uma larga estrada
aberta para a concretização da infidelidade partidária em essência. Não é
coincidência a prática de novas modalidades de “criação” de novos partidos,
como aconteceu recentemente com a fusão do PPS com o PMN, criando o MD
(Mobilização Democrática). O objetivo era única e exclusivamente abrir uma
imensa janela para a infidelidade e para reposicionamentos na conjuntura
eleitoral. Acho que eles têm todo o direito de fazê-lo, mas querer abrigar
tempo de TV e rádio, fundo partidário e funcionamento parlamentar com a adesão
de infiéis não me parece justo. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Aliás, até outubro deste ano, data limite para legalização
de novos partidos que podem disputar as eleições em 2014, já existem pelo menos
dois partidos em vias de emergir. Que venham, mas que se enfronhem na sociedade
em busca de votos para se fortalecer e terem acesso a recursos públicos da mesma
forma que os partidos realmente ideológicos o fazem. Busquem convencer
deputados que tenham a decência de fazer opções difíceis em defesa da coerência
de suas ideias e não mercenários da política.</span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Edilson Silva, presidente PSOL-PE<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-21905143775107106132013-04-05T10:03:00.000-07:002013-04-05T10:03:03.515-07:00PEC das domésticas: avança a luta feminista
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2DB-gWXwPSh4y1e0_muJBtJjWzxa36q4h2tuIJ0AXoE3kOHsP3X9r1BHXzVEJHeUvmEuaF1FTHfehJ7O704rmdOblAXIhgGK5bwn1ZZmFlF8HtYIMpWSwntz5y4BN58xUv3uJQkjG1VY/s1600/Mulher+em+luta!.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2DB-gWXwPSh4y1e0_muJBtJjWzxa36q4h2tuIJ0AXoE3kOHsP3X9r1BHXzVEJHeUvmEuaF1FTHfehJ7O704rmdOblAXIhgGK5bwn1ZZmFlF8HtYIMpWSwntz5y4BN58xUv3uJQkjG1VY/s1600/Mulher+em+luta!.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></b> </div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Fiquei
impressionado, mas não tão surpreso, com a repercussão da aprovação da nova
legislação que disciplina o trabalho doméstico no Brasil. Uma classe média (é
média mesmo?) apavorada demorou a sentir a ficha cair. Tínhamos no Brasil uma
situação absolutamente descabida, duas categorias de trabalhadores. Com a
isonomia alcançada pelos trabalhadores domésticos, em português claro,
domésticas, faxineiras e babás, esta situação começa a ser resolvida.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
gritaria é porque as famílias não terão como se adaptar. Pois bem, até aqui
quem teve que se adaptar foram as domésticas. “Ah, mas eu chego tarde em casa e
meu filho vai ficar com quem?”. Sim, e o filho da doméstica, fica com quem?
Cansei de ver sindicalistas lutarem muito por direitos de suas categorias, mas
mantinham em suas casas trabalhadoras, não raro negras, em situação de extrema
precariedade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
nova legislação das domésticas trará, oxalá, uma nova percepção para a
sociedade brasileira, para os milhões de trabalhadores que exploram em suas
casas outros trabalhadores, a necessidade de se tratar de creches públicas, de
lavanderias públicas e outros serviços antes obtidos da pior forma. O deleite
liberal de “comprar” estes serviços num mercado praticamente informal sofreu
num duro golpe.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
realidade que muitas famílias sofrerão a partir de agora é o drama diário de
milhões de mães brasileiras, pobres, que tem que deixar seus filhos menores com
os filhos maiores em casa, para poder trabalhar, fazer faxina. A luta destas
mães pobres, por creches decentes para seus filhos, será também agora a luta
das mães de classe média ou menos pobres. A emancipação plena da mulher não
pode admitir que a emancipação de uma se dê pisoteando os direitos de outra.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
aprovação da PEC das domésticas foi uma segunda abolição da escravatura no
Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente
do PSOL PE<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-119082628882160102013-04-01T12:53:00.003-07:002013-04-01T12:53:26.174-07:00DESIGUALDADE INFINITA<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8er8EUsVeiUhMHc6a5DsN9PiCIQNPzRaFz7DUpQDY855Kc-1qaNomi1dWHWz0ie59ryHRKu3EwTdD9GS-muhgbfITPFZvrNTJwqfjH8lNtZeSIwpJDLFdIaud5nF7IJTwJ4DJwW79XAM/s1600/mangue-destruido.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8er8EUsVeiUhMHc6a5DsN9PiCIQNPzRaFz7DUpQDY855Kc-1qaNomi1dWHWz0ie59ryHRKu3EwTdD9GS-muhgbfITPFZvrNTJwqfjH8lNtZeSIwpJDLFdIaud5nF7IJTwJ4DJwW79XAM/s320/mangue-destruido.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-align: left;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; text-align: left;">Por Clóvis Cavalcanti</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Economista ecológico e
pesquisador social; <a href="mailto:clovis.cavalcanti@yahoo.com.br" target="_blank"><span style="color: blue;">clovis.cavalcanti@yahoo.com.br</span></a><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Recentemente,
foi lançado em Pernambuco, o Fórum Permanente de Discussões sobre o Complexo de
Suape. À sua frente, a militante do movimento feminino do Cabo Nivete Azevedo e
o professor da UFPE Heitor Scalambrini. Trata-se de iniciativa que ajuda a
preencher o vazio na iniciativa do governo estadual, que já tem 4 décadas, de
discussão com as partes interessadas (<i>stakeholders</i>) acerca da obra.
Sobre isso, em abril de 1975, liderei um grupo de cientistas pernambucanos –
Vasconcelos Sobrinho, Nelson Chaves, José Antonio Gonsalves de Mello, Renato
Carneiro Campos (tio do governador Eduardo Campos), Renato Duarte e Roberto
Martins – que contestava o projeto e pedia que ele fosse discutido. Expusemos
isso em documento publicado num dia por semanário da época, o <i>Jornal da
Cidade</i> e, no dia seguinte, pelos demais jornais recifenses. Nunca a
sugestão foi ouvida. O resultado é visível. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Como diz,
com razão, documento do novo fórum, a intervenção estatal em Suape “tem sido
caracterizada pela violência na retirada das famílias moradoras sem que
indenizações justas sejam pagas, e nem novas moradias disponibilizadas, levando
estes moradores a se tornarem sem teto, e famílias a viverem precariamente nas
cidades localizadas em torno do Complexo”. Essa é uma situação cuja dimensão de
calamidade só se percebe conversando com pessoas que passam pelo calvário em
que se transformou para elas a truculência do Estado em face de cidadãos
ordeiros. Mais incrível é a facilidade com que se martiriza gente humilde,
esmagando-a com artifícios jurídicos para que abandone suas casas, seus meios
de vida, sua história, seu pertencimento a um território muitas vezes
ancestral. É incisivo sobre o tema, o documento do Fórum Permanente de Suape:
“Sem dúvida, para a manutenção de padrões sociais dominantes desde o período
colonial, os poderes constituídos (executivo, legislativo e judiciário) fecham
os olhos para a violação dos direitos destas populações invisíveis à
sociedade”. </span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A mesma
realidade foi constatada pela ONG Both ENDS, incumbida pelo governo dos Países
Baixos, de onde procede, de averiguar a (ir)responsabilidade social de uma
empresa holandesa, a Van Oord, que faz dragagem no porto desde 1995 e que
recebe apoio do governo holandês para isso. Fui procurado pelo experiente
antropólogo ambiental da Both ENDS Wiert Wiertsema em agosto de 2012 para falar
sobre Suape. Disse-lhe que fosse ver com seus olhos o que estava acontecendo;
que conversasse com gente de lá. Ele ficou alarmado com a situação (ver <a href="http://www.bothends.org/uploaded_files/document/130222_Report_Suape.pdf" target="_blank"><span style="color: blue;">http://www.bothends.org/uploaded_files/document/130222_Report_Suape.pdf</span></a>).
Falou com pessoas demolidas na sua integridade, como o agricultor Luís Abílio,
de Tiriri, um estóico trabalhador de 87 anos, expulso de casa por integrantes
da aterradora Tropa de Choque. Infelizmente, essa dureza insana é jogada contra
pessoas desprotegidas. Ao mesmo tempo, a elite se diverte construindo, como em
Apipucos, um edifício na beira do Capibaribe, contra todo bom senso e a
necessidade de proteção às margens de rios. É uma desigualdade infinita.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-7553668186578162162013-03-22T07:35:00.000-07:002013-03-22T07:35:23.761-07:00Quando o neocoronelismo quer se vestir de paradigma<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWJrot2244j8GsE0IYZTf5yrrISJjFn3YUfMFk6k8GQSteW1eBOQ-xL7TJBAgfL3pqP02pyauCkv-2yFt74TiJ_580wRYnVD8odAenRZu0y19JXldnEBR30n4halI8cA-kF-n5uP_08b0/s1600/pra%C3%A7a+da+paz+celestial.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWJrot2244j8GsE0IYZTf5yrrISJjFn3YUfMFk6k8GQSteW1eBOQ-xL7TJBAgfL3pqP02pyauCkv-2yFt74TiJ_580wRYnVD8odAenRZu0y19JXldnEBR30n4halI8cA-kF-n5uP_08b0/s320/pra%C3%A7a+da+paz+celestial.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Por Edilson Silva<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Há
poucos dias o filósofo esloveno Slavoy Zizek esteve palestrando no Recife. Optou
por apresentar suas ideias utilizando-se de muitos “causos”. Um deles me chamou
mais a atenção. Em visita à China, teriam lhe dito por lá que não existia crise
global da economia, mas tão somente no Ocidente. Entendi que os chineses que
trataram com ele não se referiam apenas à economia do mundo ocidental, mas também
à sua democracia, pois a conclusão que Zizek apresentou – não concordando com
ela, claro -, é que o bom andamento das economias dentro dos marcos
capitalistas na contemporaneidade está diretamente vinculado a menos democracia
e a mais centralização de poder. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">O
“novo” capitalismo num mundo supostamente pós-ideológico não precisaria de
democracia para se legitimar, mas apenas de metas de crescimento econômico e
quando muito de níveis razoáveis de emprego e renda. Nada de metas sociais,
claro. Cada um que adquira a sua no mercado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Na
condição de segunda maior economia do planeta e com previsões de superar os EUA
nos próximos 15 anos, talvez os chineses coloquem-se mesmo na condição de uma espécie
de novo paradigma, sobretudo para um provável ex-triunfante modelo capitalista
ocidental. As portas entreabertas já deixam entrar, de novo, seus primeiros
filetes de ventos fascistas na Europa e nos EUA, vide Tea Party.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Não
é difícil perceber que não há condições de sobrevida e novo ciclo de
“estabilidade” ao capitalismo pós-crise de 2008 sem atacar brutalmente um
catálogo de direitos que vão desde aqueles que remontam às Revoluções Americana
e Francesa, que dão contornos ao conceito de República, passando pelos direitos
sociais e trabalhistas, oriundos ainda do século XX, até os conquistados e em
fase ainda de aquisição neste século XXI, como os direitos difusos, ambientais,
e também os direitos na realidade virtual, como liberdade e privacidade na rede
mundial de computadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Está
claro, contudo, que há controvérsias nessas possibilidades do capitalismo global
em tentativa de reciclagem. Recentemente, em janeiro de 2013, a China precisou
interditar uma centena de fábricas na região de Pequim e retirar 30% da frota
de carros oficiais das ruas, pois o ar estava irrespirável e os hospitais não
conseguiam atender à demanda de pessoas com doenças respiratórias. Ou seja,
impeditivos objetivos da natureza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">E
também como falar em atrofiamento da democracia e direitos no exato momento em
que a realidade virtual das redes sociais aponta um sentido inverso, de
transparência, de controle social, de participação popular? As linhas que
dividem os conceitos e mesmo as formas concretas do usufruto da democracia naquilo
que ela se relaciona dialeticamente com a liberdade são quase imperceptíveis e,
logo, se por um lado pode-se falar em desnecessidade da democracia na legitimação
política de um modelo vigente, por outro a questão da liberdade de ação
política é um princípio sem o qual nenhum modelo se legitima e nem se
estabiliza politicamente nestes dias. Tempos de muito conflito se avizinham,
então.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Fiz
este percurso inicial para adentrar naquilo que vem acontecendo politicamente
em Pernambuco e mais especificamente no Recife após a vitória de Geraldo Júlio (PSB)
à prefeitura. Os desmandos brutais em Suape, com uma CPRH (Companhia
Pernambucana de Recursos Hídricos, responsável pelos licenciamentos ambientais
naquele território) completamente submissa e ajoelhada perante interesses
econômicos; e o que vem acontecendo agora em Recife, com seus muitos viadutos e
túneis, arranha-céus, mudanças bruscas na estrutura do Estado, infiltrações em
outros poderes, grilagem de terras urbanas utilizando-se mapas do tempo do
império, passando-se por cima de tudo e de todos, dão conta de imaginar que o suposto
paradigma chinês esteja fazendo escola por aqui. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Com
slogans rápidos e que exigem zero capacidade de abstração dos ouvintes, o
governador e os seus vão desconstruindo a nossa democracia e construindo na
opinião pública um modelo de gestão supostamente vitorioso, em que a democracia
é absolutamente desnecessária. “Trabalho, trabalho e trabalho”, bradava o
prefeito do Recife, ainda no andor do governador, quando de sua posse. “Recife
tem pressa para entrar no ritmo de Pernambuco”, repetiam bovinamente vários vereadores
antes da posse do novo prefeito, para aprovar projetos e autorizações prévias à
futura administração, abrindo mão inclusive de prerrogativas do legislativo.
“Geração de emprego e renda” é o mantra que mais justifica qualquer ação do
poder público em parceria desavergonhada com o privado. Em meio à desconstrução
da nossa ainda pouca cultura democrática e republicana, vai-se também aplicando
um sofisticado programa de privatização na saúde, de abandono da educação
pública e assédio moral brutal sobre os operadores da segurança pública. A meritocracia
está no centro nevrálgico deste modelo, cumprindo um forte papel ideológico e colocando
no universo do obsoleto conceitos como solidariedade e universalização de
direitos e serviços públicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">O
governador Eduardo Campos parece não só orgulhoso de sua obra em construção (vai
até lançar um livro sobre o seu modelo de gestão), mas também bastante
consciente de seu papel e de seu potencial. Desde 2011 vem pavimentando o
caminho para ser o preferido das maiorias artificiais no Brasil pós Lula. Mais
slogans: “Um novo caminho para um novo Brasil”. “O Brasil pode mais!”. Só falta
dizer, e dirá: O Brasil precisa entrar no ritmo de Pernambuco! É candidatíssimo
à presidência, tem pressa, e sabe que só tem chances de “fazer bonito” se adquirir
a confiança dos grandes conglomerados empresariais nacionais e internacionais,
que por sua vez sabem que para sobreviver enquanto tal precisam ingressar no modus
operandi chinês.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">O
governador de Pernambuco viu e vê esta vaga aberta ao perceber um PT incapaz de
encabeçar a tarefa de reciclagem além da epiderme do capitalismo brasileiro, incapacidade
pela natureza histórica e base social deste partido. Neste sentido, o PT já
está praticamente batendo no teto em sua capacidade de enfrentamento com sua bonita
história antes de chegar ao Planalto Central, já fez seu melhor na manutenção
estrutural do status quo. E o governador e presidente nacional do PSB também percebeu
a absoluta falta de viabilidade eleitoral do PSDB no curto prazo, tanto pela
percepção da opinião pública de que o PSDB é uma velha direita que fez oposição
visceral a governos que trouxeram sensação de bem estar e de mobilidade social
para amplas parcelas sociais, mas também porque seu melhor candidato, Aécio
Neves - que também já percebeu a natureza autoritária que o capitalismo precisa
assumir para se reinventar e ter novo impulso no Brasil -, não possui uma biografia
pessoal adequada para manejar os setores conservadores que precisarão ser parte
da base social fundamental de sustentação deste potencial novo regime, ou seja,
uma nova e também reciclada direita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Ter
bem claro o papel e o alcance das estratégias que tem nosso Estado e nosso
município como laboratório neste processo é condição <i>sine qua non</i> para levarmos adiante uma resistência popular coerente
e uma acumulação política na direção correta. Não se trata de fazer apenas “oposição
por dentro destes governos”, como tentam ingenuamente ou malandramente alguns; nem
de se circunscrever a lutas pontuais ou meramente eleitorais, pois este novo
paradigma em gestação poderá mesmo lidar com práticas supostamente libertárias
pulverizadas e sem perspectiva real de instalar um outro conceito de poder
público. Há que se combater implacavelmente este conceito essencialmente e
inescapavelmente autoritário por um lado, e construir firmemente por outro uma
alternativa política a isto, pela esquerda, socialista e contra este capitalismo
selvagem que se agiganta ante nosso nariz. Sem isto, podemos correr o risco de
ficar como que atirando pedras na lua, sem transformar nossa saudável rebeldia,
nossas energias e nossa consciência em ação transformadora da realidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;">Presidente do PSOL-PE</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-4668103105845763512013-03-13T08:48:00.000-07:002013-03-13T08:48:49.960-07:00Fenelon, o pequeno.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaPJ0UocAzm0K9TxKsRBW5V2dIsaixQDD4logqHRExJCTKjNB2U76MsujQyoMvgxro0jDopYUk93kbus_MtZ7zrRd7kPDug7qEJQP8kJFaUrWLmC9tk8FaoIhzJI33HJMxuA5OIn2DENs/s1600/frei+caneca.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaPJ0UocAzm0K9TxKsRBW5V2dIsaixQDD4logqHRExJCTKjNB2U76MsujQyoMvgxro0jDopYUk93kbus_MtZ7zrRd7kPDug7qEJQP8kJFaUrWLmC9tk8FaoIhzJI33HJMxuA5OIn2DENs/s320/frei+caneca.jpg" width="262" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Foi
lamentando muito que recebemos daquele que está no posto de Procurador Geral de
Justiça a decisão de manter a retirada da Promotora Belize Câmara de seus
trabalhos junto à Promotoria de Meio Ambiente do Recife. Para o bem da verdade,
não se poderia esperar atitude diferente de Aguinaldo Fenelon, o Procurador. Com
argumentos requentados, regimentais e frágeis, ele não se dispôs ao mínimo
debate, pois sabedor é da incapacidade de sustenta-lo. Diante disto, há que se buscar
caminhos para reparar esta violação por um lado, e por outro buscar-se
construir com o novo promotor, cujas referências que nos chegam são positivas,
a manutenção do trabalho que vinha sendo desenvolvido pela Dra. Belize.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A conclusão
política a que chegamos com isto é que a República se esfarela ainda mais em
Pernambuco e se encaminha para uma espécie de ampulheta, em que podemos ver com
nitidez que nos aproximamos rapidamente de um ponto crítico, pois construir uma
cultura de legalidade, de cidadania, de respeito à Constituição como norma a
ser aplicada e não como paradigma para discursos sem eficácia, é uma tarefa difícil
e para gerações. Mas, construir-se uma cultura de toma-la-da-cá, de fisiologismo,
de coronelismo, de patrimonialismo, colocando em relevo e extraindo dos
indivíduos e da sociedade o que estes têm de pior, é tarefa que pode ser
empreendida por poucos e rapidamente. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Bastam
duas gestões não republicanas consecutivas num governo estadual para pôr-se de
joelhos uma Assembleia Legislativa; para se encher tribunais de Justiça e de
Contas com a parentada, aqui e alhures; para se construir uma escola pública
que nos darão futuras gerações de jovens que já não conseguirão sequer ler a
página policial dos jornais, que dirá discernir sobre seus votos; para acabar
com um sistema de saúde público e entrega-lo ao deleite privado do próprio Secretário
de Saúde; para desconstruir no imaginário popular a ideia de que o trabalho
árduo, hercúleo e competente realizado por um quadro de promotores públicos do
mais alto e ético gabarito, também está submisso aos interesses não republicanos
que violentam outras instituições. Aqui cabe um parêntesis: continuaremos
lutando para que o Ministério Público siga sendo parceiro das melhores
iniciativas da sociedade civil. Felizmente as parcerias não são com este Procurador,
mas com as promotorias e com a instituição.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Fenelon,
ao retirar Belize do Recife e manter sua decisão mesmo diante de tamanha
comoção social, fez seu dever de casa não para com o público. Vai entrar para a
história da mesma forma como os que trataram da morte de Frei Caneca, não os
grandes atores históricos, mas os pequenos que apertaram gatilhos. Ninguém que
ostenta o título de Procurador Geral de Justiça deveria se resignar a este
papel, mas este fato só faz reafirmar que não se mede o homem e o servidor público
pelo seu cargo, mas pelos sonhos que ele tenta realizar ou destruir, e é aqui,
talvez, que encontremos a medida exata do tamanho político deste que está como
Procurador Geral.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">As
falas e entrevistas do Procurador mostram bem, por um lado, a sua
despreocupação com o mérito da questão e, por outro, sua preocupação em desqualificar
a sociedade civil e outros segmentos que reivindicam o retorno de Belize. Exatamente
onde localizamos um dos motivos para o retorno da promotora, qual seja sua
sinergia sincera e desejável com a sociedade civil, através de um movimento
novo e revolucionário das redes sociais, o Procurador, tudo indica, talvez
preposto de interesses inconfessáveis, via justo aí o problema a ser “sanado”. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
alquimia do controle social sobre o poder público vindo das redes sociais, com as
práticas transparentes, horizontais e colaborativas, via a ferramenta do
Facebook com o grupo Direitos Urbanos, que é o protagonista anônimo inconteste
deste processo todo, aliado a novos e independentes veículos de comunicação,
como o Blog Acerto de Contas, aliado a iniciativas políticas partidárias
independentes e que mostram certa força política, tudo isto conectado com uma
promotora corajosa e ideologicamente comprometida com causas e com a
radicalidade da lei, geraram uma força que obstaculizava os planos da FIFA e do
governo estadual e municipal em transformar nossa cidade num quintal privado; de
higienização social da cidade; de grandes construtoras que vem grilando e
burlando a tudo e a todos quase impunemente (o quase é porque já há condenação
por formação de quadrilha entre estes setores “empresariais”). É este concerto
de forças e iniciativas que está na mira dos algozes da cidadania no Recife.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Não
à toa o procurador Fenelon, conscientemente ou não, junto com um blog a serviço
de seus patrocinadores e não da boa informação, tem insistido em partidarizar e
fulanizar o debate sobre o mérito desta pauta, faltando com a verdade descaradamente
ao afirmar que o autor deste texto se autoproclama “porta-voz” do movimento
pela volta de Belize e também do grupo Direitos Urbanos. O objetivo é gerar
discórdia do lado de cá e apostar na despolitização geral da opinião pública.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Sobre
o blog em questão, não há muito o que se fazer. É uma empresa que faz
publicidade de seus patrocinadores, não em banners, mas nos textos que publica,
e ao mesmo tempo posta artigos de opinião para lhe dar suposta face de
independência. Com relação ao procurador Fenelon, que insiste em dizer, via o
blog supracitado, que eu lhe disse que sou porta-voz do movimento e que
inclusive foi eu quem lhe liguei para tratar da pauta em questão, a solução é
simples: <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">quebremos nosso sigilo
telefônico</b>. O meu está à disposição e com esta simples medida vamos ver
quem ligou pra quem. Se, por acaso, a conversa foi gravada, podem expô-la, pois
eu, de antemão, abro mão da privacidade, como se tivesse consentido previamente.
Gente séria faz assim. Estamos no aguardo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Querem,
ainda, “partidarizar” o movimento ao dar relevo à participação de políticos nas
manifestações, de novo com foco em nossa presença. Alegra-nos ver a velha
política se contorcendo ao constatar que há atores político-partidários bem
votados que, mesmo sem mandato institucional, não se dispõem a vender sua
representatividade e seus votos no balcão de negócios dos governos de plantão.
Nosso compromisso, do PSOL e de nosso Mandato Cidadão, é honrar cada voto, cada
apoio e cada fio de esperança que nos foram depositados. Nosso maior desejo e
preocupação é não decepcionar os que em nós depositaram sua confiança. Temos,
assim, a obrigação de estar presentes em cada luta, em cada mobilização, ombro
a ombro, carregando cartazes, somando nossa voz, sofrendo, rindo ou chorando com
as dores e delícias da vida de quem nos dispomos a ser parceiros na luta política.
<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente
do PSOL-PE<o:p></o:p></span><br />
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-91068339704886520372013-01-16T01:20:00.001-08:002013-01-16T01:20:35.999-08:00Os dilemas de Rafael Correa
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Achei este texto tão bom que decidi colocá-lo aqui no blog. O artigo do dirigente do PSOL Juliano Medeiros localiza com precisão um debate crucial para a esquerda hoje: o equilíbrio no conceito de desenvolvimento, que precisa alcançar harmonicamente as dimensões social, econômica e ambiental. </span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; mso-outline-level: 2; text-align: justify;">
<b><span style="color: #145077; font-family: "Cambria","serif"; font-size: 16pt; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></b> </div>
<span style="color: red;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os setores progressistas de todo o mundo olham para
a América Latina com apreensão.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="color: red;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por Juliano Medeiros*</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As incertezas quanto ao estado de saúde do
presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frías, e os desdobramentos dessa situação
para o futuro do processo de transformações por ele iniciado em 1999, são um
fator de preocupação para as forças populares em todo o planeta. Especialmente
na América Latina, onde Chávez subverteu a perversa lógica de subordinação
nacional à que estavam submetidos os países da região, liderando o primeiro
governo comprometido com os interesses nacionais e populares em décadas, a
influência de seu legado é mais fortemente sentido. Não há dúvidas de que
outras experiências surgidas no decorrer da última década são tributárias da
novidade que Chávez simbolizou.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Entre essas experiências, está o governo de Rafael
Correa, no Equador. Foi em meio às incertezas envolvendo o futuro da Revolução
Bolivariana na Venezuela que começou na última semana a campanha eleitoral para
eleger (ou reeleger) o presidente, o vice-presidente e 137 deputados à
Assembleia Nacional equatoriana. Na corrida ao Palácio de Carondelet concorrem
oito candidatos: o atual Presidente, Rafael Correa; o ex-banqueiro Guillermo
Lasso; o ex-presidente Lucio Gutiérrez, deposto por protestos populares em
abril de 2005; o empresário e candidato derrotado por Correa em 2006, Álvaro
Novoa; o pastor evangélico Nelson Zavala; o cientista político liberal Maurício
Rodas; o advogado Norman Wray e o economista e ex-ministro de Minas e Energia
de Corrêa, Alberto Acosta.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">As últimas pesquisas apontam amplo favoritismo de
Correa: com 60,6% das intenções de voto e 72% de aprovação a seu governo, o
presidente deve vencer as eleições já no primeiro turno. Guillermo Lasso, em
segundo lugar, tem o apoio de 11,2% dos eleitores, seguido por Lúcio Gutiérrez
(4,5%), Alberto Acosta (3,5%) e Álvaro Novoa (1,8%). Os demais não alcançam 1%.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O que explica tamanho apoio ao atual governo? A
chamada “Revolução Cidadã” iniciada por Rafael Correa consiste num conjunto de
reformas que buscam enfrentar problemas históricos do Equador, como a Dívida
Externa, o controle sobre os recursos naturais estratégicos e medidas sociais
de caráter emergencial para diminuir drasticamente as profundas desigualdades
sociais que marcam o país.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Já início de seu governo, em 2007, Correa criou a
Comissão para a Auditoria Integral do Crédito Público, cuja atribuição foi a
realização da auditoria oficial da dívida pública do país – tanto interna
quanto externa – e seus impactos sociais, ambientais e econômicos. O presidente
determinou a suspensão dos pagamentos dos títulos da dívida externa e submeteu
o relatório final da comissão à justiça nacional e internacional. Após o reconhecimento
de sua validade jurídica, Correa anunciou a proposta de aceitar somente algo
entre 25% e 30% do valor dos títulos da dívida externa comercial. Aqueles
detentores de títulos que não concordassem com a proposta teriam que recorrer à
justiça, apresentando as suas petições contra o Equador. Face às provas
contundentes de ilegalidade da dívida, 95% dos credores aceitaram a proposta.
Depois de confrontado o problema da dívida pública equatoriana, os
investimentos em saúde e educação quadruplicaram, demonstrando a efetividade da
auditoria.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Além disso, os números divulgados num balanço
oficial apresentado pelo governo no final do último ano são realmente
impressionantes. O Equador esperava fechar 2012 com um crescimento do Produto
Interno Bruto de cerca de 5% (contra o crescimento de 1% do Brasil) depois de
ter se situado no ano de 2011 entre os países com maior crescimento em toda a
região. O nível de desemprego caiu no ano passado a uma taxa de 4,2%, a mais
baixa na história do país. Pela primeira vez, a pobreza extrema está em um
dígito (9,4%), o que é praticamente a metade do valor observado no início do
governo de Correa, quando 16,9% da população estava na miséria absoluta. A essa
política soma-se a eliminação do trabalho infantil, que retirou mais de 450 mil
meninos e meninas dessa situação nos últimos cinco anos. Isto foi reconhecido
pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) quando colocou o
Equador como um dos campeões na redução da pobreza em 2011, assim como na
atenção a mais de 130 mil pessoas com deficiências. Essas iniciativas vêm
acompanhadas de medidas assistenciais a idosos e apoio a mães solteiras chefes
de famílias, mediante o chamado “Bônus de Desenvolvimento Humano” outorgado a
cerca de 1,8 milhões de beneficiários. Parecido com a Bolsa Família brasileira,
esse bônus é entregue sob a condição de que as mães enviem seus filhos à escola
e garantam seu adequado crescimento através de programas de alimentação
infantil para evitar a subnutrição crítica.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Paralelamente, o governo toma iniciativas no
sentido de enfrentar a atual correlação de forças, tanto na política externa –
rompendo relações com o governo da Colômbia quando dos ataques ao acampamento
das FARC na fronteira com o Equador ou asilando Julian Assange em defesa da
liberdade de informação – quanto interna, aprovando uma Constituição que prevê
a institucionalização de vários avanços, submetida e aprovada em referendo
popular por mais de 82% dos equatorianos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Porém, nem só de acertos vive a Revolução
Cidadã. Uma tensão latente opõe governo e movimentos sociais indígenas e
urbanos. A implementação de um modelo de desenvolvimento cada vez mais centrado
na exploração dos recursos naturais tem sido questionado, principalmente, por
setores progressistas que até pouco tempo apoiavam o governo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Com investimentos milionários em oito
centrais hidroelétricas, o Equador pretende deixar de importar eletricidade da
Colômbia e do Peru a partir de 2016. Além disso, com um mega projeto de U$12
bilhões na Refinaria do Pacífico, também quer exportar derivados de petróleo.
Mas os planos oficiais de extração de recursos naturais têm contado com a
oposição do principal movimento social do país: o movimento indígena. O novo
processo de licitação internacional para a exploração do petróleo em larga
escala na Amazônia equatoriana tem sido fortemente questionado. Não é primeira
nem a mais importante polêmica entre Correa e os movimentos sociais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Em março, os conflitos envolvendo os
megaprojetos de mineração anunciados pelo governo equatoriano aprofundaram a
ruptura entre Correa e parte do movimento indígena. Naquele mês, o governo
inaugurou a mina a céu aberto “Progresso”, firmando o primeiro contrato com a
empresa Ecsa para sua exploração. O início das atividades da mina se deu após
intensos protestos e sob a acusação do governo não ter consultado previamente
as comunidades afetadas. A resposta veio dias depois, com a grande Marcha pela
Água, a Vida e a Dignidade, que percorreu o país desde o sul da Amazônia
equatoriana, passando pelas principais cidades andinas até chegar a Quito,
colocando em evidencia o tema da defesa da natureza e da soberania nacional.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Mais recentemente, o enfrentamento entre o
governo e os movimentos sociais tem sido em torno da recente licitação para que
empresas estrangeiras façam investimentos em 13 campos de petróleo no sudeste
da Amazônia equatoriana. Irritado, Correa afirmou: "Basta desse
infantilismo de 'não ao petróleo', 'não à mineração'(...)", defendendo o
"aproveitamento responsável" dos recursos naturais não renováveis que
o país possui”. No centro da polêmica, está a disposição da Constituição
equatoriana que estabelece que toda a decisão do Estado que afete o ambiente
terá que ser objeto de consulta com a comunidade local.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Correa defende que tal consulta não
significaria consentimento prévio. Segundo ele, “não podemos ser mendigos
sentados sobre um saco de ouro”, disse em várias ocasiões aos que se opõe à
exploração mineira, quando já há evidências de grandes reservas de cobre, ouro
e outros minerais a serem exploradas. Questionando os que criticam as
iniciativas na área da exploração mineral, o governo afirma que os maiores
depredadores são a expansão da fronteira agrícola e a mineração clandestina
irresponsável.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Mas as críticas dos movimentos sociais não se
resumem à questão ambiental. Em agosto de 2012, Correa defendeu a urgência de
reformar a Constituição para sanear, segundo ele, o “hipergarantismo” que
impede a governabilidade do país. Os movimentos questionam como uma
Constituição considerada uma das mais avançadas em termos de direitos possa ser
considerada um empecilho exatamente por assegurar garantias e direitos nunca
antes previstos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Ao mesmo tempo, há temas importantes que o
governo nunca enfrentou. A ausência de uma reforma agrária, o problema da
distribuição da água ou a democratização dos meios de comunicação são temas
pendentes na agenda de Correa. Além disso, a economia continua dolarizada e o
país segue subordinado às determinações do <i>Federal Reserve</i>, o Banco
Central dos EUA.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> É desse processo de crítica ao modelo de
desenvolvimento levado à cabo pelo atual governo que nasce a candidatura de
Alberto Acosta, ex-ministro de Minas e Energia de Rafael Correa e principal
candidato à esquerda da coalizão <i>Alianza País</i>. Representando uma
coalizão de movimentos sociais e partidos socialistas e comunistas unidos na
“Unidade Plurinacional das Esquerdas”, a candidatura de Acosta simboliza não
somente uma justa crítica aos limites do governo de Correa, mas uma plataforma
efetivamente mais avançada para transformar profundamente a realidade do
Equador. Com menos de 4% de apoio, porém, as pesquisas demonstram que a
sociedade equatoriana não está preparada para uma saída radical aos séculos de
atraso a que foi historicamente submetida. Razão pela qual, Correa deve mesmo
capitalizar a grande maioria do apoio dos setores populares e progressistas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Nos vinte anos que antecederam a chegada de
Rafael Correa ao poder, nada menos que 14 presidentes haviam sido depostos
(média de cerca de um presidente a cada ano e meio). A estabilidade política é
uma conquista das elites que hoje podem negociar livremente, mas também é um
avanço que favorece as forças populares na organização de um projeto
efetivamente alternativo. O problema é onde entram Correa e sua “Revolução Cidadã”
nisso tudo. Longe de ser uma experiência a serviço da “estabilização burguesa”
como acusam os setores mais extremados da opositora Unidade Plurinacional das
Esquerdas, o processo liderado por Correa é cheio de contradições e limites,
embora mostre muito mais disposição para enfrentar os problemas históricos de
seu país em comparação com outros governos da região. Pressionado entre “razões
de Estado” que a legalidade burguesa impõe e a necessidade de rupturas, Correa
se equilibra, ora acertando, ora errando. Faz um bom governo, bem posicionado
na geopolítica regional e com inquestionáveis avanços sociais.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> Mas para ele, tal como para os demais
governantes que representam experiências democráticas e populares, o dilema é o
mesmo: até onde é possível ir sem romper com os limites dessa legalidade? Como
construir uma alternativa real de poder popular? Que fazer para fortalecer as
organizações da sociedade civil? Se Correa não tiver em seu horizonte a
necessidade de enfrentar essas questões, de pouco terá servido chegar até aqui.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 15pt; margin: 0cm 0cm 10pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 10.5pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #575757; display: inline !important; float: none; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 14px/20px Arial, Helvetica, FreeSans, "Liberation Sans", "Nimbus Sans L", sans-serif; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: left; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">*Historiador, dirigente nacional do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e ex-diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) do Brasil, nas gestões 2005-2007 e 2007-2009. É editor do site Unamérica.</span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-55696875497684645742013-01-04T08:53:00.001-08:002013-01-04T08:53:01.936-08:00Faltam argumentos e sobra desespero aos defensores do Projeto Novo Recife<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Não
me lembro de outra oportunidade em que um projeto de intervenção urbana na
cidade do Recife tenha gerado tanta discussão e que tenha ficado tão nítido a
forma não republicana como as gestões públicas agem nestes casos. Diante da
absoluta falta ou fragilidade de argumentos dos que defendem o projeto,
lamentavelmente parece ter sobrado a estes a tentativa de desmoralização dos
que pensam diferente e buscar levar o debate para o ambiente da jocosidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Alguns
“argumentos”: “O projeto é privado e então ninguém pode se meter”. “O projeto
representa progresso”. “Vai gerar emprego e renda”. “Melhor isto do que a área
degradada como está”. “Vamos ser a nova Dubai!”. “Quem é contra são maconheiros
e desocupados”. “Onde estavam os contrários quando a área estava lá parada e
degradada?”. “Porque os que são contra não lutam contra outros problemas mais
graves na cidade?”. “Se não gostou, deita na BR!”. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Estes
argumentos só servem para um não-debate, para um ambiente de briga de torcidas –
que parece interessar aos que pensam em lucrar muito com este projeto. Basta
descermos ao ambiente da racionalidade, da legalidade e do bom senso, e tudo
fica claro com extrema simplicidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
fato de o terreno e o projeto estarem em mãos privadas não significa que pode
tudo. Se o dono de um limpa-fossa compra uma área vizinha ao seu prédio,
significa que ele pode fazer ali uma estação de decantação? Claro que não. A
lei garante que é preciso licença para funcionamento, estudo de impacto
ambiental e de vizinhança, caso contrário a cidade vira uma selva urbana. Da
mesma forma uma área de 100 mil m² na região central da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Progresso
é um termo muito relativo. A RFFSA (Rede Ferroviária Federal) – proprietária última
daquela área do José Estelita, foi privatizada em nome do progresso, com os
contrários à sua privatização sendo desqualificados à época como jurássicos. O
que vimos depois foi a desativação do ramal ferroviário que ligava Recife ao
agreste e ao sertão, ramal que hoje nos faz falta para garantir uma integração
ferroviária entre o Recife e Caruaru, por exemplo. O que parecia progresso foi
na verdade um brutal retrocesso.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
argumento de que vai gerar emprego e renda e que é melhor este projeto do que o
que existe hoje é absolutamente desonesto. Existia/existe outro projeto para
área, também transformador, também gerador de emprego e renda, denominado à
época Projeto Urbanístico Recife/Olinda. Reproduzo aqui a íntegra da fala da
urbanista Raquel Rolnik, que em 2005 era Secretária de Assuntos Urbanos do
Ministério das Cidades: “<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="background: white; color: #111111;">A base do projeto (Projeto Urbanístico
Recife/Olinda) era a disponibilização de espaço público e de transporte público
de qualidade, interligando as duas cidades, e estavam previstos, por exemplo,
1/3 de habitação popular nas novas áreas a serem construídas e recursos para a
urbanização de todas as favelas contidas neste perímetro. Uma proposta inicial
– não totalmente desenvolvida e ainda não sacramentada por todos os envolvidos
– foi lançada para<span class="apple-converted-space"> </span></span></i></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/149/imprime26571.asp" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; orphans: 2; widows: 2; word-spacing: 0px;" target="_blank"><span style="background: white; color: #111111; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="font-family: Calibri;">debate público</span></span></a><span style="background: white; color: #111111;"><span style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; float: none; orphans: 2; widows: 2; word-spacing: 0px;"><span style="font-family: Calibri;">. Em 2007, no entanto, após as eleições, o governo de
Pernambuco mudou e a nova gestão simplesmente não deu continuidade ao projeto.</span></span></span></i><span style="font-family: Calibri;"><span style="background: white; color: #111111;">”</span>. Portanto, é ignorância ou
má-fé afirmar que os que somos contrários ao projeto Novo Recife não apresentamos
alternativas à situação atual.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Quem
definiu que queremos ser uma nova Dubai? A maior riqueza de Recife é sua
originalidade, seu conjunto cultural, sua arquitetura, sua geografia, sua
história, sua antiguidade. Recife pode e deve se modernizar, mas jamais pode se
descaracterizar, pois nossas características originais são nossa identidade e
nossa maior riqueza. O projeto Novo Recife descaracteriza e empobrece
violentamente nossa cidade. Quando se vai à Europa ou para outras localidades
do mundo, não se vai em busca de uma nova Dubai, mas sim em busca do que aquela
terra tem de original.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Os
que são contrários ao projeto Novo Recife são pessoas que tem suas vidas engajadas
na luta por uma sociedade melhor. São arquitetos, advogados, operadores de
telemarketing, pescadores, desempregados, lideranças partidárias,
sindicalistas, jornalistas, estudantes, ciclo-ativistas, engenheiros, aposentados.
Alguns são maconheiros? Pode ser. E daí?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Além
disso tudo, o Projeto Novo Recife está em total ilegalidade. Está sendo
encaminhado com profundos vícios, como de forma impecável asseverou a Promotoria
do Meio Ambiente do Ministério Público de Pernambuco, através da Promotora
Belize Câmara e também conforme representou junto ao Ministério Público o
vereador do PPS Raul Jungmam.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Portanto,
vamos ao debate, sem jocosidade, sem desqualificações e dissimulações,
respeitando a legislação e, fundamentalmente, a democracia e o respeito à
cidadania.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente
do PSOL-PE<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-48303936119094673212012-12-28T05:51:00.001-08:002012-12-28T05:51:46.656-08:00Legislativos: irrelevantes e ridículos?<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva</span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvjrqz2WYddJaXIjTkXRD-iibG2OkQ8N2mzVbewRgqL_vraCudHYEi0H4AWc7wPutZFHoOirbdiU_Ode2TjDO9THrfnG9F4xh4t9ruV5iT1ABqtNQ_WbuViuJaW-HPkKyIfVf047XiNr4/s1600/CMARA_~1.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvjrqz2WYddJaXIjTkXRD-iibG2OkQ8N2mzVbewRgqL_vraCudHYEi0H4AWc7wPutZFHoOirbdiU_Ode2TjDO9THrfnG9F4xh4t9ruV5iT1ABqtNQ_WbuViuJaW-HPkKyIfVf047XiNr4/s400/CMARA_~1.JPG" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Os
qualificativos irrelevantes e ridículos para tratar o papel dos legislativos no
Brasil não estão sendo inaugurados aqui. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF)
cravou-os há poucos dias, em meio à tentativa do senado em votar mais de três
mil vetos presidenciais em um único dia, para destravar a pauta que impedia a
apreciação dos vetos relativos aos royalties do Petróleo. A proeza, capitaneada
e tentada por Sarney, desnudaria em praça pública aquilo que, não raro de forma
despolitizada, a população já o diz cotidianamente dos políticos.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Vivemos
em Recife esta semana sensação semelhante em relação ao nosso legislativo. Os vereadores,
com honrosas exceções de duas vereadoras – Aline Mariano (PSDB) e Priscila
Krause (DEM), aprovaram num prazo de 72 horas matérias de impacto profundo na
gestão da cidade, atendendo às ordens do futuro prefeito Geraldo Júlio. Temas com
desdobramentos já na data da posse, como o novo organograma de funcionamento da
equipe do futuro prefeito, talvez justificassem um esforço e uma aceitação como
razoável, mas aprovar Projetos de Lei que rezam sobre PPPs (Parcerias Público
Privadas) e ainda retirar do próprio legislativo a competência de opinar e
deliberar sobre os mesmos no futuro é passar um atestado público de
irrelevância enquanto poder na municipalidade. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">O
fato do futuro prefeito querer ver aprovadas matérias de sua futura gestão por
uma Câmara em fim de mandato, dando um “drible da vaca” na futura legislatura e
nos novos vereadores que assumirão a partir de 2013, também é digno de nota.
Neste caso é o futuro prefeito que passa um atestado de desrespeito ao poder
legislativo municipal. Pode não ser ridículo se e quando tratamos a política
como ambiente de vale-tudo, mas é ridículo quando pensamos que isto deveria ser
uma República, com independência entre os poderes.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente do PSOL-PE<o:p></o:p></span></b></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-9381198597885043372012-12-20T04:05:00.001-08:002012-12-20T04:06:42.847-08:00Acuados, vereadores do Recife abrem mão de parte do auxílio-paletó<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Por
Edilson Silva</span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy50DS7Rm_piYJdORjcjNION0jB0E8cPQEXLltaMAn9biNzdflJL7GeBldf511KbSGmtt1wb_qGcstfQnXqtvyK5DMR5RiBbdhMrKZvjRbaU2mXStwpinaTnTYVElDh6wcbVA5_M0zvXc/s1600/coelho+da+cartola.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="222" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy50DS7Rm_piYJdORjcjNION0jB0E8cPQEXLltaMAn9biNzdflJL7GeBldf511KbSGmtt1wb_qGcstfQnXqtvyK5DMR5RiBbdhMrKZvjRbaU2mXStwpinaTnTYVElDh6wcbVA5_M0zvXc/s400/coelho+da+cartola.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
Câmara de Vereadores do Recife acaba de aprovar um corte de 75% no chamado
auxílio-paletó, que na verdade são o 14º e o 15º salários. Numa legislatura de quatro
anos, cada vereador vinha recebendo oito parcelas deste privilégio ilegal. Com
a nova norma aprovada, passam a receber “apenas” duas parcelas durante a
legislatura. <o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
primeira observação a se fazer é que a medida é progressiva, mas foi tomada no
sentido de perder alguns anéis para salvar os dedos. Os vereadores viram que a
OAB-PE já conseguira parecer favorável do Ministério Público frente a sua ADIN
(Ação Direta de Inconstitucionalidade) junto ao Tribunal de Justiça que
questionava a constitucionalidade do mesmo auxílio-paletó na Assembleia
Legislativa de Estado, tendência que já vem sendo adotada em outros estados. Viram
também que alguns vereadores que assumirão mandatos em 2013 embasaram parte de
suas plataformas questionando estes privilégios; ao mesmo tempo em que
perceberam que a sociedade civil segue se organizando para questionar as
imoralidades e ilegalidades deste poder, como é o caso do nosso Mandato
Cidadão. Menos mal, portanto, que a Câmara tenha recuado alguns passos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A
segunda observação é que a medida aprovada pela Câmara ainda a mantém na
ilegalidade. Buscam escudar-se no Senado Federal, que aprovou medida similar,
mas também o Senado está na ilegalidade. Os recebimentos dos parlamentares não
são salários, mas subsídios, e são uma parcela única, não cabendo quaisquer
acréscimos casuísticos, a exemplo destas indenizações diretas ou pagamentos de
horas-extras, como acontece com as sessões extraordinárias. Sendo assim, segue
a ilegalidade no 13º salário, nas duas parcelas mantidas de auxílio-paletó e
também em outros recebimentos que vão diretamente para a conta corrente dos
vereadores. Para além da ilegalidade, podemos e devemos questionar também a
moralidade destes recebimentos numa cidade com tanta gente em situação de
miséria e diante das campanhas milionárias que os vereadores fazem para chegar
até a Câmara.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">É
preciso então observar este recuo dos vereadores como uma vitória da sociedade
mobilizada e indignada, dos movimentos anticorrupção, de setores da mídia
atentos aos desmandos, de movimentos sociais independentes, das juventudes que
cercam a Câmara para protestar, de lideranças políticas que tiveram coragem de
enfrentar o “espírito corporativo” presente na vida parlamentar, da postura
correta, coerente e corajosa da OAP-PE em questionar as ilegalidades no poder
público. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Esta
vitória parcial da sociedade precisa ser seguida por mais pressão social sobre
a Câmara. É preciso ainda extinguir o que restou do auxílio-paletó, do 13º
salário e outros recebimentos diretos. É preciso estabelecer um novo teto para
o reajuste dos subsídios dos vereadores, que não pode mais ser o efeito cascata
em relação ao salário dos deputados, mas sim o reajuste dos servidores
municipais. Medidas como estas não são mera moralização, mas devem buscar uma
reconceitualização do Poder Legislativo Municipal, que ao invés de servir para
pagar gordos subsídios aos representantes do povo, deve munir-se de quadros
técnicos em quantidade e qualidade, via concurso público, para que tenhamos uma
República de fato e de direito em nossa cidade, com capacidade e independência
para fiscalizar o Poder Executivo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Presidente do PSOL-PE</span></b><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-31504261775716146352012-12-08T15:51:00.001-08:002012-12-08T16:14:32.170-08:00A unidade do pólo esquerdista no PSOL só é possível na ficção?<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Por Edilson Silva*</span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFfz7XwzZllRcOkQ4Y9gN5SixxdlzbOI27GSq2lBz4HicWaJu6CYYG24ACgpd0gLuFC2k2ubej6dyTed37499JVh1knBIT3Wbof2vNBU8T2oAqJG1nPNAbAMFEMOUorrSnSafAYBAs7-I/s1600/garrinchamarcadopor3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFfz7XwzZllRcOkQ4Y9gN5SixxdlzbOI27GSq2lBz4HicWaJu6CYYG24ACgpd0gLuFC2k2ubej6dyTed37499JVh1knBIT3Wbof2vNBU8T2oAqJG1nPNAbAMFEMOUorrSnSafAYBAs7-I/s400/garrinchamarcadopor3.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><span style="color: red;"><strong>Garrincha, em minoria, podia dissimular movimentos </strong></span></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: red;"><strong><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">para </span><span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">enganar e chegar ao objetivo. PSOL não é futebol.</span></strong></span></div>
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><strong></strong></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Após
o recente Diretório Nacional do PSOL, em que as resoluções aprovadas e já
divulgadas falam pelas maiorias democraticamente constituídas no partido, os
setores que não alcançaram seus intentos vem a público disputar versões que
possam justificar seu insucesso e buscar animar sua tropa para manter a autofágica
luta interna no PSOL. O autodenominado bloco de esquerda, que na verdade é um pólo
esquerdista - no sentido politicamente pejorativo que Lênin emprestou ao termo
- com o agravante de um forte viés oportunista no nosso caso, lança mão de
inverdades e da má-fé para construir sua unidade, o que já é um segundo
agravante.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">A
bem do debate franco, honesto, fazemos este esclarecimento aos nossos
militantes, filiados e amigos do partido, pois não podemos permitir que flagrantes
inverdades corram soltas sem os contrapontos que tragam o debate ao terreno da
mínima honestidade intelectual. As inverdades do esquerdismo psolista precisam
ser trazidas à luz, uma a uma, e vamos trata-las aqui, não com o objetivo de
polemizar, mas tão somente de esclarecer, num momento em que o pântano político
e a desinformação servem de instrumento na luta política interna. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">É
verdade que o Diretório Nacional do PSOL começou com grande atraso, como afirma
a nota do pólo esquerdista. Não foi a primeira vez e nem foi a última que isto
aconteceu. Nosso partido, pela natureza da sua composição interna, com muitos
agrupamentos, exige esforço de sínteses entre estes agrupamentos. Por inúmeras
vezes já tivemos que fazer intervalos em reuniões em andamento do Diretório e
até em congressos do PSOL, para fazer estes esforços. Portanto, não é novidade
no partido esta metodologia, inclusive já tivemos diretórios em que a reunião
foi suspensa por várias horas enquanto os dirigentes Roberto Robaina e Jorge
Almeida - dirigentes deste pólo esquerdista hoje, reuniam-se a portas fechadas
num quarto de hotel para fazer acordos de votação. Política se faz assim, com
conversas, acordos, sínteses, emblocamentos a partir da aproximação de posições
políticas, e isto não pode ser direito só de alguns, mas de todas as forças
dentro do partido. Foi graças a este esforço que o esquerdismo perdeu grande
força de seu discurso, pois não esperavam o gesto maiúsculo de dirigentes como
Edmilson Rodrigues, de reconhecer desequilíbrios e erros cometidos na condução
da sua campanha, e isto foi um importante processo de convencimento político,
onde creio que todos aprendemos e ganhamos. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">A
nota do esquerdismo age com desonestidade e deslealdade ao afirmar que o
dirigente Martiniano Cavalcante "recebeu" dinheiro de Carlinhos
Cachoeira. Já foi comprovado, inclusive junto à própria CPMI, que na verdade
aconteceu um empréstimo que foi pago, repito, comprovadamente, com juros de
agiotagem. É até admissível que filiados de base, desinformados ou desonestos,
façam acusações e condenações levianas, mas é lamentável e repugnante que
integrantes da direção do partido comportem-se de forma tão menor.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Não
é verdade que houve ampliação indevida do número de membros do Diretório de 61
para 62 membros e que esta vaga a mais deveria ser do MES, como afirma o pólo esquerdista.
Foi votado por consenso no Diretório Nacional do PSOL, ainda em 2010, que o <u>CARGO</u>
de presidente da Fundação Lauro Campos deveria compor a Executiva Nacional do
PSOL, entrando este na lista de chamadas pela <u>proporcionalidade qualificada</u>.
Assim, a Executiva passou a ser composta por 18 membros (antes eram 17), e o
Diretório passou de 61 para 62 vagas. O que o pólo esquerdista reivindica agora
é que, como eles "chamaram" o CARGO da presidência da Fundação Lauro
Campos, deveriam ter mais uma <u>VAGA</u> no Diretório. Eles confundem - por
oportunismo ou por ignorância, que todas as 62 vagas do Diretório devem ser
preenchidas observando-se o critério da <u>proporcionalidade direta</u>, ou
seja, quando preenchem o cargo da presidência já ocupam ao mesmo tempo uma vaga
respectiva no Diretório, a vaga no diretório e o cargo na Executiva são um só. Esta
informação está registrada em ata pública junto ao TSE desde fevereiro de 2012
e já houve inclusive um Diretório Nacional com esta configuração e nunca foi
feita esta “observação”, ou seja, trata-se de factoide de quem quer arrumar explicações
para tentar justificar sua falta de votos para ser maioria, buscando gerar um
efeito psicológico em sua militância, um discurso oco de uma suposta vitimização.
Ademais, este pólo esquerdista nas duas últimas reuniões nacionais sequer
conseguiu mobilizar todos os seus membros para comparecer às reuniões. Faltaram
membros tanto na Executiva Nacional quanto no Diretório, portanto, está nítido
que a condição de minoria deste pólo – muito digna, é preciso dizer, se dá, em
parte, não por supostas manobras das maiorias, mas, entre outros fatores, por
sua absoluta falta de capacidade de se autoconvencer da importância da
participação nos fóruns do partido, espaço real e presencial onde as decisões
democráticas são tomadas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Não
é verdade que Marcelo Freixo tenha sido atacado por qualquer dirigente ou setor
do partido na reunião do Diretório. Pelo contrário, foi reivindicado como
protagonista de uma campanha vitoriosa no PSOL, uma referência. O que foi feito
por vários dirigentes, com justeza, foi apresentar a campanha ampla, de massas
e desprovida de dogmatismos que ali foi feita, recebendo recursos do empresário
Guilherme Leal, dono da Natura e vice da Marina Silva em 2010, assim como recebendo
apoio de lideranças do PSDB, assim como também ter declarado que alianças com o
PT e PDT são possíveis no Rio de Janeiro e que o melhor candidato a presidente
que o PSOL tem é Randolfe Rodrigues. Todos estes fatos omitidos de forma
desmoralizante pelos esquerdistas, que querem fazer de Freixo um porrete para
bater em outras lideranças do PSOL, como o Edmilson, Randolfe e Clécio. Quem
critica Freixo e aspectos de sua campanha são setores do esquerdismo, mas o
fazem em e-mails internos (que vazaram), afirmando que não o criticam
publicamente, AINDA, porque a bola da vez das críticas é o senador Randolfe
Rodrigues, ou seja, na fila da degola o Freixo tem um lugar cativo na
guilhotina do pólo esquerdista. É questão de tempo, segundo eles mesmos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Por
fim, não é verdade que o pólo esquerdista colocou em votação resolução a partir
dos entendimentos com as deliberações da plenária de Belém. A proposta de
resolução em que este pólo votou foi aquela apresentada pela companheira Janira
Rocha – criticada por eles em sua nota -, momento, aliás, em que este setor
caiu de 26 para 25 votos, pois duas companheiras - tudo indica mais coerentes e
mais em sintonia com o que ocorreu em Belém, abstiveram-se. (segue nota da
Janira Rocha na íntegra logo abaixo).<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;">Zerando
as ficções - que talvez sejam o limite da racionalidade possível neste pólo, quem
sabe possamos tentar entrar em debates de conteúdo para o nosso partido, pois
há sim um debate de diferenças importantes e que é positivo que se faça. O PSOL
deve manter seu leque de alianças aprovado para as eleições 2012? Quais os critérios
claros para financiamento privado de nossas campanhas? Por onde passam as
linhas de ação política principais para transformar a realidade brasileira na
direção do socialismo? Temos um oceano para remar no sentido da elaboração teórico-programática,
ante-sala inescapável para adentrarmos com mais protagonismo nestes temas. Infelizmente
o pólo esquerdista entrou na reunião do DN com a pauta exclusiva de expulsar Randolfe
e Clécio e também antecipar o IV Congresso do PSOL. Foram flagrantemente
derrotados. Coube a uma maioria sóbria aprovar um balanço realista e positivo e
aprovar também um plano de ação para o partido, que foi aprovado por consenso.
Ao debate, mas com honestidade. <o:p></o:p></span></div>
<br />
Membro da Executiva Nacional do PSOL / Secretário Geral do PSOL<br />
<br />
<u>Texto de Janira Rocha apresentado na reunião do DN sobre Belém</u><br />
<div class="Body1" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><o:p><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">"Quanto à presença de Lula e do
primeiro escalão do PT nas gravações do 2º turno das eleições em Belém,
entendemos que apesar das dificuldades políticas presentes, tratou-se de um
erro.<o:p></o:p></span></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A despeito da resolução sobre
alianças votada por nossas instâncias nacionais permitirem esta relação com o
PT, o que concordamos, essas alianças seriam feitas com setores progressistas
do PT, em contradição com seu núcleo duro e com o chefe do mensalão, Sr. Lula.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A presença deste primeiro escalão e
de Lula, mais do que um símbolo negativo, fere os próprios princípios
fundacionais do PSOL. É na prática a negação das contradições políticas e
morais que levaram Heloisa Helena e outros de nossos “radicais”, juntos com uma
ampla base partidária a romperem com o PT e fundar o PSOL.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A presença de Lula e seu primeiro
escalão no 2º turno em Belém, além de tudo, colocou-se em contradição com a ação
de vários outros militantes do PSOL que, ou como candidatos, como
parlamentares, ou como lutadores dos movimentos sociais fazem um enfrentamento
direto às políticas governistas e nefastas do PT.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não pode ser que a presença de Lula,
enfrentando e derrotando Heloisa Helena em Alagoas, junto ao PDT em Macapá, e
junto à burguesia em outros estados nos enfrentando, não nos contradite com sua
presença no nosso espaço de TV.<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nossa estratégia passa pela derrota
do PT de Lula, do PT do mensalão, do PT que fez a reforma da previdência que
atacou direitos do povo brasileiro."<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">
</span></span><br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-34015604658134965192012-12-03T11:54:00.000-08:002012-12-03T11:54:14.469-08:00Avaliação política do Diretório Nacional do PSOL
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">Diretório Nacional do PSOL enfrenta questões
estratégicas, </span></span></u></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">de concepção </span></span></u></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span><span style="font-family: Calibri; font-size: large;">partidária e avança para fortalecimento da esquerda
brasileira</span></span></u></b></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></u></b> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6zZBA_YX2REWSO9CWM40ZATwqIHLJdUPvLSzJrGlAi7rbgTgW7wikft3WS58YU5oU2sPh58_YCmx-6uI-Z4MdvLT0Kc-wrpMnMNHeZq8SFYvtgCl6wrh3WR1NHnFDsRqluIutTv6UOo0/s1600/foto+DN.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6zZBA_YX2REWSO9CWM40ZATwqIHLJdUPvLSzJrGlAi7rbgTgW7wikft3WS58YU5oU2sPh58_YCmx-6uI-Z4MdvLT0Kc-wrpMnMNHeZq8SFYvtgCl6wrh3WR1NHnFDsRqluIutTv6UOo0/s400/foto+DN.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><u><span style="font-size: 12pt;"><span style="font-family: Calibri;"><o:p></o:p></span></span></u></b> </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p><span style="font-family: Calibri;">A reunião do DN do PSOL no último final de semana foi um marco
para o partido. Realizada após uma campanha eleitoral inequivocamente vitoriosa
em 2012, o fórum máximo de deliberação - abaixo apenas de nosso congresso,
aconteceu sob forte pressão de um setor do PSOL que queria transformar nossas
vitórias em derrotas. Uma maioria consistente, contudo, soube fazer as reflexões
necessárias sobre os equívocos e desequilíbrios táticos havidos – naturais aos
que se lançam nas disputas de massas -, e inseri-los dentro de um balanço
vitorioso e de um partido que saiu absolutamente fortalecido das urnas em 2012.
Restou aprovado, mais uma vez, a reafirmação de um norte de concepção
partidária e a dimensão estratégica onde esta concepção se localiza.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O DN começou enfrentando uma situação de ordem metodológica,
que acaba guardando aspectos de natureza estratégica também, pois método,
política e ética são no fundo inseparáveis: a reabilitação do dirigente
Martiniano Cavalcante, que havia sido suspenso de seus postos de direção a
partir de decisão precária da Executiva Nacional. Neste debate, o partido
encerrou um aprendizado e precisou fazer um desagravo ao destacado dirigente,
pois a decisão de afastá-lo e enviá-lo à Comissão de Ética, sem observar os
procedimentos mínimos necessários para estes casos - além dos fatos já terem
desfechado sua absoluta falta de má-fé -, acabaram causando-lhe indiscutíveis prejuízos
políticos. O transcorrer desta discussão deixou claro que o PSOL precisa
avançar no sentido das garantias fundamentais aos filiados e também no
estabelecimento de limites à luta política que invade a dignidade do outro. Ataques
de natureza moral entre membros do partido, na luta interna, não devem prosperar
no PSOL e precisam ser devidamente sancionados. A reabilitação e o desagravo
aprovados no Diretório Nacional foi uma derrota para aqueles que internamente
apostam nos ataques morais como ferramenta de luta política e pode representar
uma inflexão rumo à construção de uma cultura libertária de fato no ambiente da
moral e da ética entre os membros do PSOL.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O debate político de balanço das eleições foi marcado por
uma nítida polarização. De um lado, um setor do partido unido em torno da tese
de que o PSOL saiu derrotado do 2º turno das eleições e que havia uma grave
crise política e de direção no PSOL. A suposta derrota teria se dado por conta
do recebimento de apoios heterodoxos às nossas candidaturas em Belém e Macapá. A
suposta crise de direção se daria por conta da suposta incapacidade do
presidente Ivan Valente de seguir à frente do Diretório Nacional, por conta deste
ter se coadunado com esta suposta derrota. Creio que estes setores chegaram a
cogitar seriamente que poderiam ter maioria no diretório – ou uma votação muito
apertada, podendo assim tentar um golpe e tomar a direção do partido antes do
prazo estatutário – intervalo de dois anos entre congressos. Em base a esta
análise, este setor entrou na reunião do DN com duas propostas básicas: colocar
o senador Randolph Rodrigues e o prefeito eleito Clécio Luís na Comissão de
Ética do PSOL e também antecipar o IV Congresso do PSOL, para eleger uma nova
direção. No diário carioca O Globo de sábado, 01/12, a cobertura à reunião do
DN destacava que o ponto principal desta reunião seria a expulsão do único
senador e do prefeito eleito de Macapá do PSOL, uma cobertura negativa que,
tudo indica, foi devidamente plantada por interessados na divulgação da suposta
crise do PSOL.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Aos que acompanham a dinâmica interna do PSOL com mais
atenção, não é difícil perceber que existe em verdade um condomínio
estabelecido neste setor do PSOL, que seria um pólo esquerdista, com variados
interesses isolados, mas que se encontram de conjunto em apenas um ponto comum:
enfraquecer a direção do PSOL. Dentre os interesses embutidos neste setor
podemos destacar a luta pelo controle do pequeno aparato partidário e a
tentativa de alavancar a pré-candidatura de Luciana Genro à presidência da
República, que está inelegível na circunscrição eleitoral do seu estado, Rio
Grande do Sul, por conta de seu pai ser governador, e que para se reprojetar no
cenário político nacional necessita candidatar-se à presidência ou vice-presidência
da República. Necessário é que se diga que deve honrar muito ao PSOL ter um
quadro gabaritado como a Luciana Genro postulando esta condição, pois é uma
militante que apesar da “juventude” tem uma bela história na esquerda
brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Portanto, o que liga mesmo
os variados agrupamentos que convivem neste condomínio (MES, CST, CSOL, Enlace,
APS , TLS, SR e outros) não são questões programáticas ou táticas de médio e
longo prazos, mas questões precárias de táticas urgentes e que podem
desfazer-se com pouca dificuldade, como deixou muito transparente o debate
político feito no Diretório Nacional. É possível perceber vestígios de pontos
comuns, no discurso, de concepção partidária, mas neste caso basta vermos como
as partes que compõem este todo se comportam quando hegemônicos nos estados e
municípios e verificamos que também aí a retórica é meramente tática.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Do outro lado nesta polarização, uma coalizão também ampla,
mas que mostrou unidade numa questão fundamental e política de fundo: a defesa
do PSOL como ferramenta política anticapitalista com forte perfil popular,
portanto de massas. Outra característica também comum a esta coalizão é o desapego
sincero a “siglas” internas ao PSOL, o que não é desprezível politicamente e pode
não ser mera coincidência. São “dissidentes” da APS, do MES, do Enlace, do MTL,
são independentes de várias origens, todos num ponto de encontro em que a
defesa do PSOL anticapitalista, amplo e de massas é a moldura dentro da qual
tratamos nossas saudáveis diferenças. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O centro do debate político e das polêmicas neste DN não foi
o plano de ação do PSOL para o início de 2013, em que votamos por consenso a
luta pela anulação da Reforma da Previdência de Lula, do fator previdenciário,
a realização de seminário para buscar dar um perfil o mais uniforme possível
para o PSOL nos legislativos municipais, solidariedade às lutas na Europa e
realização de Seminário sobre a IRSA, ações articuladas pelo PSOL na região do
semiárido nordestino sobre a seca que castiga a região, a luta contra o ACE –
Acordo Coletivo Especial no setor privado que está sendo incentivado pela
maioria da CUT, sobre a luta LGBT e outros. O PSOL saiu armado para incidir
sobre estas questões importantíssimas da luta política e social nos próximos
meses. Estas votações, praticamente consensuais, já demonstram que a tese do
partido derrotado e em crise não passava de uma invenção a serviço da luta
interna autofágica patrocinada por alguns segmentos internos.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O resultado das votações de avaliação das eleições mostraram
uma maioria sólida negando a tese de derrota e crise do PSOL: 35 X 26. Contudo,
o resultado quantitativo não reflete a flagrante derrota política verificada
durante os debates, que precisamos reconhecer que foram de nível elevado –
embora constrangedor em vários momentos, com uma ou outra exceção de alguns
membros que pela forma e conteúdo de suas intervenções já viraram espécies de
caricaturas nas instâncias do PSOL. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; mso-pagination: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Um primeiro aspecto do debate que desarmou o pólo
esquerdista no DN foi o fato de a maioria ter sido alcançada a partir de uma
formulação política que trouxe uma autocrítica do partido em relação a aspectos
da tática em Belém. Esta autocrítica foi fruto de um importante debate
político, de convencimento mútuo, de busca de sínteses com honestidade e
lealdade política e intelectual – método distinto daqueles que veem da
fragilidade ou equívoco do outro a chance de lhe arrancar o pelo -, e que foi explicitada
a partir de uma exposição de motivos contida na resolução aprovada e foi
coroada com o seguinte parágrafo (39): “(Em Belém) <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Houve, porém, um desequilíbrio na utilização das gravações das
lideranças petistas no segundo turno. Embora não se trate de negar a presença e
apoio de Lula e Dilma na campanha do PSOL, deve-se registrar que embora as
peças publicitárias mostrassem um apoio equilibrado e respeitoso da presidente
Dilma Rousseff, que foi ao nosso programa afirmar que nosso candidato era o
melhor e que faria as parcerias necessárias com o nosso governo, o apoio de
Lula defendendo seu governo e suas “conquistas” pode ter gerado confusão junto
ao povo quanto ao lugar do PSOL diante desse governo. <u>A exposição deste
conteúdo foi um erro</u>. O PSOL já fez na eleição passada um gesto tão ou mais
ousado, quando no Rio Grande do Sul abriu mão de uma candidatura ao senado, em
plena reta final de campanha, para apoiar o então candidato Paulo Paim, do PT,
que acabou se elegendo. Não é novidade, portanto, tais movimentações no PSOL.
Mas é inegável que a entrada de lideranças petistas de peso em nosso programa
eleitoral em Belém, ainda que apoiando o candidato do PSOL, pode ter sido
interpretado como um movimento mais profundo e estratégico, o que não ocorreu
absolutamente.”</i>. Os equívocos podem e devem ser apontados, mas como
aprendizado e não como condenação destrutiva do partido e suas lideranças.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><o:p></o:p></i></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm 10pt; mso-pagination: none; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Outro fator importante foram as falas de Clécio Luís,
Edmilson Rodrigues e Randolphe Rodrigues, alvos maiores das críticas. Longe de
serem recuadas – como talvez esperasse o bloco esquerdista, partiram do lócus
respeitoso da humildade de reconhecer equívocos cometidos, mas foram de longe
as mais contundentes na defesa da vitória do PSOL onde disputou o 2º turno.
Tamanha a força, pertinência dos argumentos e convicção da fala de Randolphe
Rodrigues, que ao seu final os presentes explodiram em “Brasil, Urgente,
Randolphe Presidente!”. Foi algo emocionante, pois não foi combinado, foi
verdadeiramente espontâneo. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;">Para além disso, restou fartamente denunciado no
debate que o pólo esquerdista reúne dentro de si um conjunto de contradições
que lhes tira por completo a coerência do discurso e fere de morte seus
supostos melhores argumentos. A campanha eleitoral que eles apresentam como a
referência para todo o PSOL é a de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro, a chamada “Primavera
Carioca”. O problema é que a Primavera Carioca teve o apoio de lideranças do
PSDB no primeiro turno; recebeu R$ 200 mil do dono da Natura, Guilherme Leal,
que foi candidato a vice-presidente da Marina Silva; o protagonista desta
primavera, Marcelo Freixo, já adiantou que seu candidato a presidente da
República em 2014 é Randolphe Rodrigues e também já disse que pode aliar-se com
o PT e o PDT em eleições futuras no Rio de Janeiro. Todos estes fatos são
colocados no debate e ficam sem respostas do pólo esquerdista que quer – ao que
tudo indica, parasitar a figura do Freixo, o que é desmoralizante. De minha
parte, acho que a campanha do Marcelo Freixo no Rio não é arranhada em
absolutamente nada com os fatos narrados acima. Freixo está de parabéns pela
desenvoltura, pela coragem e coerência, mas o que não deve ser admitido são os
esquerdistas pintá-lo como ele não é para usá-lo como aríete para justificar um
balanço negativo do PSOL em Belém e Macapá.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Não foram apenas estas contradições que levaram à
derrota da lógica e do ethos do discurso dos derrotados no DN. A corrente
interna que busca ser a porta-voz mais robusta deste pólo, o MES, ao longo da
curta história do PSOL foi a responsável – muito corretamente e com minha aquiescência,
pelo início do que pode ser chamado de elasticidade tática no PSOL.
Candidaturas do MES, no PSOL, já receberam recursos de transnacionais como a
Gerdau, Taurus (armas e munições), Marcopolo (metal-mecânica), e de grupos
privados regionais, como o Zafari (supermercados). Projetos políticos junto à
juventude, coordenados pelo MES, recebem recursos oriundos de empresas ligadas
ao sistema financeiro. Em 2010 o MES retirou uma candidatura ao senado do PSOL,
na reta final da campanha, para apoiar o candidato do PT, Paulo Paim. Nada
disso pode ser considerado ilegal ou automaticamente transgressão aos estatutos
do PSOL, mas lhes obrigaria, por coerência, a silenciar quando outros no
partido se lançam em flexibilizações de natureza similar. Quando confrontados
com estas cobranças, reagem mal, sobram constrangimentos e destemperos típicos
de quem encerrou sua capacidade de argumentar.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Da mesma forma a CST, que por infelicidade teve um
e-mail interno recentemente vazado para a Executiva Nacional, em que dizem que
o Marcelo Freixo cometeu um erro grave ao receber recursos do dono da Natura,
mas que deveriam silenciar diante deste fato, pois o alvo deles era Randolphe. Assim
como no caso da prefeitura de Itaocara, em que secretarias estão sendo ocupadas
por membros do PT, eleitos nas assembleias de base corporativa convocadas pelo
futuro prefeito. Se elegerem um secretário do PMDB do Sergio Cabral, como fica?
Ou ainda com o fato deste mesmo prefeito de Itaocara andar nos últimos dias por
Brasília, fazendo a peregrinação pelos gabinetes “com o pires na mão”, como prefere
afirmar o pólo esquerdista quando se trata de qualificar a postura de Edmilson
Rodrigues e Clécio Luis, quando estes dizem que vão ter que buscar recursos nas
outras esferas de governo para administrar as suas cidades. O prefeito de
Itaocara está correto em buscar recursos para a sua cidade em Brasília, errados
estão seus “defensores” na luta interna do PSOL, que condenam outros do PSOL que
da mesma forma buscam ou buscarão estes mesmos recursos e/ou parcerias para
governar.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">A história é implacável, como disse Lênin, certamente
baseado no critério marxista de que a prática social é o critério da verdade.
Tentar encaixar a realidade concreta no saco sem fundo da retórica
irresponsável, no terreno do imaginário e do virtual que não se reflete na
realidade da sociedade presencial, é o caminho mais curto para a desmoralização
do nosso partido junto ao povo. Se fôssemos mais rigorosos, poderíamos falar
até em charlatanismo de esquerda. Os compromissos que o PSOL deve assumir com o
povo devem ser aqueles que não rompam com nossa utopia socialista e nosso
ideário de esquerda, mas que ao mesmo tempo não rompam com as possibilidades
reais de concretização desses compromissos, nas condições objetivas dadas e que
não são decretadas por discursos em auditórios com pouco público. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="font-family: Calibri;">Com a vitória política, numérica e moral, de uma
maioria equilibrada e realista, no sentido de compreender as necessidades do
nosso povo e as possibilidades do PSOL e das condições objetivas da conjuntura,
o PSOL sai fortalecido deste DN, reafirmando sua perspectiva revolucionária
para a realidade brasileira e seu compromisso de caminhar com o povo e seus
melhores sonhos, e não distante destes. A ordem do dia agora é fortalecer nosso
partido, trazer novos filiados para nossas fileiras, colocar em andamento as
deliberações do diretório, governar Macapá de forma revolucionária e atuar nos
parlamentos com a garra e a competência que nos mostram nossa bancada federal.
Avante PSOL!</span><br />
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Edilson Silva - Secretário Geral do PSOL</span><br />
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-24589149608111985902012-11-23T08:09:00.002-08:002012-11-23T08:09:27.890-08:00Reserva do Paiva: saem maracatus e afoxés, entram paraísos artificiais e e-music<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<i><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Por Edilson Silva</span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">A guetificação voluntária é um fenômeno social que (ouvi dizer) pensadores como Zigmunt Balman já trouxeram à luz com propriedade, dentro do contexto do debate sobre a busca de segurança no mundo atual. Tendência de comportamento e de mercado (e vice-versa) no final do século passado e início deste, em busca de distância do convívio com tudo que os centros urbanos caóticos trazem como produto e subproduto, setores elitizados constroem seus guetos e neles tentam viver como numa bolha. Condomínios verticais nas áreas centrais das cidades mais parecem presídios de luxo, pelas guaritas e altura dos muros, pelas áreas internas para banhos de sol e exercícios físicos, pelas linhas de serviços que ali dentro se multiplicam. Condomínios horizontais, mini-cidades - como os Alphavilles que se espalham, lembram fortalezas medievais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Toda esta dinâmica é em essência segregacionista e atua dialeticamente no sentido de acelerar o aprofundamento do colapso urbano que vivemos na habitação, na mobilidade urbana, na segurança pública. Toda esta construção nos leva à seara dos direitos da coletividade, dos direitos difusos, em que direitos individuais não podem sobrepor-se ao que podemos chamar hoje nas cidades de Direitos Urbanos. Contudo, há construções específicas, mas que se inserem nesta dinâmica de guetificação, que nos causam indignação também específica, e mais profunda também. É o caso da Reserva do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Ali, a poucos quilômetros do Recife, estão tentando construir uma África do Sul dos tempos em que Nelson Mandela ainda estava encarcerado. Trago à tona, de novo, o tema da Festa da Lavadeira. E trago por conta de mais uma grande festa que se realizará naquela “Reserva Ambiental” no próximo sábado, 24/11. Os organizadores prometem quase 20 horas de muita festa ao som do melhor da<span class="Apple-converted-space"> </span><i>e-music</i><span class="Apple-converted-space"> </span>mundial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Em abril próximo passado já denunciamos a realização de outra festa naquela suposta reserva ambiental (na verdade uma reserva de mercado). O nome era sugestivo: Paraísos Artificiais. Aos iniciados no assunto, não pensem que eu não gosto de festas, pelo contrário, se pudesse iria a todas. O problema é que há uma festa específica, tradicional, de cunho religioso e em cujos palcos só sobem folguedos populares; que é patrimônio cultural e imaterial devidamente aprovado em lei, com 26 edições anuais ininterruptas, prêmios e reconhecimento nacional e internacional, que foi proibida de se realizar naquela praia: a Festa da Lavadeira.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Um conluio de empresários com o poder público construiu uma lei municipal que, na prática, impediu a realização de uma festa popular, num único dia no ano, e que já chegou a reunir 80 mil pessoas. Detalhe: como a suposta reserva surgiu após a Festa da Lavadeira já existir ali, o Estudo de Impacto Ambiental para liberar a construção do empreendimento Reserva do Paiva determinou que este não poderia obstruir a realização da Festa da Lavadeira. Virou letra morta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Isto é uma afronta à lei, ao estado democrático de direito, à cultura popular, aos patrimônios imateriais construídos ao longo de séculos e que dão identidade ao nosso povo. Creio que já existe material comprobatório suficiente para se fazer um questionamento ao Ministério Público e outras instituições e pedir providências. Isonomia é o mínimo que se deve exigir neste caso.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 13px/normal arial, sans-serif; letter-spacing: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<b><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14px;">Presidente do PSOL-PE </span></b></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-33240737601408296982012-11-20T13:08:00.003-08:002012-11-20T13:08:50.745-08:00Dia da Consciência Negra. Dia de dizer mais alto que a igualdade racial não existe!!!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6Jd-PseEMpjUb6tGf17s2h0hjv8QOtJKwVje8K3fL6ioL9F2KaRwjbBiB0a_j7197PIE8LLu5daVsM_7ZXZ-zgRvkv_T36T2L4yFpaAW_OXz_DvzRz3QffrEjCzXYydnaWBp5_KWYtTI/s1600/zumbisomos_ae1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="386" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6Jd-PseEMpjUb6tGf17s2h0hjv8QOtJKwVje8K3fL6ioL9F2KaRwjbBiB0a_j7197PIE8LLu5daVsM_7ZXZ-zgRvkv_T36T2L4yFpaAW_OXz_DvzRz3QffrEjCzXYydnaWBp5_KWYtTI/s400/zumbisomos_ae1.jpg" width="400" /></a></div>
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Neste 20 de
Novembro estamos aqui, mais uma vez, reverenciando a Imortalidade de Zumbi. E
mais uma vez, percebemos que a desigualdade racial no Recife, em Pernambuco e
no Brasil, permanece em níveis inaceitáveis. O que mudou com a chegada de
forças de esquerda ao poder nos últimos anos? Ministérios, secretarias, centros
de promoção da igualdade racial, núcleos afro, conferências e mais
conferências? Muitos negros e negras no poder? Ou nas gestões do velho poder???<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">As demandas
e problemas da população afrodescendente no Brasil se confundem com as demandas
dos pobres e miseráveis, confundem-se com a grave crise social que vivemos. Mas
esta população específica tem demandas específicas. Tem uma história, uma cultura,
uma religiosidade, uma dor, um orgulho, tem uma cor em vários tons e exige que
sua condição particular seja respeitada, até porque esta população passou
séculos sem poder se apropriar sequer da riqueza que produzia e sem ver seus direitos
humanos mais elementares respeitados. Não podia ter patrimônio, não podia
votar, não podia estudar, não podia ascender socialmente. O Estado proibia. As
estatísticas que mostram a população afrodescendente sendo confundida com os
miseráveis de nosso país, portanto, não são fruto do acaso ou da incompetência
desta população em acessar a cidadania pela via da meritocracia ou da escadaria
liberal. Houve política pública obstruindo os direitos dos afrodescendentes. E
ainda há!!!<o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;"></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">O descaso da
Prefeitura do Recife com a Terça Negra é um exemplo simbólico deste desrespeito,
ao mesmo tempo que é um visor cristalino da forma como parcelas do movimento
negro foram cooptadas para o discurso de desresponsabilização do Poder Público
com políticas públicas reais de enfrentamento à desigualdade gritante, como por
exemplo no tratamento dado a grupos culturais de matriz afrodescendente locais
em comparação com artistas já consagrados na cena nacional. Os artistas e
grupos culturais locais são tratados como voluntários, recebedores de favores
da Prefeitura. Para a grande indústria cultural, no entanto, milhões em cachês,
e adiantado. Isto é racismo institucional.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p><span style="font-family: Calibri;">Nada a
comemorar. Muito para denunciar e protestar neste 20 de Novembro. É por isto
que nós, da TERÇA DA RESISTÊNCIA NEGRA, não nos calamos diante do fim da Terça
Negra e passamos a promovê-la de forma autônoma e independente, sem recursos da
Prefeitura. É uma forma de protestarmos contra este racismo institucionalizado,
com a cumplicidade de supostas “lideranças do movimento negro”. Sigamos na
luta!!!</span><o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: Calibri;">FÓRUM TERÇA DA RESISTÊNCIA NEGRA<o:p></o:p></span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-28548323693873813082012-11-20T07:17:00.000-08:002012-11-20T07:17:09.413-08:00Dia da Consciência Negra, sim!<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 14px;"><span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por Edilson Silva</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 14px;"><span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span></span> </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzRkAo5orZNLzmjnqCFW8qAriNrPEnMPFyQzpC-04nIMIZAAnoH0gLkULsVggjOWOqE9PZfqTvYNuHzuNvJ1JygFU3wKs4obZAWyRvah-75MxUlJHKy_D6vsAQT7Ml530NnuZGdfWsAIU/s1600/Revolta+da+Chibatada+1+(1).gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzRkAo5orZNLzmjnqCFW8qAriNrPEnMPFyQzpC-04nIMIZAAnoH0gLkULsVggjOWOqE9PZfqTvYNuHzuNvJ1JygFU3wKs4obZAWyRvah-75MxUlJHKy_D6vsAQT7Ml530NnuZGdfWsAIU/s400/Revolta+da+Chibatada+1+(1).gif" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 14px;"><span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span><span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hoje, 20 de novembro, lembramos a
Imortalidade de Zumbi dos Palmares. Foi num 20 de novembro que ele tombou em
combate em defesa da liberdade e da comunidade dos quilombos. O povo brasileiro
lhe faz uma bonita e necessária homenagem, transformando esta data no Dia da
Consciência Negra.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O movimento negro organizado no
Brasil estende a data para todo o mês de novembro, fazendo deste o Mês da
Consciência Negra, em que se busca trazer à superfície da sociedade a
problemática da questão racial na história do Brasil – como o episódio
histórico da Revolta da Chibata, num 22 de novembro de 1910, liderada pelo
marinheiro João Cândido -, e também sobre as desigualdades e discriminações que
ainda persistem na sociedade brasileira. É dispensável trazer aqui as fartas estatísticas
que desnudam esta realidade.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Todos os anos, porém, como numa
claque mecânica, há os que insistem no clichê: “e porque não tem também o Dia
da Consciência Branca?”. Não raro, estes são os mesmos que no Dia Internacional
da Mulher questionam sobre o Dia do Homem; no dia do Orgulho LGBT questionam
sobre o Dia do Orgulho Heterossexual. A estes, sempre respondemos que estas
datas se colocam como momentos de reflexão e atenção para uma opressão muito
real sobre estas populações.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dia desses, para minha surpresa, me
deparei com um “amigo” de redes sociais, que critica a organização de
populações historicamente oprimidas, reclamando do “povo do sul-sudeste” que
discrimina o nordeste e os nordestinos. Não perdi a oportunidade. Em tom
irônico lhe disse que isto era invenção da cabeça dele e que não existia este
negócio de pessoas e grupos no sul-sudeste com sentimentos e práticas
discriminatórias e xenófobas com o nordeste. Num instante os papéis se
inverteram e ele passou a defender que existia discriminação sim.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Verdana","sans-serif"; mso-bidi-font-family: Arial; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Opressões, discriminações, violências
simbólicas, psicológicas e físicas são praticadas sim, e temos que incentivar
que estas populações que sofrem estas violências se auto-organizem, criem
visibilidade para suas causas e coloquem-nas na pauta dos problemas a serem
resolvidos pela coletividade. Por isso, saudemos todos hoje o Dia da
Consciência Negra, em favor da harmonia entre os povos, em favor da tolerância
e da convivência entre todas as culturas e do respeito profundo aos direitos
humanos de cada indivíduo que conosco convive, direta ou indiretamente, neste
mundo.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span><strong>Presidente do PSOL-PE e ativista das
causas da população afrodescendente<o:p></o:p></strong></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: "Verdana","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p><span style="color: black;"> </span></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px 0px 0pt; orphans: 2; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<span style="color: black; font-family: Times New Roman;">
</span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-36568997407078061022012-11-15T03:47:00.002-08:002012-11-15T03:47:36.239-08:00Greves em Suape, Por Célio Cruz.<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Publico aqui em meu blog a boa análise (publicada originalmente em seu Facebook) do que acontece em Suape nestes dias e sobre a cobertura da mídia. O texto é de um amigo e correligionário na luta política, Célio Cruz.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOdUXmhYuyIamT17eian12DaaTkmAty2KiOjD_02sqo-g1lKnUSqHptVU5BJYBb8TKWtQhVtCnW0HD-kXrjrAQ4QyS_FbneXGiCzh1F_gzMwAdfs1Yu8_SuQ44iDaTQLSOSTcUdKHBiMQ/s1600/Suape+em+greve.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOdUXmhYuyIamT17eian12DaaTkmAty2KiOjD_02sqo-g1lKnUSqHptVU5BJYBb8TKWtQhVtCnW0HD-kXrjrAQ4QyS_FbneXGiCzh1F_gzMwAdfs1Yu8_SuQ44iDaTQLSOSTcUdKHBiMQ/s400/Suape+em+greve.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"></span> </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">"</span><span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É de causar repúdio a abordagem do Jornal do
Commércio sobre a grave crise instalada em SUAPE, que hoje é um verdadeiro
barril de pólvora. Logo na capa, a foto de um manifestante emcapuzado, com um
pedaço de madeira na mão. Li toda a matéria, E EM NENHUM MOMENTO, o jornalista
Felipe Lima aborda o fato que motivou o protesto dos trabalhadores, ontem: O
DESCUMPRIMENTO, por parte dos patrões, da Convenção Coletiva de Trabalho,
assinada no mês de agosto deste ano, que garante a equiparação salarial com as
remunerações mais altas, dentro da mesma função. Um carpinteiro que trabalha há
dois anos exercendo a função no Complexo Industrial Portuário de Suape ganha R$
950, enquanto que um colega de profissão, que também trabalha na Refinaria
Abreu e Lima, recebe R$ 1.400. A diferença de salários entre trabalhadores na
mesma função chega a 40%, dependendo da empresa. Tem encanador industrial que
ganha R$ 1.950 na Petroquímica e outros, na mesma função, rec</span><span style="color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">ebendo R$ 2.360 na Refinaria. O jornal do Commércio ainda tenta fazer
chacota relatando que os trabalhadores fizeram uma micareta, seguindo um trio
elétrico, quando este veículo foi usado para a realização da assembleia da
categoria. Sobre o cumprimento das decisões judiciais, é muitíssimo preocupante
o teor de muitas delas, ultimamente, em Pernambuco. Lembram da destruição da
Vila Oliveira, no Pina, onde os moradores tinham documento de posse sobre a
área ? Em suma, existe um GRAVE problema em SUAPE. E ele não será resolvido de
maneira unilateral. Trabalhadores; patrões e governo precisam negociar num
ambiente de respeito mútuo. Quanto ao princípio da imparcialidade jornalística,
ah!, isso parece ser um mero detalhe para o Jornal do Commércio. Lembremo-nos de
Dom Hélder, que dizia: "quem quiser que pense que o povo não pensa. O Povo
pensa ..."<o:p></o:p></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-43532515483539010022012-11-14T05:49:00.001-08:002012-11-14T05:49:19.369-08:00Prestando contas de nosso Mandato Cidadão<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK2H49CVBQRrHxoUWpl_nB5ovJZlufPaX01koUpEGD3jSl09b9kl86L2z87ZMOFHIfrQEIFvV_kpbTy8-oGyStNBcroKCLeWnMlrt3EqifiRMo1ix_ANehzPeC_aTnaGwrYcLWrbXT8n8/s1600/Edilson+com+megafone.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK2H49CVBQRrHxoUWpl_nB5ovJZlufPaX01koUpEGD3jSl09b9kl86L2z87ZMOFHIfrQEIFvV_kpbTy8-oGyStNBcroKCLeWnMlrt3EqifiRMo1ix_ANehzPeC_aTnaGwrYcLWrbXT8n8/s400/Edilson+com+megafone.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><a href="mailto:Amig@s">Amig@s</a>, apoiador@s, eleitor@s, passados pouco
mais de trinta dias das eleições em que fomos distinguidos com uma votação
muito expressiva para a Câmara de Vereadores do Recife, e que mesmo sem o
alcance do quociente eleitoral nos dispomos a construir um Mandato Cidadão,
vimos aqui prestar contas de nossas ações neste curto período.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Preocupamo-nos, nos primeiros vinte dias após
as eleições, em formatar minimamente o que seria esta nossa iniciativa.
Realizamos um chat via internet, duas plenárias presenciais e virtuais e também
um seminário, também presencial e virtual. Nestes momentos, fizemos um mínimo
planejamento e definimos tarefas aos colaboradores voluntários. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Dentro do planejamento mais imediato, colocamos
a análise e construção de proposições em relação aos privilégios na Câmara,
como o auxílio-paletó; articulação política para buscar garantir a Tribuna
Popular na Câmara e outras medidas de garantam participação popular naquela
Casa; intervenção política mais imediata nos temas relativos ao Mês da
Consciência Negra, que é em novembro e já estava batendo à nossa porta. Tudo
isto sem prejuízo das demandas dos movimentos concretos da cidade que sempre se
apresentam, como tem sido o caso da Vila Oliveira, no Pina, a luta em defesa dos
Guarani-Kaiowá e a luta em defesa da saúde pública, que se eleva ao patamar de
prioridade em função das políticas levadas adiante pelos governantes locais. Do
ponto de vista mais organizativo e administrativo, definimos por constituir uma
conta corrente específica para recebimento de doações e dinamizar uma forma de
pagamento via internet, assim como ver as possibilidades de manutenção do
espaço do antigo comitê de campanha como escritório do Gabinete Cidadão.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">De concreto, conseguimos fazer um bom estudo
sobre a situação dos privilégios na Câmara, com o amigo e advogado Pedro
Brandão nos assessorando. Levamos a questão também para assessorias
legislativas de outros mandatos do PSOL em outras capitais e já temos uma
acumulação teórica, política e técnica melhor embasadas para passar à segunda
fase, que é colocar em ação as medidas práticas. Esperamos poder já no início
de dezembro dar entrada nas ações judiciais e políticas.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Na questão da intervenção política junto aos
movimentos vivos da cidade, estamos cumprindo papel fundamental numa disputa
por espaço na área central do Recife, mais especificamente no Pátio de São
Pedro. Propusemos e estamos contribuindo na organização concreta do “Fórum
Terça da Resistência Negra”. Esta intervenção se dá por conta de ser compromisso
nosso de campanha contribuir politicamente para reaver este espaço para a
cultura afro e indígena-descendente da cidade e região. Há mais de três meses
que o evento estava parado, sem apoio institucional mínimo que sempre teve há
12 anos, e nós conseguimos coloca-lo em movimento de novo, reunindo centenas de
pessoas semanalmente. Esta nossa intervenção já nos garantiu pautar com a
Prefeitura o problema e nos próximos dias deveremos estar nos reunindo com os
que estão fazendo a transição das gestões na área da cultura. A prioridade de
tempo e foco nesta intervenção se dá por conta do momento, da oportunidade que
não poderíamos perder de aproveitar o mês da consciência negra para colocar com
força o tema na pauta política da cidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Acompanhamos, como pudemos, três situações que nos
foram demandas, mas nos faltou “pernas” para estar mais presentes e
contribuindo de forma mais efetiva: a questão dos Guaranis-Kaiowá; a situação
na Vila Oliveira, no Pina; a situação do HUOC – Hospital Universitário Oswaldo
Cruz, que está sendo sucateado de forma quase criminosa pelo governo do Estado.
<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Nossas dificuldades de acompanhamento se deram,
sobretudo, por conta das tarefas pós-eleição que estão também nos consumindo. A
pequena equipe de direção estadual do PSOL está, até hoje, envolta nas
prestações de contas de nossas candidaturas, em Recife e outros municípios.
Vencer a burocracia do TRE é uma tarefa titânica e vários quadros estão
totalmente absorvidos nesta tarefa.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Além disso, saímos da campanha com débitos.
Seguimos em campanha financeira, agora para pagar os empréstimos que fizemos
com amig@s para colocar nossa campanha na rua. Já fizemos campanha na internet
e somente no dia 07 de novembro conseguimos cobrir todos os cheques que estavam
na rua ainda. Esta situação nos colocou na condição de só iniciar qualquer
campanha de arrecadação para o Mandato Cidadão após resolvermos completamente
os débitos de campanha. Esperamos – estamos trabalhando firmes para isto -,
saldar todos os principais débitos ainda em novembro, para que em dezembro
possamos iniciar com mais visibilidade as ações do mandato e estar em melhores
condições de dialogar com tod@s a respeito do financiamento do gabinete
cidadão. Por conta desta situação, definimos também entregar o Comitê que
tínhamos alugado e procurar um espaço menor e mais barato, mais próximo à Câmara
de Vereadores.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">É importante também salientar que as tarefas
profissionais (sou assessor sindical) e políticas (sou dirigente do PSOL local
e Secretário Geral do Nacional do PSOL), acumuladas nos meses de eleição, além
da atenção à família – que também foi (mais) sacrificada nos meses de campanha,
obrigaram-nos a desacelerar o ritmo de trabalho no projeto do Mandato Cidadão.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Nos próximos dias iremos reunir a nossa
coordenação e faremos uma reunião aberta a tod@s!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Grande abraço e fiquem na paz!<o:p></o:p></span><br />
<br />
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Edilson Silva.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="background: white; color: #333333; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10pt; line-height: 115%;"><o:p> </o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<o:p><span style="font-family: Calibri;"> </span></o:p></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-44744004781858406102012-11-12T07:11:00.003-08:002012-11-12T07:11:57.671-08:00Declaração de voto de Edilson Silva e Ronaldo Santos na recente reunião da Executiva Nacional do PSOL
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Na recente
reunião da Executiva Nacional do PSOL debatemos e votamos resoluções avaliando as
eleições em 2012 e a atuação do PSOL no processo. Três proposições foram
apresentadas formalmente à votação. Os que subscrevem esta declaração votaram
na proposta apresentada pelo presidente do PSOL, Ivan Valente, que recebeu ao
final 8 votos, conformando posição majoritária na instância. No momento da
votação, declaramos voto crítico nesta proposta, comprometendo-nos em divulgar
à Executiva e ao conjunto do partido nossas razões.<o:p></o:p></span></span></div>
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">O caminho
natural nos levaria a apresentar resolução conjunta com os companheiros Jefferson
Moura, Janira Rocha e Martiniano Cavalcanti – também membros da Executiva
Nacional, e que conosco compuseram um campo e chapa no último congresso do
PSOL. Contudo, particularidades conjunturais e o fato de não estar em questão apenas
o balanço do processo eleitoral, levou-nos a compor, nesta votação, com o campo
político do companheiro Ivan Valente. <o:p></o:p></span></span><br />
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Elencamos
abaixo apenas alguns aspectos para o debate e que julgamos necessário se jogar
mais luz nas discussões internas, de forma que possamos de fato retirar das
lições de 2012 um aprendizado para nosso jovem partido e sua militância.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">1.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">É inegável o crescimento e a vitória
do PSOL nestas eleições. Não só nas cidades onde passamos dos dois dígitos e
onde fomos ao segundo turno e vencemos, mas também em outras onde os números talvez
não reflitam bem este crescimento. Os resultados em Maceió, Vitória, Belo
Horizonte, João Pessoa, Porto Velho, Campinas, Niterói, Viamão, só para citar
algumas cidades, precisam ser bastante comemorados e mostram o espaço que se
abre à reorganização de uma esquerda anticapitalista com influência de massas
no Brasil. Contudo, entramos neste processo como uma “colcha de retalhos” e saímos
dele como uma “enorme colcha de retalhos”. O PSOL reafirmou-se como uma frente
de correntes e não conseguiu ver brotar de dentro de si um projeto hegemônico imponente
internamente, que possa se expressar naturalmente por uma liderança nacional,
como o fez Heloisa Helena num primeiro momento. Talvez o maior consenso – ou menor
dissenso, tenha se criado em torno do nome do companheiro Marcelo Freixo, pelo
nível, volume e visibilidade nacional da campanha no Rio de Janeiro. Contudo, é
absolutamente compreensível e razoável – inclusive pela fotografia do PSOL
nesta conjuntura, que o companheiro Marcelo Freixo já tenha se decidido por
priorizar um projeto político nos limites do Rio de Janeiro até 2016. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">2.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Ao mesmo tempo, resta claríssimo
deste processo a importância estratégica das eleições nas disputas que fazemos
na sociedade brasileira. A despeito de nossa ainda quase inexpressividade nos
movimentos sociais organizados, a nossa firme presença institucional – nossos parlamentares
são brilhantes -, viabilizou nossa identidade com as mobilizações populares e
com as lutas sociais no país. As eleições se revelam momentos de disputa de
projetos estratégicos e de certa forma o ápice desta disputa no imaginário da
sociedade. Por mais óbvio que isto pareça, é necessário reafirmar neste balanço
este fato, dadas as discussões internas que ainda temos acerca do tema da estratégia
política.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">3.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Se o escrito acima está minimamente
correto, está também nítido que o PSOL tem uma gigantesca tarefa no próximo
período, que é buscar dar contornos nítidos a um projeto político nacional que o
unifique o mais possível e a uma amplíssima vanguarda em todo o país, e que ao
mesmo tempo sirva de horizonte para contribuir na reorganização dos tradicionais
e também novos movimentos sociais, tarefa esta que já havíamos elencado no 3º
Congresso do PSOL em nossa tese (Um passo em direção ao Brasil real), como das
prioritárias do PSOL para afirmar-se como alternativa anticapitalista no Brasil.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">4.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Há também um fator na avaliação do
processo eleitoral que não pode escapar ao PSOL: a intervenção do movimento
liderado por Marina Silva. Diferentemente do que sempre propusemos para Marina
Silva e seu Movimento Nova Política - que era um diálogo em torno de temas
estratégicos e de forma institucional com o PSOL, e não apenas com lideranças e
agrupamentos internos -, o que vimos no processo eleitoral foi o aprofundamento
de uma relação de mais “varejo político” com o PSOL, varejo que também podemos
ver por todo o país com outras siglas e lideranças, combinando e articulando –
propositadamente ou não, uma desresponsabilização com a construção de
alternativas pela esquerda para a política no país, razão pela qual podemos
afirmar a perda de condições de seguir buscando o diálogo no patamar que antes
pretendíamos.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">5.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Outro fator importante que precisamos
debater com mais profundidade é o fortalecimento do Lulismo e do pior do
petismo. A simbologia maior deste quadro foi a vitória de Haddad em São Paulo,
com o apoio prévio de Maluf. Este fator, combinado com a vitória do governador
Eduardo Campos e seu PSB, assumindo forte presença, sobretudo, na região
nordeste, constroem um vetor de fortalecimento da ala mais social liberal do
campo da chamada Frente Popular, o que leva maiores contradições para os
setores honestos de esquerda que ainda residem neste campo.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">6.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Em relação às polêmicas envolvendo as
nossas candidaturas em Macapá e Belém, reafirmamos que não vemos problemas em
receber apoios manifestados por lideranças de partidos que não compõem o arco de
alianças autorizado pelas instâncias partidárias. Esta reafirmação é ainda mais
clara em relação ao 2º turno, em que um caráter praticamente plebiscitário toma
conta das eleições.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">7.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Especificamente sobre Macapá, temos
sérias críticas à forma como o recebimento dos apoios foi conduzido. Apoios de
lideranças do DEM e PSDB não podem ser recebidos de forma festiva e com
declarações que deem margens a interpretações que constranjam nossa militância.
Ao mesmo tempo, condenamos veementemente a postura de determinados setores do
partido que rompem as fronteiras internas e vão à crítica pública aos nossos
candidatos e lideranças, dando munição aos nossos adversários imediatos na
disputa, ainda mais quando esta crítica é seletiva, pois não vimos similar
indignação à presença de liderança do PSDB na campanha do Marcelo Freixo no Rio
de Janeiro. Felizmente, os companheiros de Macapá, o prefeito eleito Clécio Luís
e senador Randolfe Rodrigues, já fizeram as devidas autocríticas. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">8.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Ainda sobre Macapá, as atenções do
PSOL devem estar voltadas agora à gestão da cidade. A primeira gestão numa
capital do PSOL deve estar sob permanente vigilância e apoiamento, de forma que
se constitua num exemplo de governo popular e democrático.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">9.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Sobre Belém, entendemos ser algo que
mereça sim um balanço mais profundo. Mais uma vez, não se trata de negar a
presença e apoio de Lula e Dilma na campanha do PSOL, mas neste caso nossa
crítica vai além da forma como recebemos os apoios. As peças publicitárias que
podemos ter acesso mostram um apoio muito equilibrado e respeitoso da
presidente Dilma Rousseff, que foi ao nosso programa afirmar que nosso
candidato era o melhor e que faria as parcerias necessárias com o nosso governo,
ou seja, algo que se insere dentro do pacto federativo e que o povo espera de
quem elegeu. Mas, receber o apoio de Lula defendendo o governo Lula em nosso
programa foi um equívoco profundo. Mais que isto, abrir espaços no imaginário
popular da cidade e do Estado para se reeditar a polarização PT versus PSDB
numa capital em que o PSOL está no 2º turno contra o PSDB, e que foi algo que
percebemos em alguns debates protagonizados pelo nosso candidato Edmilson
Rodrigues, foi uma opção que – tudo indica, foge ao espectro da mera tática
eleitoral e avança para um campo de mais longo alcance. O PSOL já fez na
eleição passada um gesto tão ou mais ousado, quando no Rio Grande do Sul abriu
mão de uma candidatura ao senado, em plena reta final de campanha, para apoiar
o então candidato Paulo Paim, do PT, que acabou se elegendo. Não é novidade,
portanto, tais movimentações no PSOL, mas é inegável que agora pode ter havido
uma mudança de qualidade. Cremos que seja necessário – e estamos reivindicando
isto da direção da campanha e do PSOL em Belém, um balanço mais acabado, mais
minucioso, para que possamos tirar conclusões de maior fôlego deste processo.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">10.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">O texto aprovado pela Executiva
Nacional toca nas eleições na cidade de São Paulo também, fazendo avaliações
específicas sobre o desempenho do PSOL nesta cidade. Destacamos este ponto como
algo em aberto para nós, pois não nos apropriamos suficientemente daquela
realidade e entendemos que dada a importância da cidade – a maior do país, e
pelo fato de ter-se dado a ela este peso no balanço por parte de um importante setor
da direção do partido, seria conveniente a direção partidária local municiar o
conjunto da Executiva Nacional com suas considerações de balanço. <o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoListParagraphCxSpLast" style="margin: 0cm 0cm 10pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-indent: -18pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">11.</span><span style="font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font: 7pt/normal "Times New Roman";"> </span></span></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Por fim, acreditamos que este debate
deva seguir no PSOL, não como uma disputa interna, mas como o exercício do
debate político necessário ao desenvolvimento do próprio PSOL. Neste sentido, lamentamos
que um processo tão rico e vitorioso para nosso partido, e que poderia nos
emprestar lições de caráter estratégico – se melhor avaliado, venha se convertendo
majoritariamente em mais uma arena para disputas conjunturais despolitizadas por
parte de alguns dirigentes e suas correntes internas, visando por um lado a
legítima busca de hegemonia interna no PSOL e, por outro, antecipar da pior
forma o debate sobre as eleições em 2014. De nossa parte queremos e vamos
continuar fazendo o debate interno buscando o melhor posicionamento do partido
na política brasileira e sempre numa perspectiva de influenciar cada vez mais
nos rumos do nosso povo, em direção a uma sociedade essencialmente socialista.<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Edilson
Silva – Secretário Geral Nacional do PSOL</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"></span><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Ronaldo
Santos – membro suplente da Executiva Nacional do PSOL<o:p></o:p></span></span></div>
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9155248079082848168.post-82907605211414472402012-11-08T19:53:00.001-08:002012-11-08T19:53:28.478-08:00RESOLUÇÃO DE BALANÇO DAS ELEIÇÕES 2012 APROVADO NA EXECUTIVA NACIONAL DO PSOL
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;"><span style="color: red; font-size: large;"><strong>Eleições
municipais: um PSOL mais forte e vitorioso</strong></span> </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">1. O Partido
Socialismo e Liberdade enfrentou as eleições de 2012 num quadro ainda marcado
pela estabilidade da hegemonia burguesa no Brasil. Essa estabilidade tem
assegurado a adoção medidas conservadoras que impediram até aqui que os efeitos
da crise econômica mundial fossem mais fortemente sentidos internamente. A
redução das taxas de juros com indução do investimento interno – justificado,
sobretudo, pelas grandes obras de infraestrutura com vistas aos mega eventos
esportivos – aliado à forte política de renúncia fiscal e manutenção do
consumo, criaram barreiras temporárias aos efeitos da crise internacional. Evidentemente,
essas medidas não são sustentáveis, uma vez que aprofundam a dependência
externa e deixam o país vulnerável à instabilidade do mercado. Basta lembrar,
por exemplo, que a recente desaceleração da economia chinesa vinha impactando
fortemente a balança comercial brasileira nos últimos meses, situação que dá
sinais de reversão. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">2. No
cenário político interno, a manutenção do consumo e dos investimentos públicos
e privados – em grande medida financiados pelo BNDES, hoje o segundo maior
banco de fomento do mundo – geraram um sentimento de relativa segurança
econômica para os trabalhadores. Não por outra razão, Dilma e seu governo
ostentam níveis elevadíssimos de aprovação. A oposição conservadora, por seu
compromisso com o atual modelo econômico, não tem conseguido apresentar-se como
alternativa. Contudo, os limites do atual projeto </span><span style="font-family: Calibri;">político e
econômico, representados pela incapacidade de atender às reivindicações
populares por aumento salarial, reforma agrária e urbana, serviços públicos de
qualidade e conquista de direitos, abre espaço para uma alternativa de esquerda
na política nacional. Por isso as eleições desse ano, embora de âmbito local,
ajudaram a credenciar o PSOL para ocupar um espaço mais expressivo no cenário
político brasileiro. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">3. O saldo
das eleições municipais não representou alteração substancial da correlação de
forças entre os blocos políticos dominantes no país. A tendência de crescimento
do PT se manteve e a conquista da cidade de São Paulo foi o principal símbolo
desse avanço. Porém, dentro do condomínio que governa o país, outros atores
saíram-se fortalecidos, como o PSB, que pode agora ensaiar voos mais audaciosos
em 2014 ou ter papel de maior destaque na atual coalizão. Considerando os seus
cinco partidos principais (PT, PMDB, PSB, PDT e </span><span style="font-family: Calibri;">PCdoB) a
base do governo elegeu 2468 prefeitos e governará 55,18% da população
brasileira, além de terem vencido a disputa em 16 capitais. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">4. A
oposição conservadora, mesmo vencendo em Manaus, Belém e Salvador, saiu enfraquecida.
Seus próceres acreditavam que o julgamento do Mensalão nacionalizaria o debate
das eleições municipais e que provocaria uma queda na votação do PT e dos seus
aliados. É verdade que em cidades importantes do Nordeste o PT perdeu as
eleições, mas motivos locais foram muito mais importantes do que temas
nacionais. Basta analisarmos a derrota em Salvador, relacionada diretamente à
rejeição do governo estadual petista, ou ainda, as derrotas em Fortaleza e
Recife, que devem ser creditadas à força de seus <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>governadores. Considerando seus principais
partidos a oposição conservadora elegeu 1103 prefeitos e governará para apenas
20,14% dos brasileiros, elegendo sete prefeitos em capitais. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">5. Foi nesse
cenário complexo que o PSOL enfrentou as eleições municipais desse ano:
eleições quase sempre marcadas muito mais por temáticas locais que pela situação
nacional. Como regra, mesmo as candidaturas do PSOL apresentaram-se como
alternativa de poder local, dialogando com a realidade dos municípios e evitando
transposições automáticas do cenário nacional, o que demonstra um amadurecimento
do partido. Conseguimos desenvolver na maioria das cidades de forma equilibrada
a relação entre o local e do nacional. Sobretudo nas </span><span style="font-family: Calibri;">capitais,
nossos programas de governo para os municípios trabalharam centralmente temas
como a dívida pública, a mobilidade urbana, a garantia de direitos como saúde e
educação, a defesa do meio-ambiente, o combate à corrupção, a participação
popular e o financiamento das campanhas. Enfim, temas com uma forte
correspondência com a realidade dos milhares de municípios brasileiros. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Por que o
PSOL cresceu? </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">6. O
resultado eleitoral positivo, porém, se deve a variados fatores. O PSOL se credenciou
através de sua presença nas lutas sociais para fazer a disputa de hegemonia na
sociedade e melhorar seu despenho eleitoral. A presença de nossa militância e
de nossos parlamentares em favor dos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a
educação, defendendo a resistência popular na ocupação do Pinheirinho, nas
lutas do funcionalismo público, na greve dos Bombeiros no Rio de Janeiro e
combatendo as reformas no Código Florestal – transformando o </span><span style="font-family: Calibri;">PSOL em
referência da luta ambiental – fortaleceram o partido como referência política
de esquerda. Além disso, nosso protagonismo na CPI do Cachoeira com nossos
deputados federais e nosso Senador, e nossa iniciativa de pedir a cassação do
mandato do Senador Demóstenes Torres, reafirmou nosso compromisso com a ética e
nossa independência política. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">7. Ademais,
o equilíbrio correto entre a ação institucional e nossa presença nas lutas
sociais demonstra que o partido caminha para afirmar-se como alternativa viável
às eleições de 2014. Demonstramos a importância de uma participação qualificada
no processo eleitoral, combinando uma tática correta de ampliação com o acúmulo
prévio que se deu na luta popular e institucional. Nosso crescente enraizamento
popular e nossa ação parlamentar competente e reconhecida demonstram que temos
evitado tanto a priorização da </span><span style="font-family: Calibri;">institucionalidade
quanto o movimentismo despolitizado. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">8.
Apresentando-se como alternativa de esquerda, nosso partido cresceu. Fomos o partido
com o maior número de candidatos a prefeito nas capitais, na maioria dos casos
em chapas sem coligações. Recebemos 2,3 milhões de votos no primeiro turno para
prefeito e 1,1 milhão de votos para nossa chapa de vereadores. No segundo turno
tivemos 473 mil votos, mesmo disputando a eleição em apenas duas cidades.
Elegemos dois prefeitos: o companheiro </span><span style="font-family: Calibri;">Gelsimar
Gonzaga, em Itaocara (RJ), e o companheiro Clécio Luís, em Macapá, primeiro
prefeito do PSOL numa capital. Aumentamos de 25 para 49 o número de vereadores
eleitos, sendo 21 deles em capitais. Mantivemos ou ampliamos nossa bancada em
algumas das principais cidades do país (Porto Alegre, Fortaleza, Goiânia,
Niterói, Viamão, Maceió, Macapá e Rio de Janeiro) e elegemos nossos primeiros
vereadores em cidade importantes como </span><span style="font-family: Calibri;">Florianópolis,
Natal, Salvador, Campinas e Belém. Na cidade de São Paulo, maior cidade do
país, elegemos nosso primeiro vereador. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">9.
Importante destacar, ainda, o virtual crescimento da votação do PSOL nas capitais.
Como regra geral, houve um incremento da votação majoritária do partido em
importantes cidades do país superando em muito o desempenho nas eleições de
2008. Destacam-se, dentre outras, as votações dos candidatos do PSOL em
capitais como Florianópolis (14,4%), Fortaleza (11,8%) e Boa Vista (10,6%) que
superaram a marca dos 10%. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">10. Além
disso, o desempenho do PSOL nas cidades definidas como prioritárias pelo
partido em seu último Congresso – Rio de Janeiro, Belém e Macapá – mostram o
acerto de nossa tática. Pela primeira vez, nosso partido assumiu o papel de
principal antagonista às forças conservadoras em três importantes capitais,
sendo uma delas a segunda maior metrópole do país. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Principais
resultados <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">11. No Rio
de Janeiro, Marcelo Freixo alcançou 28% dos votos no primeiro turno, transformando-se
no principal candidato de oposição ao governo de Eduardo Paes (PMDB). Nem mesmo
nomes tradicionais na política carioca, como Rodrigo Maia (DEM) ou Otávio Leite
(PSDB), puderam fazer frente à força da candidatura de Freixo. Reelegemos
nossos vereadores e ainda conquistamos mais duas vagas na Câmara. Angariando o
apoio de amplos setores da </span><span style="font-family: Calibri;">juventude,
intelectualidade, movimentos sociais, artistas e deslocando setores partidários
contrários a participação no condomínio do poder estabelecido em torno do PMDB,
o PSOL impulsionou no Rio um extraordinário movimento de renovação política. A
juventude, em especial, cumpriu um papel de destaque nesse processo. Além do extraordinário
desempenho individual, Freixo ainda contribuiu com a ampliação da bancada do
PSOL na Câmara de Vereadores, ampliando a representação do partido de dois para
quatro parlamentares. O </span><span style="font-family: Calibri;">balanço no
Rio de Janeiro, portanto, só pode ser vitorioso: ao mesmo tempo em que
consolidamos nossa referência de principal polo aglutinador da esquerda carioca,
ampliamos nossa representação na Câmara de Vereadores e consolidamos nosso
trabalho político no capital. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">12. Em Belém
e Macapá, a ida do PSOL ao segundo turno mostra a correção da política de
alianças aprovada pelo partido em seu III Congresso e referendada pelo
Diretório Nacional. Sem a ampliação do arco de alianças para a além da Frente
de Esquerda, o exíguo tempo de TV e o ainda incipiente enraizamento do PSOL
nessas e em outras capitais, teria impedido a ida de nossos candidatos ao segundo
turno. Assim, a presença do PCdoB na chapa de Edmilson Rodrigues em Belém, e do
PPS e outros partidos na chapa de Clécio Luís em Macapá, longe de comprometer
nosso programa ou nosso discurso (como chegou a ser defendido por alguns
setores) foi decisiva para assegurar nossa ida ao segundo turno nessas cidades.
</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">13. Em
Belém, mesmo sendo derrotado no segundo turno, o partido teve uma grande
vitória política. Com pouco mais de um minuto conseguimos um terço dos votos da
cidade. Elegemos cinco vereadores em nossa coligação, sendo quatro do PSOL,
entre eles a companheira Marinor Brito com mais de 20 mil votos. Também por
isso, no primeiro turno nossa candidatura foi alvo de ataques impiedosos por
parte de quase todas as demais candidaturas. O esforço dos setores
conservadores de desconstrução da imagem de Edmilson e dos oito anos de Governo
do Povo, porém, não foi suficiente para impedir que nossa candidatura fosse ao
segundo turno em primeiro lugar. Evidentemente, essa campanha difamatória
cobrou seu preço, e a possibilidade de vitória ainda no primeiro turno deu
lugar a uma pequena vantagem sobre nosso adversário ao final dos primeiros
noventa dias de campanha. O otimismo que levou parte da militância a sonhar com
uma vitória no primeiro turno, porém, não deve </span><span style="font-family: Calibri;">obscurecer a
importância desse resultado. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">14. No
segundo turno enfrentamos a frente única das elites e obtivemos 43% dos votos
da cidade. Foi um resultado conquistado pelos acertos da direção, pelo carisma
e disposição militante do nosso candidato, pela capacidade de ampliação de
alianças e pelo engajamento militante de milhares de pessoas, de diferentes partidos,
unidas em torno do sonho de restaurar um governo popular em Belém. Edmilson
conseguiu unir todos os setores progressistas em torno dele, experiência que
não pode ser diminuída. O PSOL se tornou, através dele, a principal referência
política da esquerda no Pará. Com isso, nosso partido se </span><span style="font-family: Calibri;">credenciou
duplamente: como importante força política naquele estado e como liderança da
oposição aos tucanos. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">15. Em
Macapá, o PSOL buscou desde o primeiro momento apresentar-se como principal
alternativa à quadrilha que governou a cidade nos últimos quatro anos. Num
quadro muito adverso, lutando contra as máquinas eleitorais da Prefeitura, em
favor de Roberto Góes (PDT), e do governo estadual, em favor de Cristina Almeida
(PSB), o empenho de nossa combativa militância, o prestígio emprestado por
nosso Senador, Randolfe Rodrigues, e as qualidades individuais de nosso
candidato, levaram nossa coligação ao segundo turno. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">16. Uma vez
no segundo turno, a engenharia política operada pela direção do PSOL em Macapá
logrou ao mesmo tempo, receber o apoio dos partidos de tradição progressista no
estado (PCdoB e PSB) quanto neutralizar adversário do campo conservador. O
apoio declarado pelo candidato do DEM, Davi Alcolumbre, e de outros setores ou
frações da direita local, embora sejam alvo de questionamento de setores do
partido, foi decisivo para a vitória do PSOL. A diferença de pouco mais de 1%
demonstra que, sem essa movimentação, teria sido impossível derrotar a máfia
que governa Macapá. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Principais
dificuldades </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">17. Porém,
não tivemos apenas vitórias nessas eleições. Em cidades importantes do país,
nosso desempenho ficou aquém do necessário. Principal expressão dessa situação
é São Paulo. Além disso, a eleição de pelo menos oito vereadores em coligações
não autorizadas ou expressamente vetadas pelo Diretório Nacional demonstram que
é necessário aprimorar o acompanhamento junto às direções estaduais e dar uma
solução política a esses casos. Ademais, houve casos onde mesmo a pronta
intervenção da Direção Nacional através de seus advogados não foi atendidas
pelos juízes eleitorais, permitindo que coligações vetadas fossem </span><span style="font-family: Calibri;">mantidas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">18. Além
disso, ficou claro que a beligerância interna que cercou o debate em torno da
política de alianças antes do início das eleições, impediu que o partido constituísse
uma linha mais unitária de intervenção nas disputas locais. Embora tenha se
constituído num avanço importante, o Seminário de Programa de Governo não foi
suficiente para armar nossas candidaturas com uma orientação comum na disputa.
A reestruturação da Fundação Lauro Campos e seu funcionamento como espaço
formulador de políticas para o partido e suas </span><span style="font-family: Calibri;">candidaturas
será um passo fundamental para suprir essas insuficiências nas próximas
eleições. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">19. Outro
problema enfrentado pelo partido foram as declarações públicas em favor de
candidatos em cidades onde o PSOL estava fora do segundo turno. Independente da
avaliação sobre o melhor nome em disputas como essa, a posição da instância
local deve ser levada em conta, evitando assim declarações unilaterais que
contradigam deliberações por elas tomadas. A declaração do companheiro Randolfe
Rodrigues em favor do candidato Marcus Alexandre </span><span style="font-family: Calibri;">(PT) em Rio
Branco foi um erro já reconhecido pelo próprio companheiro em carta enviada ao
partido recentemente. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">20. Mais
grave, porém, foram as declarações do companheiro Plínio de Arruda Sampaio,
ex-candidato à Presidência da República, em favor de José Serra, candidato
tucano em São Paulo. Independente de todo o respeito e admiração que nosso
partido nutre por ele, as declarações de Plínio nas redes sociais e sua indisfarçada
simpatia por Serra, trouxeram problemas graves à imagem do partido. Apesar da
posição da Direção Municipal ter aprovado resolução frontalmente contrária à
eleição do tucano, a declaração de Plínio teve uma repercussão muito maior, o
que trouxe danos ainda não mensurados à imagem do PSOL em São Paulo. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">O segundo
turno em Belém e Macapá </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">21. Nossa
política de alianças, aprovada no III Congresso do PSOL, favoreceu uma tática
que ampliou a força eleitoral do partido, tornando reais as chances de vitória
nessas capitais. No segundo turno, recebemos adesões de partidos e forças
sociais que fortaleceram nossas candidaturas nas duas capitais citadas. Entre
eles, partidos com uma trajetória popular que reforçam nossa condição de alternativa
às velhas elites que governam Belém e Macapá, respeitando os limites impostos
pelas resoluções partidárias acerca da política de alianças </span><span style="font-family: Calibri;">estabelecida
para o primeiro turno. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">22. Além de
partidos, é natural que candidatos derrotados no primeiro turno, personalidades
e lideranças políticas que estão fora do segundo turno definam-se pelo apoio às
nossas candidaturas. Essa decisão é pessoal e, como regra, não pode ser
renegada haja visto o próprio caráter plebiscitário do segundo turno. Assim,
esses apoios serão bem-vindos sempre que vierem no sentido de reforçar nosso
compromisso com o povo e não implicarem concessões programáticas ou negociação
de espaço em futuras administrações do PSOL. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">23. As
movimentações táticas envolvendo Belém e Macapá no segundo turno foram amplamente
exploradas pela imprensa e pela luta interna do partido. É dever de nossa
Direção Nacional, portanto, posicionar-se diante dos fatos. Preliminarmente,
deve-se destacar o acerto da maioria da Direção Nacional e especialmente de nosso
Presidente, que esperou o fim das eleições para então convocar as instâncias
partidárias. A utilização de resoluções do partido, críticas ou não, por parte
de nossos adversários era um risco que não poderíamos correr. </span><span style="font-family: Calibri;">Ademais, as
dificuldades práticas impostas pelo envolvimento de vários dirigentes nas
campanhas em ambas as cidades, muito provavelmente inviabilizaria uma reunião
qualificada. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">24. Pela
primeira vez nosso partido disputou as eleições em segundo turno e essa novidade
favoreceu o afloramento de divergências teóricas relevantes. Tais divergências
precisam ser aclaradas antes de qualquer avaliação específica. No primeiro
turno do processo eleitoral confrontamos projetos e a política de alianças está
condicionada a fortalecer e/ou dar viabilidade para que tal projeto se
apresente em condições de ter audiência perante o eleitorado. Foi por isso que ampliamos
o leque de alianças para além da antiga frente de esquerda, processo que foi criteriosamente
analisado pelo Diretório Nacional. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">25. O
segundo turno é um momento plebiscitário por excelência, ou seja, de todos os
projetos em disputa, apenas dois conseguem votos para essa etapa. É natural que
os alinhamentos dos eleitores e das forças políticas sejam presididos não só pelo
programa apresentado pelos dois concorrentes, mas também pelos cálculos políticos
que cada força excluída da disputa fará sobre o possível resultado. Assim, cabe
aos revolucionários que disputam um segundo turno dois movimentos políticos
essenciais: neutralizar ou fracionar a coalizão conservadora e aglutinar todas
as forças progressistas existentes. O recebimento de apoios deve estar
condicionado a esta tática política plebiscitária. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">26. Em
Belém, as forças conservadoras se alinharam de imediato ao candidato tucano,
galvanizadas pela força da máquina do governo estadual. A tática de Frente
Belém nas mãos do povo foi ampliar para candidaturas identificadas publicamente
como progressistas (PPL e PT) e tentar explorar contradições no bloco
conservador. Foi assim que se conseguiu o apoio do PDT (cuja direção culpa o
atual governador pelo resultado contrário à separação do estado). O apoio do PT
foi imediato e trouxe para o segundo turno um reforço militante muito
importante, seja potencializando a parte que já havia apoiado Edmilson, seja
engajando vereadores e deputados estaduais no dia-a-dia da campanha. Evidentemente,
esse apoio se deu, sobretudo, pelo interesse do PT em derrotar os tucanos, o
que apenas comprova que mantivemos nossa autonomia e independência em relação a
esse partido. Devido ao crescimento eleitoral dos tucanos sobre cidades
governadas pelo PMDB, este partido se absteve no segundo turno, comportamento
que foi importante para neutralizar uma poderosa máquina eleitoral local que
naturalmente estaria com o candidato conservador.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">27. Apesar
do bom desempenho no primeiro turno, iniciamos o segundo turno em desvantagem.
Três problemas precisariam ser superados: imagem de que nossa candidatura era o
passado e o tucano a novidade; a ideia de que Edmilson estava isolado
politicamente para cumprir o que estava prometendo e Zenaldo tinha forte apoio
do Governador; e o discurso de que Edmilson foi um bom governante, mas era
necessário “dar uma chance” ao tucano. Nossa estratégia de TV e Rádio buscou
combinar a superação destes três entraves. Apresentamos um conjunto de
propostas novas para a cidade, mostrando que o novo governo </span><span style="font-family: Calibri;">enfrentaria
problemas represados. Buscamos comparar as biografias e denunciar o caráter
privatizante dos governos tucanos e mostrar que Zenaldo não era novo, mas
corresponsável pelos catorze anos de governo tucano na esfera estadual. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">28. Estes
ajustes não surtiram o efeito desejado e continuávamos aparecendo aos olhos do
eleitorado como isolados para governar. Foi neste contexto de plena incorporação
do PT na campanha que decidimos utilizar depoimentos das duas principais
figuras públicas petistas (Lula e Dilma). A intenção era neutralizar o apoio
estadual contrapondo o espaço que Edmilson teria junto ao governo federal. Toda
a lógica dos apoios exibidos na TV foram direcionadas para este objetivo. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">29. Em que
pese a derrota na disputa eleitoral, a campanha de Edmilson conseguiu unir
todos os setores progressistas da cidade e credenciou o partido e nosso candidato
como principal força política opositora da hegemonia tucana. Vale ressaltar que
além do governo estadual, o PSDB governará as três maiores cidades do estado
(Belém, Santarém e Ananindeua). </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">30. Em
Macapá, ao final do primeiro turno, nossa candidatura obteve a confiança de 28%
do eleitorado. Nosso adversário alcançou 40%. Para vencer no segundo turno
seria necessário uma engenharia política que combinasse a busca de apoios à
esquerda, mas que não colasse em nossa candidatura o desgaste do governo estadual
do PSB e, ao mesmo tempo, neutralizasse e fracionasse uma provável coalizão
conservadora em torno do atual prefeito. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">31. Assim,
no segundo turno tivemos a manifestação de apoio do PCdoB e do seu candidato,
Evandro Milhomen, e recebemos apoio do candidato Davi Alcolumbre (DEM), mesmo
que isso não tenha significado o apoio de seu partido, já que a vice-prefeita e
atual presidente do Diretório Municipal do DEM, manteve-se fiel ao candidato
adversário, assim como o vereador reeleito deste partido. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">32. Não
existiu apoio do PSDB. Sua direção estadual está sob intervenção. O único deputado
estadual do PSDB (JK) e o Deputado Federal, Luis Carlos, estavam no palanque e
na coordenação de campanha de Roberto Góes. A nossa candidatura recebeu o apoio
do ex-senador Papaléo e do presidente destituído do Diretório Estadual Jorge
Amanajás. Este último está se filiando ao PPS. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">33. Tivemos
o apoio do vereador eleito pelo PTB Lucas Barreto, mas não tivemos manifestação
formal do seu partido em apoio a nossa coligação. Na última semana, tivemos
ainda o apoio decisivo do PSB, que assumiu a campanha com sua militância
coibiu, através do governo estadual, a compra de votos por parte do candidato
conservador. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">34. Não
houve compromisso de composição no futuro governo com nenhum dos partidos ou
segmentos partidários que conseguimos atrair para a candidatura de Clécio no
segundo turno. Além disso, a direção partidária local já declarou que os
setores de partidos conservadores não terão participação na composição do futuro
governo de unidade popular. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">35. Os
próprios companheiros do Amapá já admitiram que a engenharia política desenvolvida
no segundo turno, especialmente os apoios recebidos de parte dos partidos
conservadores, poderia e deveria ter sido mais bem construída internamente ao
partido, dialogando com nossas instâncias nacionais e ouvindo ponderações. A
falta destas providências gerou dúvidas sinceras em nossa militância e também
ataques desleais, alguns dos quais foram ostensivamente utilizados pelo nosso
adversário. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Não podemos
transformar nossas vitórias em derrotas </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">36. Diante
dessas movimentações, nosso partido vivencia mais um capítulo de sua vocação
para a luta interna. Ainda no primeiro turno alguns setores partidários se
dedicaram a atacar por notas e nas redes sociais as deliberações soberanas das instâncias
do partido sobre coligações. No segundo turno, mesmo sabendo que tais
declarações seriam (como efetivamente foram) utilizadas pelos nossos adversários,
foram lançadas cartas públicas, entrevistas e outras formas de divulgação de
posicionamentos contrários às ampliações de apoios recebidos inclusive em
espaços da mídia e parlamento burgueses. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">37. O
partido, ao contrário do que talvez sonhavam alguns, não foi derrotado nas eleições
de 2012. E as decisões sobre política de alianças foram essenciais para a ida
pro segundo turno em Belém e Macapá e na vitória no segundo turno na capital
amapaense. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">38. Devemos
criticar o método utilizado para que determinados apoios fossem recebidos no
segundo turno e a falta de diálogo com a direção partidária nacional para que
desconfianças sobre tais movimentações não fossem disseminadas. Mas, em nenhum
dos dois casos presenciamos posturas que ferissem os princípios éticos do
partido, ou seja, a ampliação ocorrida em Macapá ou Belém não colocou em risco
o programa partidário apresentado aos e</span><span style="font-family: Calibri;">leitores
nestas duas cidades e não incorreram em negociatas de cargos nos futuros
governos. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">39. Por
isso, a direção partidária deve acompanhar o processo de constituição do governo
de unidade popular em Macapá, contribuindo para que os espaços na estrutura do
futuro governo estejam de acordo com os objetivos partidários. Além disso, deve
acompanhar nosso prefeito em Itaocara para dar total resguardo contra qualquer
tentativa de desestabilizar esse governo, colaborando ativamente para que tais
experiências sejam bem sucedidas, transformando-as em ferramentas de propaganda
do partido como alternativa de esquerda em nosso país. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">40. Para além
de nossa aguerrida militância, nossos mandatos parlamentares e nossos prefeitos
serão, sem dúvidas, instrumentos da resistência popular em favor das lutas
sociais em nosso país. Com eles, o PSOL sai das eleições de 2012 credenciado
como alternativa de esquerda na sociedade brasileira, crescendo na consciência
popular como referência programática e ética, melhorando as condições para a
disputa de hegemonia em favor de um projeto democrático, popular e socialista
para o Brasil. </span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">VIVA O PSOL!
</span></div>
<span style="font-family: Calibri;">VIVA O
SOCIALISMO! </span><br />
<span style="font-family: Calibri;">VIVA A LUTA
DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS! <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Calibri;">Brasília, 8
de novembro de 2012</span></div>
<br />
<br />
Edilson Silva PSOLhttp://www.blogger.com/profile/11320351597397841788noreply@blogger.com0